Longe vão os tempos (1986/87 e 1987/88) em que o médio brasileiro Mário brilhou com a camisola do Sporting. Passadas três décadas, é o filho, Juninho, que procura seguir as pisadas do pai e dar nas vistas no nosso futebol. A última campanha, no Lusitano VRSA, constitui um excelente cartão de visita: 14 golos apontados e nove assistências.

"Tenho vindo a crescer como futebolista e vivemos uma época fantástica, pois a equipa terminou no primeiro lugar a fase de permanência no Campeonato de Portugal Prio (Série H) e conquistou a Taça do Algarve", assinala, radiante, Juninho.

O avançado mostra-se agradecido ao treinador Ricardo Sousa. "Ajudou-me a crescer e a melhorar as minhas capacidades. Evoluí muito com ele", refere. Juninho vinha dos distritais do Porto (Aliança de Gandra) e a chegada ao Lusitano VRSA "constituiu um passo em frente, num campeonato mais competitivo e exigente". "Creio que o balanço final desta época é muito positivo", frisa.

O cartel deixado permite ao jogador sonhar com as ligas profissionais. "Tenho 26 anos e este é o momento para dar o salto. Há muita qualidade nos escalões inferiores e acredito que posso ser útil a um nível mais alto", garante, acrescentando: "Ao longo da época realizámos alguns testes com equipas da 2ª Liga e, sinceramente, quem se destaca no Campeonato de Portugal Prio, uma prova dura e com marcações apertadas, reúne condições para atuar no patamar seguinte, em que se joga melhor futebol e há mais espaço."

A finalizar, Juninho salienta bastar que "essa oportunidade seja concedida e que haja a necessária adaptação a um ritmo mais elevado".

«Pronto para viver novas aventuras»

Juninho prefere Portugal para prosseguir a carreira, até porque dispõe da dupla nacionalidade (os avós paternos são lusos) e pretende residir no nosso país, correspondendo ao desejo da família, que está no Brasil. Contudo, não descarta a hipótese de viver uma (nova) experiência no estrangeiro. "Se surgir algo interessante fora, porque não? O desejo passa por singrar nos campeonatos profissionais portugueses, sem fechar a portas a outras oportunidades. Já joguei em Portugal, Suíça, Brasil e Espanha e no futebol não se sabe o dia de amanhã. O sonho é jogar na principal Liga portuguesa."

«Posso chegar aos 20 golos»

Os registos da última época, no Lusitano VRSA, fazem Juninho acreditar que "ainda há margem para melhorar". "Trabalhando sempre arduamente e com enorme dedicação, poderei chegar aos 18 ou 20 golos numa temporada. Evoluí bastante na definição do passe e no remate e se hoje estou melhor que ontem, acredito que amanhã serei ainda mais capaz, o que acabará por traduzir-se, espero, em mais golos e em mais assistências para os meus companheiros", sublinha, definindo-se como "um atacante muito móvel". 

«Conselhos são importantes»

Mesmo à distância, Mário acompanha a carreira do filho e "os conselhos dele são importantes" para o seu crescimento. "Teve uma carreira de sucesso e sabe muito de futebol", vinca Juninho. "Na época 2015/16 o meu pai esteve algum tempo no Porto e acompanhou de perto os meus desempenhos, numa ajuda de grande utilidade, pois há sempre algo a corrigir e melhorar. Nada melhor que a palavra dele para me dar essa indicação", salienta Juninho, que começou o seu percurso em Portugal ao serviço da Sanjoanense, ainda como júnior.

Mário: «Golo nas Antas ficou na história»

Juninho nunca viu o pai jogar. "Era ainda um bebé quando ele encerrou a carreira, no América do Rio de Janeiro", explica, mas já observou por diversas vezes um golo que Mário marcou num FC Porto-Sporting, nas meias-finais da Taça de Portugal.

"Foi um pontapé fabuloso de fora da área, no antigo Estádio das Antas. Lindo de ver, uma coisa de craque mesmo que fica para a história", refere Juninho, que "de quando em vez" procura na internet as imagens desse lance.

O golo surgiu mesmo ao cair do pano do prolongamento e deu a vitória aos leões (por 1-0) mas seria o Benfica a ganhar essa edição da Taça de Portugal, ao bater o Sporting na final, por 2-1, com Mário a assistir Marlon Brandão no último golo da tarde.

Em dois anos no Sporting, Mário conquistou apenas um troféu (uma Supertaça), mas, diz Juninho, "sei que ele deixou uma boa imagem, tanto no clube como no futebol português, e isso constitui um motivo de orgulho para mim".

Formado no Fluminense, que representou durante largos anos no início da sua carreira como profissional, Mário passou ainda por Bangu, Goiás, Vasco da Gama e Botafogo antes de chegar aos leões. Depois de dois anos em Alvalade ainda teve uma curta passagem pelo E. Amadora.