O árbitro Pedro Henriques quebrou o silêncio e finalmente explicou tudo o que se passou no célebre lance da “mão” de Katsouranis no último Benfica-Sporting. O juiz foi “desafiado” por Artur Agostinho, colunista e antigo director do
Record, a falar sobre o caso no programa da RTP “Prós e Contras”.
Foi um momento de alguma tensão que se arrastou durante largos minutos. Já depois de a emissão sair do ar, os árbitros presentes e Artur Agostinho aceitaram explicações e críticas. O programa da Fátima Campos Ferreira abordou a introdução das novas tecnologias no futebol e até perto do fim tudo correu sem grande agitação.
Com a presença dos homens da Liga, Hermínio Loureiro e Vítor Pereira, e os árbitros internacionais Duarte Gomes, Pedro Henriques e Pedro Proença, o debate contou ainda com as participações do treinador Jorge Jesus, o presidente das ligas europeias, Emanuel Medeiros, e o jornalista da RTP Paulo Catarro. Da plateia intervieram outras personalidades, nomeadamente o líder do Sindicato, Joaquim Evangelista.
Foi no entanto na recta final do programa que Artur Agostinho agitou as águas depois de ter sido criticado por Vítor Pereira. O presidente da Comissão de Arbitragem comentou que “era importante saber do que se fala” depois de o comunicador ter registado o exagerado número de “erros grosseiros que os árbitros têm cometido esta época”. Depois de uma troca azeda de palavras, Vítor Pereira pediu para Agostinho quantificar os erros.
Duelo com HenriquesDepois de falar de alguns casos, Artur Agostinho abordou o polémico lance de Katsouranis no Benfica-Sporting. Vítor Pereira remeteu a questão para Pedro Henriques, que lembrou a “gestão de silêncios” que teve de fazer após esse jogo.
Aceitou no entanto o repto e contou a sua versão. O diálogo entre Pedro Henriques e Artur Agostinho foi acalorado, com as vozes a subir de tom. As críticas do comunicador foram mal recebidas pelos árbitros, com Duarte Gomes a manifestar o seu incómodo perante a situação.
Ironia de PereiraAntes, porém, as coisas já tinham azedado com o frente-a-frente de Vítor Pereira com Artur Agostinho. Quando o líder da Comissão de Arbitragem exibiu um sorriso trocista para o seu “opositor”, este abespinhou-se e respondeu com irritação: “Não esteja a ironizar.”
Vítor Pereira não voltou a intervir e foi Duarte Gomes quem pediu a palavra para manifestar o seu quase arrependimento por ter elogiado no início o programa. E lamentou: “Como todas as conversas sobre arbitragem, caímos sempre na discussão se foi ou não penálti”. Aí Artur Agostinho lembrou que “a culpa era do senhor presidente dos árbitros”, o que Fátima Campos Ferreira corroborou dirigindo-se a Vítor Pereira: “É verdade, foi você que pediu para quantificar.”
Em pazJá eram quase 2 da manhã quando Hermínio Loureiro elogiou a presença dos árbitros no programa e também ele lamentou que a arbitragem acabe por gerar a discussão de “questões laterais em vez de se debater o essencial”.
Num clima de alguma tensão, Fátima Campos Ferreira colocou um ponto final e felicitou os árbitros pela sua presença, que por si só prova a sua “grande categoria”. Terminado o “espectáculo”, Artur Agostinho e os árbitros trocaram breves palavras, um aceitando as explicações, os outros compreendendo as críticas.
«Vi logo que não era penálti»Pedro Henriques resolveu contar na RTP a história da mão de Katsouranis no último dérbi da Luz no qual um dos seus árbitros assistentes lhe deu a indicação de que a falta era merecedora da marcação de penálti. O árbitro desfez esse primeiro equívoco e contou a sua versão, respondendo à provocação de Artur Agostinho, que insistiu que o árbitro estava de costas para o lance.
Pedro Henriques “em directo”:
-- Ele gritou-me seis vezes: é falta! Nunca me disse que era penálti. Fê-lo, depois, a um jogador do Sporting. Como eu estava em boa posição para analisar o lance e não vi qualquer motivo para a marcação de uma falta, tive de interromper o jogo para tentar descodificar a situação. Além do mais, o meu assistente, ao ter levantado a bandeirola, imediatamente obrigou-me a interromper o jogo. Foi o que fiz. Depois de falar com ele, percebi que ambos tínhamos visto o mesmo, sendo que a minha interpretação era diferente. Vi que não era penálti. Por isso, reatei o jogo com bola ao solo.
Pedro Henriques reconheceu que a comunicação entre os vários árbitros ainda está a ser apurada e que estão a treinar uma linguagem que não ofereça quaisquer dúvidas.