O atual treinador da Juventus, Antonio Conte, é o rosto mais conhecido das últimas figuras que viram o seu nome envolvido num caso de “match fixing”. Em 2012, Conte foi suspenso por dez meses (viu a pena reduzida para quatro) depois de ser acusado de não ter denunciado a manipulação do encontro entre o Siena (equipa que então treinava) e o Albinoleffe. Outro jogo esteve sob investigação, mas as autoridades acabaram por deixar cair a acusação ao treinador que, então, já estava na Juventus.

Conte foi denunciado pelo jogador do Albinoleffe, Filippo Carobbio, que esteve diretamente envolvido nas “negociações”.A história é simples: o Siena “entregava” o jogo, uma vez que não precisava do resultado, pois já tinha garantido a subida à Serie A, ao adversário que necessitava de pontos para disputar o playoff. A FIFA alargou o âmbito do castigo a nível internacional e Conte só voltou a sentar-se no banco a 8 de dezembro de 2012.

Itália tem sido palco de vários escândalos de jogos combinados. Além daquele que manchou o nome de Conte, outras vedetas do futebol transalpino, como o antigo internacional Guiseppe Signori, o belga Gillet e o melhor marcador da história do Atalanta, Cristiano Doni, foram castigados com vários anos de suspensão.

Na Turquia, provou-se o envolvimento do Fenerbahçe na manipulação de vários jogos, designadamente aquele que lhe deu um título de campeão na última jornada (4-3 ao Sivasspor). Também o Besiktas foi castigado pelos mesmos motivos.

A UEFA suspendeu os dois clubes das provas europeias (o Fenerbahçe por dois anos e o Besiktas por um), mas a justiça turca apenas castigou jogadores.

Áustria, Estónia, El Salvador e Coreia do Sul foram apenas mais alguns dos países que tiveram recentemente casos graves de jogos combinados.

Esta semana, foram detidos sete jogadores de clubes do noroeste de Inglaterra e que disputam ligas secundárias em resultado de uma investigação que decorre desde 2013, aumentando para 13 o número de arguidos por envolvimento em jogos manipulados relacionados com apostas.

Árbitro do jogo é o primeiro a “cair”

O ICSS utiliza o software Sport Radar para monitorizar as apostas que são feitas em todo o Mundo e detetar assim casos suspeitos de manipulação de jogos. Quando são registados picos de apostas duvidosos, “dispara” o alarme e a partir daí são tomadas as medidas mais adequadas.

As organizações que tutelam o futebol profissional são avisadas de imediato, procedendo de acordo com os livros, ao mesmo tempo que denunciam as suspeitas às autoridades policiais.

Em casos de suspeita, normalmente a primeira “vítima” é o árbitro. Por uma questão de defesa do próprio juiz, as entidades desportivas substituem de imediato o árbitro.

Há pouco mais de uma semana, soou o alarme em relação a um jogo particular entre a Indonésia e Andorra, a disputar em Alzira (Espanha), onde a seleção asiática vai estagiar, por haver indícios de que casas de apostas clandestinas estavam por detrás da organização do jogo.

Mohammed Hanzab reconheceu ao Record que o ICSS já trabalha com a UEFA e a FIFA, mas não a nível oficial, e que o ano passado colaborou com as autoridades policiais australianas na identificação dos responsáveis pelo escândalo que abalou o futebol do país.

Durante a operação, foram detidas dez pessoas, quatro delas jogadores e um treinador da equipa Southern Stars, da divisão principal da Austrália. Dois dos atletas, os ingleses Reiss Noel e Joe Woolley, foram irradiados.

Antiga tenista Monica Seles dá a cara

A ex-tenista Monica Seles, de 40 anos, faz parte da direção do ICSS, dando assim a cara ao combate pela integridade e segurança do desporto.

O português Emanuel Medeiros, anterior presidente das Ligas Europeias, é outro dos elementos da direção que integra ainda Rick Perry (antigo diretor-executivo da Premier League e doLiverpool) e o presidente da Interpol, Khoo Buon Hui. OICSS tem acordos com as ligas espanhola e alemã e com a associação das lotarias europeias, responsável, por exemplo, pelo Euromilhões.