Duas das jogadoras mais jovens da Liga BPI antecipam futuro: «Muitas queriam estar neste lugar»

Joana Pinheiro (Racing Power) e Erica Parkinson (Valadares) têm 15 anos e são das jogadoras mais jovens inscritas na Liga BPI. Record não faz por menos e lança uma escada com mais de uma década ao amanhã.

Joana Pinheiro: "Nunca pensei estar a este nível nesta altura"

Pontapé de saída: como é que apareceu o futebol na tua vida?

PUB

Em 2016, entrei para a UDP (União Desportiva "Os Pinhelenses"). Mas começou este gosto por jogar com o meu irmão, porque ia vê-lo jogar. Jogava à bola com ele em casa e comecei a gostar de futebol. Inscrevi-me, fui para a UDP, depois em 2020 mudei-me para a Guarda, para a Escola de Futebol Feminino da Guarda, e em 2022 mudei-me para o Racing. Foi aí que esta oportunidade apareceu, tenho vindo a evoluir muito e o meu trabalho tem sido recompensado, integrando a equipa principal do Racing e sendo chamada à Seleção Nacional [sub-16].

Como é que foi essa mudança toda, de Pinhel para o Seixal, aos 15 anos?

PUB

Foi uma mudança difícil, sobretudo nas primeiras semanas. Tinha saudades da família, de casa, dos amigos, mas tem sido uma mudança bastante boa, porque comecei a evoluir muito no futebol e até como pessoa. Acho que esta mudança vai ajudar-me bastante na minha carreira, as coisas não vão ser tão difíceis agora. Levarei sempre este clube e esta mudança como uma história muito boa na minha carreira. Uma oportunidade destas não aparece muitas vezes, com 15 anos, nunca pensei estar nesta altura inscrita numa Liga BPI, e acho que tenho que aproveitá-la ao máximo, agarrá-la. Muitas das jogadoras da formação gostariam muito desta oportunidade e não vão tê-la.

Estás numa Academia, numa casa do clube, como é a tua situação?

Estou numa casa do clube, com uma pessoa da Direção. Tenho o acompanhamento todo necessário.

PUB

E em termos de estudos, continuas a estudar? O quê?

Sim, continuo a estudar. Estou no 11º ano, na área de Artes Visuais.

Vais continuar?

PUB

Sim, é sempre bom ter uma segunda opção, para além do futebol.

Mas já falas em carreira: o teu fito é seguir o futebol como profissão, é isso?

Sim, o meu principal objetivo é mesmo o futebol, se o futebol não der, então aí terei uma segunda opção, ao continuar os estudos.

PUB

Tens algum jogador ou jogadora que sejam referências, em quem te inspires?

A Andreia Norton e o Rúben Dias. Desde pequenina que admiro imenso o Rúben Dias, gosto mesmo de vê-lo jogar, desde que começou no Benfica e agora no Manchester City, e a Andreia Norton que agora está no Benfica, também é uma inspiração.

Ainda não houve estreia na Liga BPI, mas está prestes a acontecer, é isso?

PUB

Sim, é tudo uma questão de esperar pela nossa oportunidade. Não vai ser fácil, mas quando acontecer, será na altura certa. O míster está aí para decidir e quando ele entender que é a melhor altura para me estrear, estarei pronta para corresponder.

O Racing tem feito uma época tranquila: é para continuar?

Ali no início, não começámos bem, mas demos tudo nesses jogos. Sei que, daqui para a frente, o Racing vai começar a fazer história e vão passar a ver-nos como uma referência no futebol feminino.

PUB

Aos 15 anos, e perante a evolução que o futebol feminino tem verificado, achas que é uma profissão apetecível, vale a pena investir a vida profissional nessa atividade?

A formação é o início de carreira de muitas jogadoras e acho que todas deviam encarar isso dessa forma. Mesmo estando ainda na formação, devemos ter o pensamento que vamos conseguir lá chegar, porque a oportunidade pode surgir de um momento para o outro, temos que agarrá-la quando ela surgir.

