Vasco Botelho da Costa: «Queremos ser uma equipa com capacidade para lutar pela vitória em qualquer jogo»

• Foto: Lusa/EPA

 Vasco Botelho da Costa, treinador do Moreirense, projetou, ao final da manhã deste sábado, o encontro com o Benfica. A partida da 14.ª jornada da Liga Betclic terá lugar este domingo, pelas 18 horas, no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas.

O Benfica pode impor dificuldades diferentes ao Moreirense? A sua equipa está preparada para a exigência deste jogo?

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"Sim, do ponto de vista da motivação é inegável que é mais fácil preparar o jogo. E também é muito sobre isso que nós temos trabalhado, que é o tipo de abordagem que nós queremos ter, a equipa que queremos ser, o clube que queremos ser. Queremos ter a capacidade de desligar um pouco [sobre] qual é o nome e a grandeza do nosso adversário, de modo que nós nos possamos concentrar única e exclusivamente naquilo que interessa, que é o jogo em si. A verdade é que sabemos que quando jogamos contra os grandes, neste caso contra o Benfica, do lado de lá estão grandes jogadores, está um clube com uma dimensão muito grande, estão grandes equipas técnicas, mas a verdade é que lá dentro é um jogo de futebol como qualquer outro que jogamos todas as semanas. E nesse aspecto eu acho que temos dado passos interessantes, uma vez que temos conseguido ter abordagens muito sérias e muito capazes a cada jogo. As dificuldades que o Benfica nos pode colocar são as dificuldades normais que temos contra equipas deste valor. É interessante para nós ser um jogo que acontece já numa fase mais tardia da época, onde já trazemos a experiência de jogar contra os outros grandes no passado. Estes jogos são muito específicos, jogos onde normalmente os adversários nos procuram individualizar, entrar por cima, pressionar muito alto, obrigam-nos a ter que correr muito e a ser muito perfeitos no momento em que estamos a pressionar para conseguirmos ter sucesso. Acho que estamos hoje mais preparados do que estávamos, por exemplo, quando fomos a Alvalade, numa fase mais inicial do campeonato. As dificuldades, como é óbvio, são as dificuldades normais e vão ser muitas, mas acreditamos que temos evoluído enquanto equipa e que estamos capazes de estar à altura do desafio".

O triunfo conseguido pelo Benfica na Liga dos Campeões pode alimentar mais dificuldades para o Moreirense?

"Eu acho que todas as equipas vivem de fases e a questão é que nós temos sempre a tendência para usar os resultados como forma de balizar essas fases. Ainda para mais em equipas grandes que jogam para ganhar qualquer jogo. É um jogo e é um jogo completamente diferente daquele que Benfica jogou no meio da semana. O Benfica é uma equipa que prepara os jogos do ponto de vista estratégico de uma forma muito detalhada. O Benfica joga sempre da forma que o jogo exige que seja jogado. E, nesse aspecto, obriga-nos a trazer aqui na nossa mala um repertório de diferentes soluções, porque sabemos que o Benfica pode adotar diferentes tipos de estratégia em função da forma como analisarem a nossa equipa, que essa eu nunca vou saber qual é até ao momento em que entrar em campo. O Benfica tem momentos em que individualiza a pressão, tem momentos em que baixa para um bloco médio para juntar linhas e agredir muito no momento do contra-ataque e da transição ofensiva. Do ponto de vista ofensivo, tem momentos em que explora muito um jogo mais paciente e de construção desde trás, ou, como pedia claramente o jogo desta semana da Liga dos Campeões, os passos e as vantagens estavam todas na profundidade e o Benfica foi isso que fez. Somando a esta dimensão estratégica muito forte está a enorme qualidade individual dos seus jogadores, grande parte deles com capacidade para resolver os jogos em pouco espaço e em poucos segundos. E, portanto, temos que estar muito alerta e muito focados naquilo que é a nossa própria estratégia, a forma como nós preparamos o jogo para esses diferentes cenários que possam vir a acontecer. Vamos tentar ser ao máximo a equipa que gostamos de ser, sabendo que em alguns momentos temos um adversário com muita qualidade pela frente, que nos vai obrigar a estar mais desconfortáveis, se calhar em alguns momentos a defender mais baixo do que aquilo que quereríamos, não ter tanta bola como nós gostamos. Mas, olhamos para isso como uma oportunidade de crescimento e de podermos mostrar a nós mesmos que hoje estamos mais preparados do que na semana passada, porque é muito assim que nós olhamos para o nosso dia a dia".

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Sente que cada vez que cá vem um grande cria-se a expectativa de que o Moreirense pode conseguir um bom resultado?

