David Luiz revelou, em entrevista à 'Gazetta dello Sport', as dificuldades pelas quais passou nos primeiros meses em Portugal aquando da vinda para o Benfica, e recordou que chegou mesmo a chumbar nos exames médicos sem que Luís Filipe Vieira, à data presidente do clube, soubesse.

"Em janeiro de 2007, o Benfica vendeu o Ricardo Rocha ao Tottenham. O clube já tinha alguns pagamentos em atraso ao meu empresário e, por isso, ele ofereceu-me como forma de saldar essa dívida. O mercado de inverno estava a poucos dias de começar e o Benfica não tinha centrais disponíveis. Eu jogava na terceira divisão, tínhamos acabado de subir para a segunda com o Vitória [no Brasil]. Estava com uma pubalgia e mal conseguia andar. Cheguei a Lisboa a 31 de janeiro e, no dia seguinte, fiz os exames médicos. Não passei. O presidente, claro, não sabia disto. Ficou tudo em segredo", começou por explicar o brasileiro, que vestiu a camisola das águias entre 2007 e 2011.

E prosseguiu: "Durante três meses, chegava aos treinos três horas mais cedo para fazer fisioterapia. E depois treinava com o resto da equipa como se estivesse bem. Mas estava mal: não conseguia correr, controlar a bola ou passar em condições. Nem o treinador sabia do meu estado, mas considerava-me inapto. Só em abril consegui fazer o meu primeiro jogo".

O contrato de David Luiz acabaria por terminar e surgiu a oportunidade de rumar ao FC Porto, algo que o brasileiro, com a ajuda da família, optou por rejeitar: "O Benfica ofereceu-me 3 mil euros por mês. Eu tinha 20 anos. O FC Porto procurou-me, oferecendo um contrato de cinco anos e um valor muito mais alto. Eu não era a prioridade do Benfica, mas o FC Porto queria-me muito. Liguei para os meus pais e o meu pai disse-me 'não cuspas no prato onde comeste. Respeita quem acreditou em ti. Fica no Benfica, não é pelo dinheiro'. Foi uma grande lição de vida", rematou.

Com a camisola do Benfica, David Luiz conquistou três Taças da Liga (2008/09, 2009/10 e 2010/11) e um campeonato (2009/10), antes de rumar ao Chelsea. Atualmente com 38 anos, o central representa o Pafos, do Chipre.