Erica Parkinson: "Portugal é o país ideal para evoluir"

PUB

Como é que surgiu o futebol na tua vida?

Desde pequenina, com o meu pai e o meu irmão, que adoram futebol, que jogo com eles. Praticamente, nasci numa família de futebol. Com um, dois anos, já dava os meus pontapés e fez sempre parte da minha vida. Sempre gostei muito.

E como é que uma rapariga nascida em Singapura, filha de pai inglês e mãe japonesa, aparece a jogar no Valadares Gaia?

PUB

É uma longa história. Tudo começou em Singapura, onde nasci. Quando cheguei aos 9 anos, eu e o meu irmão quisemos dar o salto em termos de futebol, prosseguindo a nossa evolução na Europa e, com os nossos pais, achámos que Portugal era o lugar ideal para fazer esse upgrade, pelo histórico de jogadores muito técnicos que tem, e queríamos desenvolver essa faceta do nosso jogo. Os nossos pais também acharam que seria o país ideal para uma nova etapa e, desde que cheguei, joguei um par de épocas no Dragon Force e depois fui para o Leixões, nas duas com rapazes, o que acho que foi muito bom para o meu desenvolvimento, tanto a nível físico, como técnico. Depois tive esta oportunidade fantástica de jogar aqui no Valadares e achei que era a altura ideal para mudar para uma equipa profissional de futebol feminino.

Tens contrato profissional?

Tenho.

PUB

Mas ainda estudas?

Sim, sim, estou no 10º ano. E, pelo menos para já, é para continuar, não me passa pela cabeça deixar os estudos.

Mas sempre tendo como prioritária a carreira de futebolista, é isso? Achas que tens o que é preciso?

PUB

Espero que sim. Sou muito dedicada e motivada, vou dar sempre o meu melhor e vemos depois no que dá. Mas sim, a ideia é sempre seguir o futebol profissional.

Até tens sido chamada regularmente à seleção de Inglaterra e jogaste recentemente o Euro’sub-17. Como é que tem sido essa experiência?

Tem sido muito boa. Tive a oportunidade de jogar pelas sub-17 de Inglaterra, o que foi fantástico, porque estava a jogar dois anos acima da minha idade. Foi uma grande ajuda para o meu desenvolvimento para as minhas capacidades físicas e técnicas. Foi uma experiência fantástica, temos uma grande equipa, um espírito de grupo impressionante, vamos ver o que conseguimos fazer daqui para a frente.

PUB

E em Portugal, estás satisfeita com a Liga BPI e com o Valadares Gaia?

Sim, muito. Estou muito satisfeita com a minha equipa e com os laços que já criámos entre todas, receberam-me muito bem, são uma equipa fantástica. Julgo que temos muita qualidade e podemos ir longe esta época.

Falaste há pouco do jogador português e das suas capacidades técnicas: há algum que admires particularmente?

PUB

O Bruno Fernandes, que agora está no Manchester United. O meu jogador preferido terá de ser o Messi, é um jogador fantástico, é inacreditável, com bola ou sem ela, é uma grande inspiração para mim.

E no futebol feminino, há alguém?

Gosto muito da forma como a Kika Nazareth joga, acho que é uma excelente jogadora, e fora de Portugal, teria de apontar a Aintana Bonmatí, que acabou de ganhar a Bola d’Ouro, tem uma capacidade técnica extraordinária e é espantosa a ler o jogo.

PUB

Vais chegar lá?

(risos) Talvez, talvez… Antes tenho de me focar no aqui e agora, no presente. Depois, logo se vê o que dá.

Por Mário Duarte
Deixe o seu comentário
PUB
PUB
PUB
PUB
Ultimas de Futebol Feminino Notícias
Notícias Mais Vistas
PUB