"Sim, são mais eles que podem contar da própria experiência do que propriamente nós. Queremos muito fugir a isso porque nós sabemos quem queremos ser. Queremos ser uma equipa que jogue de igual forma contra qualquer adversário e essa foi a nossa grande proposta. Nós queremos ser uma equipa que tenha capacidade para poder competir pela vitória em qualquer jogo. E a verdade é que no campeonato que nós jogamos, particularmente contra cinco grandes clubes, clubes da dimensão do Moreirense à partida já estão derrotados. E nós queremos trabalhar ao máximo para inverter isso, obviamente conscientes das diferenças que existem em inúmeros aspetos. Depois, gostamos de olhar muito mais do ponto de vista da oportunidade do que propriamente do ponto de vista do problema e da dificuldade. Se nós sabemos para onde é que queremos ir, se trabalhamos muito naquilo que é o nosso crescimento, as nossas ideias, queremos ser uma equipa que tenha capacidade para ter bola, para bater essa tal pressão alta e essa tal pressão que em muitos momentos vai ser muito agressiva, vai ser individual no campo inteiro. E é sobre isso que nós trabalhamos, independentemente de quem está do lado de lá. Uma coisa muito positiva é que nós gostamos efetivamente de jogar em nossa casa. É aqui que estamos todos os dias, é a nossa zona confortável, estão aqui as nossas famílias, os nossos adeptos, que têm sido inexcedíveis esta época no apoio à nossa equipa. E, portanto, é muito bom sinal que qualquer adversário que aqui venha se sinta desconfortável por jogar em nossa casa. Também temos nós a ambição de ir jogar fora e conseguir mexer essa equipa e demonstrar essa identidade".

O facto do Benfica estar a oito pontos da liderança e de não poder perder mais pontos pode jogar a favor do Moreirense?

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"É claramente uma questão que entra na esfera da equipa do Benfica e dos seus responsáveis. Eu vou jogar um jogo e o meu objetivo é ganhar. Mas o próprio resultado, eu não o controlo de forma nenhuma, porque o resultado depende daquilo que eu faço, depende do adversário, mais fatores que podem ter influência no resultado: um árbitro pode ter influência, o estado do terreno pode ter influência, as condições climatéricas podem ter influência, o público pode ter influência. Destas coisas todas, eu não controlo nenhuma delas. E, portanto, a forma como a classificação influencia, mesmo a nós eu não quero que nos influencie a nossa própria classificação, porque isso depois, no momento em que o jogo começa, não conta para nada. Aquilo que nós temos que estar conscientes é o que é que o Benfica pode apresentar do ponto de vista ofensivo? O que é que o Benfica pode apresentar do ponto de vista defensivo? Quais são as diferentes estratégias que podem vir daí? Como é que nós vamos pôr as nossas características, a nossa identidade ao serviço desses acontecimentos para conseguirmos estar mais perto do sucesso? Acreditando nós que, da nossa parte, aquilo que nós controlamos fazemos as coisas bem feitas, ainda estamos sujeitos a uma coisa que é aquilo que é futebol, que é nem sempre o melhor ganha. Nós trabalhamos muito sobre essa dimensão, de nos focarmos muito naquilo que é o nosso trabalho, naquilo que temos planeado para cada jogo. O adversário importa, sim, por aquilo que pode vir a fazer, e tentamos ao máximo não nos desviar disso, independentemente de irmos jogar contra uma grande equipa".

No jogo com o Estoril colocou em campo uma dupla de centrais formada pelo Gilberto e pelo Michel. O que quis tirar dessa experiência?

"É a análise normal de cada semana que um treinador tem que fazer, sempre com uma certeza, que é apresentamos aquela que, ao momento, é a equipa que eu penso que está mais próxima para vencer o jogo. Felizmente, para nós Moreirense, para mim, enquanto treinador, na questão dos centrais temos quatro centrais fantásticos, todos eles têm treinado de uma forma incansável. Devemos dar-nos ao luxo de ter a experiência de um jogador como o Marcelo, que tem um histórico que fala por si no futebol português, um jogador também igualmente experiente como o Maracás, a irreverência de dois jovens com formação em equipas muito grandes, como é o caso do Gilberto e do Michel, que passaram por Sporting e Palmeiras, que estão sempre e cada vez mais a morder os calcanhares aos nossos dois velhinhos, como eu costumo dizer, para conseguir ganhar o lugar deles. Felizmente, para nós, que temos muita matéria-prima para poder tomar decisões diferentes".
Que peso pode ter a ausência do Alanzinho?

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"É oportunidade para outros. O Alan tem sido um jogador que tem tido muitos minutos, já tem um histórico no Moreirense, com um peso muito grande naquilo que é a manobra ofensiva e também defensiva, por muito que às vezes não pareça da equipa. Um jogador muito inteligente a gerir timings de pressão, um jogador muito eficaz a correr para a frente no momento de pressionar. Mas, lá está, aquilo que eu disse em relação aos centrais, digo em relação a todo o nosso plantel. Este projeto Moreirense, que já era um projeto, a meu ver, de excelência no futebol português, pela dimensão do clube, pela dimensão da vila, pela dimensão cultural e humana, com a entrada do grupo tornou-se um projeto com muita ambição e onde eu sinto que todos nós temos um papel muito importante. Aquilo que nós conseguimos com um trabalho incansável por parte de toda a gente é dotar o Moreirense de um plantel muito vasto, com muitas soluções, com diferentes características e exatamente para os momentos em que nós temos jogadores que, por uma ou por outra razão, não podem jogar por motivos de força maior, nós temos soluções para combater essas ausências. E, portanto, zero preocupados, vamos apresentar 11, vamos apresentar nove no banco e, portanto, vamos fortes".

Por Bruno Freitas
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