O muro da casa de Jorge Sousa, em Paredes, foi vandalizado esta noite. O árbitro,
nomeado para o Benfica-Santa Clara da derradeira jornada da Liga NOS (sábado, 18h30), já apresentou queixa na GNR de Lordelo, segundo
Record apurou.
O Conselho de Arbitragem tem estado a acompanhar toda a situação bem de perto desde que foi alertado pelo próprio Jorge Sousa para o que tinha acontecido. Nesta altura, já foi acionado o dispositivo especial de segurança, que existe precisamente para este tipo de situações. Traduz-se num maior acompanhamento nas deslocações efetuadas pelo árbitro e também no hotel onde ficará instalado antes e depois de jogo. Além disso, a segurança da família de Jorge Sousa será reforçada para travar quaisquer ameaças.
Mesmo sem se ter registado ameaça alguma, o CA acionou os mesmos meios para Fábio Veríssimo, árbitro nomeado para o FC Porto-Sporting. Tudo de maneira a prevenir eventuais ameaças ou situações de perigo.
Ao longo da sua carreira, o árbitro da AF Porto, de 43 anos, conheceu, como outros árbitros,
algumas situações delicadas. Já foi acusado de ter pertencido à claque portista Super Dragões, teve já outras vezes o muro da sua casa pintado com frases insultuosas e recebeu ameaças telefónicas. Estas últimas aconteceram em 2010 e deram origem a uma queixa crime. Nove adeptos do Benfica foram identificados pela Polícia Judiciária. Num dos SMS recebido por Jorge Sousa dizia-se que o árbitro iria sofrer as consequências de um trabalho feito num jogo que o Benfica perdeu, informando-o ainda de que tinha, como era um facto, a mulher sozinha em casa.
Em abril de 2012, o colectivo de juízes deu como provado que as ameaças provocaram terror a Jorge Sousa e que lançaram suspeitas sobre o desempenho profissional do árbitro. Ainda assim, "não ficou provado que o árbitro tenha cedido aos interesses dos arguidos, já que as testemunhas ouvidas atestaram que aquele nunca se deixou influenciar pelo medo que sentia", como recorda o Correio da Manhã.
O protocolo de Jorge Sousa
Em dezembro de 2014, Jorge Sousa, numa palestra dirigida a elementos do Núcleo de Árbitros Francisco Guerra, mostrou um pouco do seu protocolo, tendo mesmo revelado que tinha acertado o onze dos leões num Gil Vicente-Sporting que apitara poucos dias antes. "Ao irmos documentados desta maneira, dificilmente seremos surpreendidos pelo jogo", disse.
Para o árbitro da AF Porto, é fundamental um juiz de campo ter a perceção de que "em casa pode mandar a mulher mas no campo os líderes somos nós, pois se formos subservientes não vamos lá".
Na mesma ocasião, o árbitro do encontro da Luz sublinhou que é também muito importante desde o início "mostrar aos jogadores que as coisas pequeninas não vão ser punidas". Em termos disciplinares, fique-se a saber que com ele também é assim: "Amarelo ou nada, nada; amarelo ou vermelho, vermelho". E quando é o guarda-redes que faz falta, independentemente do local, "normalmente é vermelho porque mais ninguém o consegue substituir jogando a bola com as mãos".
Jorge Sousa é ainda crítico em relação ao uso dos cartões no jeito de arma de arremesso. "Em Portugal tem-se muito a ideia de que jogo sem vermelhos ou amarelos não é jogo e infelizmente isto está a fazer história", referiu. "Não podemos desperdiçar cartões e temos de dá-los de forma cirúrgica", aconselhou.