A divulgação do relatório e contas detalhado da SAD do FC Porto do 1.º semestre de 2023/24 fez surgir um novo foco de polémica, com ênfase na discussão nas redes sociais, no caso relacionado com um financiamento obtido pela sociedade em abril do ano passado.

Da listagem dos empréstimos em vigor publicada no documento consta uma operação de factoring com a Connect Capital, celebrada em abril de 2023. Trata-se de um financiamento de 14,5 milhões de euros, com juros a uma taxa fixa e de pagamento antecipado, cuja data de vencimento estende-se até janeiro de 2029.

Este é, de longe, o mais longo contrato de empréstimo em vigor, já que os restantes vão, na globalidade, até 2025, com exceção do empréstimo obrigacionista 2022-2025, cuja data de vencimento é em dezembro de 2026. Do montante total envolvido, de 14,5 milhões de euros, 1,45 milhões de euros dizem respeito a despesa corrente e os restantes 13,05 milhões de euros não corrente.

Mas, afinal, porque é que esta operação está envolvida em polémica? Segundo as informações recolhidas por Record, a Connect Capital é uma sociedade unipessoal constituída em janeiro de 2013, com sede em Santarém, que é detida pela Portugal Opportunities Fund, com sede em Lisboa e uma quota de 547 mil euros na primeira. Por sua vez, este é um fundo da sociedade Quadrantis, direcionada para investimentos de capital e risco.

O fio condutor em relação às empresas é João Rafael Koehler. O empresário portuense é próximo da administração da SAD do FC Porto e está na calha para vir a integrar a equipa de gestão que Pinto da Costa prepara para a sua recandidatura à liderança dos dragões para o ato eleitoral marcado para dia 27 de abril.

João Rafael Koehler é um dos detentores e gerentes da Connect Capital, juntamente com o empresário Paulo Caetano, tendo sido designado para a equipa de gestão a 17 de abril de 2023, precisamente o mês no qual, segundo a informação constante do relatório e contas do FC Porto, foi contratualizada a operação de factoring. Relativamente à Quadrantis, o empresário, diga-se, é igualmente um dos sócios e fundadores.

Ora, esta não foi a primeira vez que a Connect Capital celebrou uma operação de factoring com a SAD do FC Porto, no caso ainda antes de João Rafael Koehler ter passado a integrar a equipa de gestão. Em junho de 2020, a empresa e a sociedade azul e branca abriram uma operação do mesmo tipo, exatamente pelo mesmo valor de 14,5 milhões de euros, e cuja data de vencimento foi em outubro de 2022.

Sobre a Quadrantis, de notar que esta é uma das sociedades que está na corrida aos direitos centralizados de transmissão televisiva da Liga Portugal. A empresa enquadra no mesmo consórcio a 777 Partners, além da Apollo e da KPMG, valorizando o campeonato português em 2,5 mil milhões de euros. Assente num modelo de partilha de receitas, o consórcio colocou em cima da mesa a possibilidade de avançar com 500 milhões de euros por 20% da Liga Centralização, empresa do universo da Liga Portugal que gere o processo dos direitos televisivos.

Entre os vários fundos enquadrados no universo Quadrantis, que vão desde investimentos em energia, operações financeiras e agricultura, destaque para o fundo KickOff, que tem Paulo Lopo e o filho à cabeça, e que se prepara para adquirir a maioria do capital social da SAD do E. Amadora, possibilitando a entrada de investidores minoritários.

Record contactou João Rafael Koehler no sentido de obter a sua reação às informações existentes, com este a remeter para um contacto posterior mais tarde nesta quinta-feira.

Notícia atualizada às 16h15