O melhor ou... o pior dia da vida

O bichinho nasceu há dois anos e, de lá para cá, Pedro Pascoal não mais se desligou deste tipo de provas

Já imaginou o que é ter de correr 23 quilómetros em condições pouco ‘simpáticas’ (com neve, lama, etc.) e ter de, para tornar a situação ainda menos ‘agradável’, encontrar pelo caminho os mais diversos obstáculos, desde carregar um tronco a puxar um pneu? A ideia, à primeira vista, pode parecer uma loucura, mas quem entra neste tipo de provas… não mais quer sair. Fala quem já as viveu bem de perto… Um deles é Pedro Pascoal, atleta português de 41 anos, que desde há dois anos viu o bichinho das Spartan Race entrar na sua rotina diária. Personal trainer de profissão, este lisboeta deixou-se contagiar pela curiosidade e acabou por ver a sua vida mudar por completo.

"Tinha um colega de trabalho que fazia este tipo de provas e eu via aquilo e achava muita piada. Na altura, virei-me para uma cliente minha, que faz corridas, ‘vou fazer uma Spartan, queres vir?’ Ela disse que sim e fomos." Estava dado o primeiro passo. O início da aventura deu-se no ano passado, em Madrid. E depois disso… tudo mudou. "Costumo dizer ‘pode ser o melhor dia da tua vida, como o pior’. Quando começas, é uma corrida que pode mudar a tua vida. E mudou a minha!", garante.

Desde então já disputou mais de dez provas e, até ao final do ano, vêm mais cinco: em Andorra, o Europeu, em Itália (Taranto, onde fará a prova sprint e a super) e na Grécia, precisamente em Esparta, onde disputará, num só fim de semana três eventos (sprint, super e beast). E, apesar do calendário preenchido, o atleta português, que compete na categoria Elite Masters, quer sair de todas com resultados de respeito. "Tento sempre ficar no pódio. Na minha categoria tento sempre ganhar, vou para ganhar", assegura.

Orgulho

Para lá de ser atleta e personal trainer, Pedro Pascoal é igualmente um dos 105 embaixadores globais das Spartan Race (em Portugal há mais dois), algo que deixa o atleta naturalmente satisfeito. "Significa muito, porque para mim a Spartan não é uma corrida, é uma forma de vida. Neste momento já faz parte do que eu sou diariamente, seja nos treinos, no trabalho, pois já tenho pessoas que treinam comigo. Tornou-se um hábito, já faz mesmo parte de mim. Representar algo que me diz tanto é um orgulho tremendo."

De resto, a Record, explica por que foi um dos escolhidos para integrar a equipa de embaixadores. "Elegeram pessoas normais! Em Portugal escolheram um personal trainer (eu), uma pessoa que trabalha na IBM e um enfermeiro. Querem pegar em pessoas que tenham profissões normais, que sejam focados nas Spartan, que as Spartan façam parte da sua vida. Quiseram mostrar que qualquer um pode fazer uma prova deste tipo, que não são só os superatletas que conseguem."

O sonho é o de, um dia, trazer um evento para o nosso país, ainda que admita que de momento é algo muito complicado. "Era ótimo, há essa possibilidade, mas ainda somos um mercado muito pequenino", confessa, detalhando depois o que provoca este ‘atraso’ nesse sonho. "Normalmente querem entre duas a três mil inscrições por fim de semana e, para mais, os obstáculos são muito caros, a logística também é muito cara e ainda não temos bagagem para isto... Ainda acham que somos um mercado pequeno. Ainda...", lamenta. Mesmo assim, garante, o nosso país nem se pode queixar de ter pouca qualidade no que aos atletas diz respeito. "Temos muitos e bons!", finaliza.

«Qualquer um pode acabar»

Mas, então, no que consiste uma Spartan Race? Assumimos a nossa posição de leigos na matéria e pedimos a Pedro Pascoal, que afinal de contas é o especialista nesta questão, para nos explicar resumidamente...

"É a maior prova de obstáculos do Mundo. A corrida pode ser de 5, 13 ou 23 quilómetros, com a presença de 15, 25 ou 40 obstáculos. Esses obstáculos podem ser tudo o que possas imaginar: desde carregar um tronco, puxar um pneu, fazer um ‘monkey bar’, um ‘multi grip’. O aspeto que diferencia as Spartan das outras provas é que qualquer pessoa pode acabar uma Spartan. É que, mesmo quando não fazes um obstáculo - por mais difícil que seja -, pagas com 30 ‘burpees’. Podes demorar mais tempo a finalizar... mas acabas!"

E, segundo Pedro Pascoal, não importa qual o objetivo. Qualquer um pode abraçar esta aventura e, naturalmente, concluí-la. "As Spartan têm a parte competitiva e também uma parte de diversão. Há o acabar e há o conquistar uma Spartan. Há objetivos para todo o tipo de pessoas. Se queres ir para ganhar, vais. Se curtes andar dentro da lama, fazer uns riscos na cara, tirar umas fotos para depois colocar no Facebook... também dá. Nestas provas vês o melhor atleta e vês também uma senhora com 70 anos, que pesa 100 quilos... Demora sete horas a concluir a prova, mas vai e acaba! Não tens noção: quando a pessoa acaba, seja por ganhar, seja numa hora, seja apenas acabar... A alegria que não é! Acabas e é uma alegria imensa e... nem ganhaste!"

Ginásio específico ou... ser ‘idiota’

Para se preparar para este tipo de provas Pedro Pascoal efetua "corrida em trail e em estrada" e também faz habitualmente trabalho de obstáculos na OCR Lab, em São Domingos de Rana. Ainda assim, como nem sempre é possível cruzar o Tejo para treinar, nada melhor do que assumir uma das melhores facetas do português: "ser desenrascado"... ou melhor, como diz Pedro, sendo "idiota". "No ginásio ‘normal’ tento arranjar maneira de poder recriar os obstáculos. Como todos em Portugal fazem", explica. Semanalmente, treina todos os dias, normalmente durante duas horas.

Por Fábio Lima
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