Paulo Bento lembra aposta em Patrício: «Não sei os 10 que vão jogar a seguir, mas o Rui vai continuar»

Rui Patrício e Paulo Bento lado a lado
• Foto: Vítor Chi

Paulo Bento foi um dos nomes a marcar, esta sexta-feira, presença na cerimónia de homenagem a Rui Patrício, onde lembrou a aposta no guarda-redes português há quase duas décadas quando os dois se cruzaram no Sporting. 

O que fica dos tempos que passou com Rui Patrício?

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“Estávamos perante alguém com umas qualidades enormes para a função, qualidades técnicas, qualidades táticas, físicas e acima de tudo qualidades em termos emocionais, em termos mentais, com uma capacidade para resistir e enfrentar o erro fora do comum, fora do normal. Depois tinha uma capacidade de trabalho e um profissionalismo tremendo, uma resiliência enorme também e foi o que o levou a construir uma carreira extraordinária a nível de clube, de Seleção, que o tornou o guarda-redes com mais internacionalizações da história, a possibilidade de ter ganho dois títulos com a Seleção Nacional, creio que foram três Mundiais e cinco Europeus se não estou enganado, e a caminhada no Sporting, o clube em que se formou e onde também conquistou troféus. Mas acima de tudo aquilo que significava para as equipas técnicas e para os colegas em termos humanos. E isso é algo que para mim é o que mais fica. Obviamente tudo o resto conta, os títulos e as vitórias, mas a parte humana do Rui é a que guardo mais".

Aposta em Rui Patrício quando era jovem:

“Já lá vão uns aninhos... Mas há dois momentos nesta etapa do Rui. Um na temporada 2006/07, em que acho que o Rui ainda é júnior, e é o jogo na Madeira, um jogo contra o Marítimo que antecede um jogo da Champions em Milão contra o Inter. Creio que o Ricardo e o Tiago não estão em condições para jogar esse jogo. Temos a decisão de colocar o Rui, deixando-lhe claro que iria fazer aquele jogo, mas não iria depois continuar, porque o Ricardo regressaria. Creio que ganhámos esse jogo por 1-0 e o Rui defende um penálti, é logo algo que fica logo marcado e é marcante para ele e para nós. Depois há outro momento em que decidimos que vamos apostar nele por tudo o que mencionei e que ia ser a nossa decisão, a nossa aposta. É quando o Rui joga em Matosinhos, depois joga em Manchester e aí prova que iria conseguir aquilo que conseguiu, porque nem tudo correu bem nesses jogos iniciais, mas o que foi mais importante para nós, para mantermos a aposta, foi saber que estávamos perante um guarda-redes com umas qualidades enormes em vários aspetos, mas acima de tudo na questão da força mental, da parte emocional. Isso levou-nos a seguir com o Rui e fez com que ele chegasse ao patamar a que chegou. Foi o mais importante, tudo o resto é mais acessório".

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Importância no trajeto:

“O que fizemos, de conceder uma oportunidade ao Rui, iria fazê-lo qualquer um. Qualquer um ia fazê-lo, era questão de tempo, se não fosse em 2007, em novembro se não estou em erro, seria em 2008 ou 2009, era questão de tempo. Depois, sem falsas modéstias, acredito que tivemos um bocadinho de mérito em não deixá-lo cair. Porque não foi fácil em Manchester sofrer um golo quando a bola entra no lado dele, por fruto da inexperiência dele, no último minuto, até foi o Cris que marcou, num jogo da Liga dos Campeões. Não foi fácil deixar escorregar a bola pelas mãos num jogo com a U. Leiria em casa e levar com o pessoal atrás na Superior Sul. Não foi fácil largar uma bola em Setúbal quando já estava a pensar lançar o contra-ataque, fruto da inexperiência dele, e termos perdido esse jogo. E aí lembro-me de ter chegado ao autocarro e ter dito à minha equipa técnica: não sei os 10 que vão jogar a seguir, mas sei que o Rui vai continuar a jogar. Esse é o bocadinho de mérito que temos. Agora é tudo muito bonito e estes dias são de festa, mas não me esqueço – e daí ser a parte mental que realço mais no Rui, pela resiliência e pela capacidade que teve de resistir a tanta coisa, até aos maus tratos dentro de casa. Não falo só nesse jogo com a U. Leiria, até muito depois e se calhar já nem foi comigo, de ser assobiado e maltratado antes dos jogos começarem. Isso só um guarda-redes com uma dimensão como ele tem, em todos os aspetos, mas acima de tudo um ser humano com a dimensão ele, pode suportar. E é isso que me dá orgulho, satisfação e um prazer enorme ter orientado o Rui e de ser amigo dele".

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Por Francisco Guerra
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