André Villas-Boas não assume para já se vai candidatar-se ou não à presidência do FC Porto em 2024. Pese embora aponte que esse é um lugar que gostaria de ocupar um dia, o técnico mantém os prazos em aberto. Por várias razões.
"Muitos fatores. Da imprevisibilidade atual, que está vinculada aos quadros competitivos europeus, à instabilidade financeira dos clubes, a um mercado que se comporta cada vez mais como um mercado de clubes que funcionam em cadeia, aos novos disruptores como são os casos dos clubes da Arábia Saudita… Tudo isto são sensibilidades que obrigam a que a pessoa que lidera o FC Porto tenha um sentido de responsabilidade, profissionalismo e conhecimento intocáveis. Se eu me apresentasse e as pessoas vissem em mim, após apresentação do programa eleitoral, essa pessoa, eu assumiria, tendo a noção ao que aquilo obriga. Pois já passei pela função de treinador e sei precisamente o sentido de responsabilidade que é liderar um clube que tem 17 milhões de adeptos no mundo inteiro e que tem uma massa adepta associativa de 130 mil sócios. Portanto, acho que há um sentido de grande responsabilidade nessa posição e todos os passos têm de ser bem calculados, bem tomados e medidos, e digamos que tem de ter feita uma análise forense a uma possível candidatura", disse.
Deste modo, André Villas-Boas não coloca balizas temporais para uma eventual candidatura, garantindo-se focado, nesta fase, em alargar horizontes. "Tenho-me dedicado à minha evolução pessoal, pois gosto dos temas que estão ligados às novas formas de liderança, de comunicar, à gestão… E é nesse sentido que felizmente terminei o curso na Columbia University e que, em breve, farei outros, vinculados precisamente aos temas da gestão. Sempre fui um curioso, foi isso que me levou a observador, depois adjunto, treinador… Como tenho essa curiosidade vou preparando caminhos. O que tenho muito claro é que até junho de 2024 não vou ser treinador, decidi fazer essa pausa desde que saí do Marselha, para apostar nessa formação e desenvolvimento pessoal. Isto engloba-se numa análise geral, pois o futebol, incluindo o futebol português e incluindo o FC Porto, atravessa a altura mais sensível de sempre", referiu.
Não obstante, André Villas-Boas diz sentir que chegar à liderança do FC Porto é quase uma questão de destino. "Uma função e um lugar de tal forma importantes que eu ainda não tinha raciocinado sobre o mesmo, mas como sou muito vinculado à emoção e à intuição fui invadido por esse tipo de sentimentos e emoções, que me confirma, se bem que é algo que está nas mãos dos votantes, naturalmente, que um dia esse lugar me está destinado. Se o mesmo é para agora, em 2024, em 2028 ou em qualquer outra mudança de estatutos que possa alterar os anos em que as eleições são ditadas, assim será. No entanto, tenho esse sentimento de destino e responsabilidade e também uma animosidade positiva pelas pessoas que abordem e me veem como essa pessoa. Eu não me apresentei como candidato, não me apresentei nenhum programa, as pessoas que vêm ter comigo e me vinculam a essa posição baseiam-se na minha personalidade, por ser portista, por ser sócios e por sentir o FC Porto da forma como eles sentem. Nesta fase, e lamento não poder dar respostas concretas, não posso garantir absolutamente nada", concluiu, à margem do QSP Summit.