A poucos dias do Arouca celebrar o seu 72.º aniversário, no dia 25 de dezembro, o presidente Carlos Pinho, que lidera os destinos do clube desde 2006, concedeu uma entrevista para a mais recente edição da 'Revista Lobos', onde abordou a sua paixão pelo clube, algo que define como um dos pilares para o sucesso do emblema arouquense.
"O Arouca é quase como um filho meu. Eu tenho dois filhos e este é como se fosse o terceiro, é uma coisa inexplicável. É também esse um dos motivos pelo qual ainda hoje usamos o lema «Amor e Paixão» a representar o que sente a nossa gente pelo clube de futebol que leva a sua terra ao peito", referiu, explicando o porquê de ser difícil corresponder aos pedidos que já recebeu de "pessoas muito influentes do país" para ajudar a projetar os clubes da suas cidades: "Acontece que vivi sempre em Arouca e, uma pessoa para fazer qualquer coisa de bom, tem de o fazer com um espírito de total entrega. A mim não me interessa a quantidade de campos de treino ou a quantidade de funcionários que esses clubes têm. Fiz o que fiz por este clube, e continuo a fazer o que estou a fazer somente por paixão, é que eu gosto e tenho um orgulho muito grande de poder dizer que sou arouquense. E também é por isso que o staff do nosso clube pouco altera de temporada para temporada. São pessoas que estão concentradas na missão de representar da melhor forma o nome do Futebol Clube de Arouca e fazem-no como uma família. Não há mais segredos para o sucesso."
Carlos Pinho realça também a importância de ter a família igualmente fortemente ligada ao clube: "É um clube profissional que foi trabalhado e que continua a ser trabalhado por excelentes profissionais. Tenho, ainda, o gosto adicional de este meu percurso conseguir ser partilhado com, pelo menos, a mesma intensidade pela minha família. Era algo que era importante para mim, conseguir partilhar um pouco desta minha paixão com todos eles. Mas a verdade é que, desde cedo, que procuraram saber mais e conhecer melhor o clube da sua terra e estarem envolvidos da melhor forma que conseguirem."
O presidente abordou também a ascensão meteórica do Arouca, que quando assumiu militava nas distritais da AF Aveiro. "Como já referi em ocasiões anteriores, ter um clube na Primeira Liga não é fácil, como as pessoas possam pensar. Às vezes até eu me interrogo como é que é possível um clube como o Futebol Clube de Arouca estar na Primeira Liga, depois de todas as anteriores décadas terem sido passadas em campeonatos distritais? Mas eu sei como é que isto é possível. Só com a fórmula na medida certa de orgulho, vontade, paixão e convicção. Sinto, genuinamente, que esta é a garra que melhor caracteriza o nosso povo e as nossas gentes. Todo este reconhecimento é um motivo de orgulho e acrescenta estímulo para lutarmos e trabalharmos para se fazer cada vez mais, até porque é inevitável uma pessoa não destacar que, atualmente, do distrito do Porto até ao distrito de Lisboa, só existe um clube na 1.ª Liga, que é o Arouca. É honroso e gratificante. Tanto tempo andou o clube a tentar filiar-se à AF Aveiro e hoje é reconhecido como o maior símbolo do distrito", frisou.
Afirmando que não falhou um jogo desde que o Arouca começou a jogar no Campo de Jogos Afonso Pinto Magalhães, em 1971, o presidente lembrou ainda o momento em que decidiu avançar para a presidência. "Decidi avançar quando me senti preparado e com capacidade para iniciar um percurso sério e custoso. Felizmente, hoje posso dizer que consegui fazer isso e que cumpri a minha principal missão", contou, lembrando a reação ao desejo manifestado desde cedo de chegar à 1.ª Liga.
"Embora soubesse que seria muito difícil, tinha o objetivo claro de chegar à 1.ª Liga. Foquei-me nisso. Lembro-me perfeitamente que, quando fui eleito presidente, e o Arouca ainda andava nas distritais, na sala de imprensa os jornalistas me perguntarem qual seria o meu propósito para o clube. E eu, na minha boa fé, disse que, realmente, o meu objetivo era chegar à 1.ª Liga. Recordo-me que os jornalistas da terra e alguns de fora que estavam ali presentes começaram todos a rir. Eu vi-os a fazer troça do que eu tinha acabado de dizer. Então humildemente acrescentei que, até poderia não conseguir alcançar tal feito, como eles achavam, mas que a minha verdadeira intenção era trabalhar para um dia conseguir chegar à Primeira Liga. E a verdade é que cheguei mesmo", atirou, apontando o momento em que o povo de Arouca começou a acreditar nessa possibilidade.
"Qaundo chegámos à terceira divisão nacional e imediatamente fomos promovidos à 2.ª Liga. Penso que só a partir daí é que as pessoas começaram, por fim, a levar a sério as minhas declarações anteriores - é que eu tinha prometido a 2.ª Liga e o clube já lá estava - questionaram-se aí se a 1.ª Liga não seria, afinal, alcançável. Agora já se permitiam acreditar naquilo que eu lhes tinha falado há uns anos atrás, quando ainda estávamos na distrital", recordou.