João Diogo Manteigas diz que Benfica perdeu "identidade" e é um "entreposto de jogadores"

João Diogo Manteigas questiona Pedro Proença
• Foto: Pedro Catarino

O Benfica "não teve um projeto desportivo" definido nos últimos quatro anos, tendo perdido "identidade" no plantel de futebol face às constantes alterações de jogadores e treinadores, aponta o candidato à presidência do clube João Diogo Manteigas.

"O Benfica, nos últimos quatro anos, não teve um projeto desportivo. Isso prova-se por cinco treinadores em quatro anos. Jorge Jesus, Nelson Veríssimo, Roger Schmidt, Bruno Lage e José Mourinho. É impensável haver um projeto desportivo com uma rotatividade de treinadores grande", afirmou, em entrevista à Lusa.

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O advogado, um dos seis concorrentes ao ato eleitoral de 25 de outubro, salientou que no mandato de Rui Costa gastaram-se 435 milhões de euros (ME) em contratações e realizou-se um encaixe de 705 ME em saídas, pelo que considera que o Benfica se tornou "um entreposto de jogadores", sem estabilidade.

"O Benfica contrata em quantidade, daí ser uma 'trading' ou entreposto. Não é criterioso na qualidade de quem contrata", referiu Manteigas, frisando que, "em vez de contratar cinco jogadores, deve contratar dois ou três no máximo", até que porque possui "uma rede de scouting espetacular", que será "mais potenciada" caso seja eleito presidente.

Neste cenário, João Diogo Manteigas mostra-se contra as saídas de vários jogadores jovens da formação, que permanecem pouco tempo no plantel principal: "Se é para vender jogadores, vendam aqueles que custaram muito dinheiro. Ao apostarmos nos jovens jogadores, estamos a apostar em criar ou em manter identidade, que é uma coisa que o Benfica perdeu também nos últimos quatro anos".

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E recorreu ao caso de João Neves, jogador que deixou o Benfica no ano passado, após uma época e meia no plantel principal das 'águias', rumando ao Paris Saint-Germain por 60 ME.

"O João Neves só poderia sair do Benfica quando ganhasse desportivamente. Quando for capitão, ganhar e ser um exemplo para baixo. O que eu tenho que provar aos que estão lá em baixo, nas camadas inferiores, é que nós apostamos neles e que eles vão chegar lá acima e que têm essa oportunidade", exemplificou.

Esta venda constante de ativos provenientes da formação só sucede constantemente, porque, segundo Manteigas, "o Benfica tem de se sustentar e de ter ganhos financeiros extraordinários, que são a venda de atletas", o que indica que "as receitas ordinárias, ou seja, os patrocínios, os direitos audiovisuais, o eventual naming do estádio, a bilhética não existem, não são capazes de sustentar os custos" existentes.

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"O Benfica tem custos muito superiores às receitas. Nos últimos quatro anos, aumentou realmente em 5% as suas receitas operacionais, mas aumentou os seus custos operacionais em 18%, aumentou o passivo em 25%, aumentou a dívida bancária em 40% e aumentou também as dívidas a terceiros, nomeadamente as sociedades desportivas, pelos 435 ME que gastou [em jogadores] em quatro anos", assinalou.

Embora rejeite qualquer tipo de "austeridade" se for eleito presidente, o advogado, de 42 anos, admite que é necessário "reduzir determinados custos excessivos, descobrir o que é que se passa nos FSE [fornecimento e serviços externos], renegociar com os fornecedores, com os prestadores de serviços", para depois "reinvestir no futebol".

Na opinião do candidato, o Benfica recebe atualmente "pouco" em patrocínios -- "à volta de 24,1 ME" -, sendo que, em relação ao 'naming' do Estádio da Luz, revelou já se ter reunido com "um grande grupo empresarial que atua no desporto, que é americano, que aposta sobretudo na Fórmula 1, e o valor que anda em cima da mesa do estádio oscila sempre entre os sete e 10 ME", uma vez que o clube "não tem uma infraestrutura nova".

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"É sabido que, na Europa, o 'naming' de um estádio é uma fonte de financiamento extremamente valiosa, mas só é mais portentosa quando há uma infraestrutura nova. Nós não temos previsto no nosso horizonte mandar abaixo o Estádio da Luz e construir um novo", adiantou à Lusa, apontando que o recinto atual poderá ser aumentado "em 12 ou 15 mil lugares".

De resto, o Benfica District é, para João Diogo Manteigas, um "projeto muito bonito, no papel", mas é preciso saber como a candidatura do atual presidente Rui Costa pretende desenvolvê-la.

"Quem me dera a mim ter aquilo. Mas eu quero saber como. Porque eu não quero que o Benfica sofra desportivamente, que deixe de ganhar, porque tem que se investir na construção de imobiliário. O Benfica é uma entidade desportiva. O Benfica foi fundado para ganhar. O Benfica não foi fundado para andar a pensar em investimentos imobiliários", disse.

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Além de João Diogo Manteigas, concorrem ao ato eleitoral de 25 de outubro o atual presidente, Rui Costa, e o anterior, Luís Filipe Vieira, bem como João Noronha Lopes, Martim Mayer e Cristóvão Carvalho, havendo ainda uma lista liderada por João Leite à Mesa da Assembleia Geral.

Caso nenhum dos candidatos receba a maioria dos votos (50%), será realizada uma segunda volta entre os dois mais votados, duas semanas depois, em 08 de novembro.

Por Lusa
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