Luciano Gonçalves vê a passagem da responsabilidade sobre a arbitragem para uma entidade externa, conforme
proposta da FPF desta terça-feira, como algo exequível, mas para discutir na hora e no local certos. À margem da
tomada de posse de Pedro Proença, o presidente da APAF vincou a necessidade dos próprios árbitros terem um papel primordial em todo o processo.
"Tudo o que seja para defender os árbitros e para que possamos ter independência na arbitragem estaremos de acordo. É importante perceber em que moldes é que funcionará essa alteração, o que está pensado... Este mote da FPF será o de lançar a discussão, pois é impensável estar a lançar um projeto a curto prazo, pois, como tudo na vida, quando as coisas são feitas à pressa, os resultados podem não ser os melhores. Iremos sempre defender a independência da arbitragem", disse, vincando a importância do próprio Conselho de Arbitragem da FPF estar na liderança do grupo de trabalho que irá debruçar-se sobre o tema: "Ficamos satisfeitos por perceber que será o Conselho de Arbitragem a presidir esse grupo de trabalho, o que entendo como uma valorização daquilo que foi o seu trabalho. E o facto de estarmos também envolvidos no processo deixa-me satisfeito. Mas isto é ainda tudo muito embrionários. Temos de ver se pode ser igual ao modelo inglês, ao alemão... E não temos uma moldura legislativa que o permite."
"Tive conhecimento desta comunicação como vocês tiveram, durante a manhã. Não me surpreendeu porque a FPF procura o melhor para a arbitragem e nós também procuramos o melhor para nós. Se esta mudança for o melhor para a nossa independência, melhor... Mas ainda é muito cedo para se saber", afirmou Luciano Gonçalves, para o qual qualquer mudança não poderá avançar antes de 2024: "Fui convidado para fazer parte do grupo de trabalho, mas não sei mais que isso. Não irei comentar muito mais sem saber ao certo do que está em causa. Não será responsável sequer que isto avance no curto prazo, nem sequer exequível. E acho que este Conselho de Arbitragem deve levar este mandato até ao fim, até 2024. Não será uma coisa para fazer já, à pressa. Por princípio não tenho nada contra, mas é importante perceber qual será o papel da arbitragem, que tem de ser preponderante."
Por fim, desafiado a fazer um balanço da arbitragem portuguesa esta temporada, o líder da APAF deixou a sua opinião de claro pendor positivo: "Época difícil como têm sido todas e em que os nossos árbitros trabalharam imenso. Vão acontecendo erros, erros humanos, que irão sempre acontecer, mas também nos cabe a nós trabalharmos todos para valorizarmos o nosso futebol. Se existiram erros também aconteceram muitas boas decisões."