Leonor Pinhão
Embora haja muita coisa que demora a mudar, a verdade é que nos vamos habituando, sem esforço, quase sem dar por isso, às mudanças gerais do mundo durante o nosso trânsito individual. Passa-se o mesmo no futebol embora se trate de uma atividade pouco atreita a mudanças desde que foi inventado. No entanto, quase sem darmos por isso, vão surgindo situações que há décadas seriam inimagináveis de vislumbrar. O incrível não são esses fenómenos disruptivos, o incrível é o facto de nós, os seus espetadores, acharmos hoje normal o que consideraríamos uma anormalidade noutros tempos. Vieram-me estas ideias soltas, por exemplo, quando vi a Noruega a desfazer a seleção de Itália com uma goleada de 4-1 aplicada com toda a normalidade em Milão. E, sem esforço, admiti, olhando para a seleção italiana, vaidosíssima tetracampeã mundial, que só era capaz de identificar, para além do guarda-redes Gianluigo Donnarumma, um jogador italiano chamado Cristante e isto porque atuou no Benfica, sem grande sucesso, quando era mais jovem. A cada um a sua normalidade, está bem?
