Depois de ter recorrido às redes sociais após ter saído de campo durante o V. Guimarães-FC Porto depois de ter ouvido insultos racistas, Marega falou esta segunda-feira à Rádio Monte Carlo sobre o episódio que está a manchar o futebol nacional e mundial.
"Estou melhor. Ontem foi muito mais difícil, realmente senti-me uma merda, foi uma grande humilhação para mim, tocou-me bastante. Fui para casa, passou o momento, já pude sorrir um pouco. Recebi muitas mensagens, de todas as partes. Dão-me muita força e agradeço a todos pelo apoio", começou por dizer o maliano.
E prosseguiu: "Os meus companheiros não compreenderam a minha reação mas ficaram chocados com o que aconteceu. Foram reações de amigos, de quem me tentou acalmar. Conhecem-me muito bem, desde que estou no FC Porto. Depois daqueles comportamentos muito duros, eles tentaram acalmar-me. Disse-lhes que não valia a pena. Não conseguia jogar naquele campo".
"Os insultos começaram desde o aquecimento. Ao início eram só três pessoas que estavam a gritar comigo. Depois foi o estádio inteiro, é impossível jogar um jogo assim. Fiquei chocado por serem os adeptos do V. Guimarães. Nunca achei que pudesse acontecer. Joguei no V. Guimarães e sempre respeitei os adeptos e o clube. Tenho uma grande relação com o clube. É uma cidade que me deu muito e um clube que me deu muito. Ficámos em quarto, fomos à Europa. Devo muito a este clube. Sempre que jogo contra eles recebo muitos aplausos. Quando marquei golos contra o V. Guimarães nunca festejei, não sei o que aconteceu. Porque me feriram assim".
Questionado sobre as palavras de Miguel Pinto Lisboa, presidente do V. Guimarães, Marega foi perentório: "É uma estupidez. Não conheço este presidente, é novo. Ele vai fazer tudo para estar do lado dos seus adeptos para que o apoiem. Se ele é inteligente, via que eu apenas marquei um golo".
Marega sublinhou ainda o papel de Sérgio Conceição. "O treinador está comigo, fez tudo para me acalmar. Tentou que eu continuasse a jogar".
"Eu gostava que o jogo tivesse parado, isso é certo. Gostava que o árbitro e a Liga tivessem outra atitude. Uma coisa é os slogans contra o racismo, outra é a ação que se passa todos os dias. É só para tirar fotografias, mais nada".
E concluiu, assumindo que se tivesse a oportunidade de falar com Marcelo Rebelo de Sousa, queria dizer-lhe como se sentiu "ao ser assim insultado". "Não gostei nada de sentir o ódio, foi uma grande desilusão. É muito triste que isto possa acontecer".