Um mau árbitro num grande jogo

Todos os erros de Soares Dias foram graves, mas uns foram mais do que outros. e, sobretudo, mais evidentes. Como é que Maxi terminou o clássico?

Um mau árbitro num grande jogo
Um mau árbitro num grande jogo • Foto: manuel araújo

Nenhuma análise a um jogo de futebol deveria começar pelo árbitro, mas quando as decisões têm tanto impacto no desenrolar dos acontecimentos talvez isso
se possa justificar. Parece, claramente, ter sido o caso deste clássico. Primeira questão: há erros e erros. Há a dúvida razoável, o engano que se aceita, a má decisão que pode ser facilmente entendida. Neste FCPorto-Benfica, porém, Artur Soares Dias teve uma atuação incompreensível a vários níveis, mas em especial na ação disciplinar – onde acumulou uma série de erros. Há um lance, no entanto, que se destaca de todos os outros por ser demasiado flagrante: aquele em que Maxi Pereira, já com cartão amarelo, comete jogo perigoso numa disputa de bola com Jonas. Seria novo amarelo e o consequente vermelho. Pareceu demasiado óbvio ao primeiro olhar pela televisão. Na repetição, então, a certeza ficou consolidada. Soares Dias, em cima do lance, não precisava da TV para mostrar o cartão. Ficará sempre por saber o que teria sido este clássico – excelente clássico! – se o FCPorto tivesse jogado com menos um elemento a partir do minuto 52. Podia ter sido... tudo. Houve outros erros de Soares Dias? Sim, claro. Luisão, por exemplo, tocou em Aboubakar quando o camaronês se preparava para rodar e rematar à baliza. E também André Almeida e Maicon foram poupados a outros amarelos. Ou seja, um festival de grossas asneiras, mas a forte sensação de que houve, sobretudo, muita falta de coragem para fazer o que tinha de ser feito. Uma pena.

Espetáculo!

O primeiro clássico da temporada não defraudou as expectativas, tendo mesmo sido – em vários momentos – de uma extraordinária riqueza do ponto de vista tático. Rui Vitória acertou em cheio quando reforçou, ainda na flash interview, que a sua equipa tinha assinado uma exibição muito "personalizada".
É mesmo essa a palavra mais adequada para classificar a forma como o campeão se exibiu ontem. Claramente um passo em frente no processo de crescimento do ‘Benfica de Rui Vitória’. Mesmo considerando a vitória das águias no terreno do FCPorto na última época, por 2-0, poucas vezes se viu a equipa encarnada, nos últimos anos, defrontar o seu rival e mostrar tanta coragem. Com bola nos últimos 30 metros, com a defesa subida e a mandar no jogo durante longos períodos. Ao intervalo, quando a Sport TV fazia o resumo da primeira parte, não havia para mostrar uma única imagem de perigo para a baliza de Júlio César. O que existia, até aí, eram duas grandes defesas de Casillas a cabeçadas de Mitroglou. Na segunda metade foi tudo diferente. Menos Benfica, mais FCPorto. Ficou a sensação de que Lopetegui tinha a equipa mais fresca, mesmo com menos tempo de recuperação após a jornada europeia. Aboubakar esteve perto de ser herói por duas vezes, mas o rei da noite acabaria por ser outro: André André, o menino que Rui Vitória ajudou a crescer em Guimarães. O destino tem destas coisas.

QUESTÕES LATERAIS

Titulares sem pré-temporada

A riqueza de soluções no plantel do FCPorto é indiscutível. Mas não deixa de ser curioso constatar, ainda assim, que jogadores que não fizeram a pré-época e que foram contratados no último dia de mercado – Layún e Corona – sejam já primeiras escolhas de Lopetegui. Para quem chegou há apenas três semanas a Portugal, a vida não lhes podia correr melhor.

André Almeida foi só "meia surpresa"

Há jogadores assim: não servem para tudo, mas são indispensáveis nos grandes momentos. É evidente que André Almeida não é prioritário nos jogos em que, à partida, o Benfica tem grande ascendente e precisa mais de construir do que ‘desconstruir’. Mas – e já antes era assim – sempre que é preciso apelar ao rigor tático e à boa ocupação dos espaços, então aí está André a vestir a pele de Special One. Fiável.

O primeiro golo com Jardel

O Benfica sofreu ontem o primeiro golo desde que Jardel regressou (após lesão) para voltar a fazer dupla com Luisão. Foram 180 minutos ‘limpos’ frente a Belenenses e Astana e agora, no Dragão, mais 85 minutos diante do FCPorto. Lisandro não era o problema, longe disso, mas a realidade é que com Jardel a consistência defensiva salta para outro patamar.

NOTAS DE RODAPÉ

5 André André, pois claro. Demorou algum tempo até se sentir confortável no jogo. Quando encontrou o espaço certo para manobrar, por volta dos 30 minutos, embalou para uma exibição quase perfeita. O golo foi a cereja no topo do bolo.

4 Nélson Semedo passou com nota alta o grande teste, ainda por cima tendo do outro lado o histórico antecessor do lugar. Travou um duelo empolgante com Brahimi e não saiu a perder. Pelo contrário. Esteve uns furos acima de... Maxi Pereira.

3 Casillas teve pouco para fazer, mas fez tudo bem. As duas defesas na primeira parte, a cabeçadas de Mitroglou, tiveram peso decisivo no desfecho do clássico. Está muito perto do nível que exibia quando era o melhor do Mundo. Notável.

2 Eliseu até teve uma atuação equilibrada. A mancha foi mesmo a participação no lance do golo. Há mérito de Varela na forma subtil como deixa
a bola na frente de André André, mas Eliseu também não interpretou o lance da melhor forma...

1 Maicon deveria ter dificuldade em explicar a um miúdo dos iniciados ou juvenis a razão de ser daquele lance tão tresloucado quanto desnecessário no final da primeira parte.
O que passará pela cabeça de alguém para fazer aquela figura?

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