Foi em trânsito, entre Madrid e Cascais, sedes de dois torneios IberCup, que Filipe Rodrigues, diretor da prova em Portugal, lançou a competição a Record, jornal oficial do evento.
"A IberCup é dos torneios de futebol juvenil mais reconhecidos e conceituados a nível mundial", começa por referir o principal responsável do evento, elucidando na antecâmara da 12ª edição da IberCup Cascais: "Alargámos horizontes. Temos torneios agora também em Espanha e no Brasil. Madrid, Barcelona, Málaga, Rio de Janeiro e São Paulo também recebem torneios nossos e este ano vamos passar a barreira dos 20 mil participantes."
É com notório orgulho e satisfação que Filipe Rodrigues dá conta das inovações que se vão verificar na prova que hoje tem início. "Demos um salto grande a nível tecnológico. A transmissão e gravação dos jogos vai ser feita sem intervenção humana e permite a análise pormenorizada de todos os jogadores que estão a competir. Passam a ter um palco para mostrar, ao detalhe, todo o seu valor, qualidade e potencial", refere o diretor do torneio, especificando ainda os moldes em que se vai disputar a prova: "No futebol masculino, há escalões que vão desde os sub-9 aos sub-16, enquanto no feminino haverá dois escalões, dos sub-14 aos sub-16". Sendo "um torneio aprovado pela FPF", a taxa de participação de clubes - como Benfica, Sporting, FC Porto, Sp. Braga, V. Guimarães, Lyon, Milan, Atlético de Madrid ou Flamengo - ronda "os 95%, mas há autorizações especiais para seleções". Filipe Rodrigues explica: "Há clubes que acabam por não participar, mas nós, através da IberSelect, fazemos a seleção de alguns dos mais promissores talentos e os clubes dispensam-nos. É o caso, este ano, de países como a Austrália, Brasil ou Estados Unidos da América."
O rumo, esse, está bem traçado. "O futuro é continuar a proporcionar o ponto de encontro de jovens talentos, para competirem e mostrarem a sua qualidade e potencial, independentemente da sua religião, raça ou cultura", assegurou o principal responsável do torneio que inicia hoje a sua 12ª edição, depois da paragem forçada em 2020, devido à pandemia. "O nosso objetivo é, e continuará a ser, contribuir para o desenvolvimento destes jovens", remata, sucinto, Filipe Rodrigues.
André Silva e Rony Lopes a abrir
O desafio foi lançado e Filipe Rodrigues não o fintou, aceitando recuar até ao pontapé de saída, há 13 anos. "Na primeira edição, em 2010, só havia uma categoria, de sub-15. Mesmo assim, participaram 64 equipas, vimos logo por aí que o potencial era enorme", relembra o diretor do torneio, que não se detém nas memórias: "A final foi entre FC Porto e Benfica, de um lado estava o André Silva, do outro, o Rony Lopes." Ficou, assim, registado o promissor arranque do torneio com o duelo entre os dois avançados: o primeiro, depois dos dragões, jogou por Milan, Sevilha, Eintracht Frankfurt e Leipzig; o segundo, após atacar pelos encarnados, concluiu a formação no Manchester City, jogando de seguida pelo Lille, Sevilha, Nice, Olympiacos e, atualmente, está no Troyes.
A evolução, contudo, é evidente. "Hoje, em cada torneio, temos entre 80 a 90 árbitros. Em termos logísticos, ao nível de transportes, alimentação, hotéis, o esforço e a organização são enormes", referiu Filipe Rodrigues, rematando: "A Câmara Municipal de Cascais tem dado um grande apoio, desde as edições iniciais. Mesmo a nível dos voluntários, é fundamental para que esta possa ser uma experiência enriquecedora."
CURIOSIDADES
Participantes. Este ano são esperados 4 mil atletas, oriundos de 17 países. Quem assistir à 12ª edição do torneio terá a oportunidade de ver em ação jovens craques de diversos clubes, tais como Benfica, FC Porto, Sporting, Atlético de Madrid, Lyon ou Flamengo. Todos os clubes, que são membros de federações associadas à FIFA, estão convidados a participar nesta edição, assim como equipas afiliadas à sua associação ou escola, em países onde o futebol é gerido pelas escolas.
Jogos. Ao longo destes quatro dias serão realizados 612 jogos em 30 campos (15 de futebol 11, outros tantos de futebol 7) do concelho de Cascais e no Estádio Nacional.
Igualdade. Nesta edição, a competição volta a apostar na igualdade de género, assumindo-se como um torneio para rapazes e raparigas, tal como aconteceu ao longo de mais de 10 anos, em que as equipas de cerca de 110 países foram constituídas por mais de 10 mil participantes de ambos os sexos. As equipas serão divididas em nove escalões etários na competição masculina e dois na feminina.
Tecnologia. As pessoas podem ter acesso, em tempo real, aos resultados dos jogos através da aplicação da IberCup e às estatísticas das equipas, treinadores e jogadores. Haverá transmissões em direto com sistema de ‘pay per view’ e serão utilizadas câmaras ligadas a um sistema de inteligência artificial que permitem a gravação e transmissão de todas as partidas.
Regras. A IberCup é jogada segundo as regras da FIFA. O limite em cada categoria é de 32 equipas, sendo que cada clube pode entrar no máximo com duas equipas em cada categoria de idade. As equipas serão divididas em grupos de quatro a seis equipas, dependendo do número de inscrições na categoria. Os jogos têm duração de 40 minutos (duas partes de 20’) nas categorias de 7x7 e de 50 minutos (25’ em cada metade) nas categorias de 11x11. Uma vitória vale três pontos, o empate um e a derrota zero. A classificação será determinada de acordo com os pontos que cada equipa conseguiu conquistar.
Por Mário Duarte e Inês Cunha