Candidatos presidenciais "inquietos" e "preocupados" com ataque a liberdade de expressão
Ana Gomes, Marisa Matias, Tiago Mayan Gonçalves e Vitorino Silva ficaram alarmados com perseguição a jornalistas para identificar as suas fontes











Os candidatos presidenciais estão "preocupados", "inquietos" e "alarmados" com a vigilância de que foram alvo dois jornalistas, entre eles o subdiretor da SÁBADO, Carlos Rodrigues Lima. O caso remonta ao período de abril a julho de 2018, quando, a pedido de duas magistradas do Ministério Público, a PSP seguiu, fotografou os profissionais para identificar as suas fontes. E ainda analisou as contas bancárias de pelo menos um deles.
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Grave ataque à liberdade de expressão
Na Madeira, onde esteve em campanha, Marisa Matias recusou-se a comentar diretamente o caso porque não mistura ou confunde os poderes mas sublinhou, citada pelo Expresso, que "é sempre grave quando a liberdade de expressão é atacada, acho sempre grave quando o pluralismo democrático não está representado e acho que a imprensa é um dos pilares que garante essa dimensão, o que está consagrado na Constituição".
Violação de um direito constitucional
À SÁBADO, Tiago Mayan Gonçalves disse que este caso lhe parece "um claro abuso". O advogado, que se candidata com o apoio da Iniciativa Liberal, sublinhou que apesar de ainda não conhecer "os contornos exatos" as notícias reveladas nas últimas horas indicam-lhe que ocorrem "um atentado à liberdade de imprensa e de expressão."
O facto de os jornalistas terem sido seguidos, fotografados e as suas contas bancárias analisadas na tentativa de, num processo por suspeitas de violação do segredo de justiça serem identificadas as suas fontes, deixa Mayan Gonçalves "angustiado": Parece-me uma inversão do que devia ser a investigação: procurar os perpetradores e não quem está a exercer o seu direito constitucional de liberdade de imprensa", sublinhou.
Democracia em perigo
Vitorino Silva, candidato pelo RIR, deixou o aviso à SÁBADO que situações como esta colocam a democracia em perigo. "Não é só preciso arranjar vacina para a covid, também é preciso vacinar a democracia, que está em perigo. A vacina para a democracia é a liberdade. Eu quando digo que todos temos liberdade, é porque ninguém manda na liberdade. E a imprensa nasceu com a liberdade."
Ora, explicou Vitorino Silva, "Portugal é um país muito atrasado se um jornalista não pode ser livre. Esse costuma ser o primeiro sinal de que a democracia está a morrer. E neste país há quem queira inquinar a democracia, envenená-la. E é preciso haver verdade, apesar de muita gente não gostar de ler verdades."
A SÁBADO pediu igualmente um comentário aos restantes candidatos presidenciais.