Sp. Braga retira confiança a Pedro Proença e pede o fim da Taça da Liga

"Perante tais evidências, o SC Braga anuncia que abandonará, de imediato, a Comissão Permanente de Calendários e retira a sua confiança a esta Direção."

• Foto: Nuno Fonseca

O Sp. Braga emitiu um comunicado mostrando a sua indignação por causa da calendarização da época, no qual retira a confiança à direção da Liga e pede o fim da Taça da Liga.

O clube arsenalista acusa a Liga de inviabilizar um "acordo obtido" com o Boavista para o jogo entre ambos se realizasse em 29 de dezembro.

Na terça-feira, a LPFP divulgou o programa entre a nona e a 13.ª jornadas, com a visita do Sporting de Braga ao Estádio do Bessa agendada para 31 de outubro, às 20:15, numa data que não coincide com o desejado pelos bracarenses.

"Inusitado se torna que a Direção da Liga tenha entrado em cena para negar a concretização do acordo obtido entre o Sporting de Braga e o Boavista e validado pela CPC [Comissão Permanente de Calendários]", único órgão a quem compete a marcação das jornadas", refere o clube 'arsenalista' em comunicado.

O clube argumenta que a vontade de alterar a data do jogo tinha a ver com o duplo compromisso com os turcos do Besiktas na Liga Europa, em 24 de outubro, em Istambul, e em 07 de novembro, em Braga, que implica uma sobrecarga de "seis jogos em 18 dias".

Uma situação que, segundo o clube minhoto, levou a que o assunto fosse apresentado no início de setembro à Comissão de calendários, com prévia indicação positiva do departamento jurídico da Liga, e a nova reunião daquele órgão em 10 de setembro.

De acordo com o Sporting de Braga, nessa segunda reunião, agendada devido à oposição de um clube, Tondela, Gil Vicente, Leixões, Cova da Piedade e Mafra votaram favoravelmente "à possibilidade de marcação de jogos das equipas que participam em competições europeias para o 'break'", mas Benfica, FC Porto e Sporting votaram contra.

O Sporting de Braga explica ainda ter recebido no mesmo dia um email do departamento de competições da Liga a manter o jogo na data acordada pelos clubes (29 de dezembro), mas que o organismo acabaria por nunca oficializar.

Ainda segundo o clube, a LPFP cedeu "à pressão de uma minoria" e remeteu o assunto para a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que terá afirmado não ser da sua competência a marcação de jogos.

"A Direção da Liga demonstrou, claramente, que daria o 'tempo de compensação' necessário para que a vitória de uma minoria acabasse por se materializar", acusa o Sporting de Braga, acrescentando que é uma decisão que afronta a Comissão Permanente de Calendários.

Para os bracarenses, o que acontece é "um ato político revelador", que o clube minhoto denuncia para demonstrar a "hipocrisia que reina no futebol português".

A finalizar, o Braga diz que a própria Liga criou a convicção de que a nona jornada era definitiva, situação que prejudicou o planeamento e logística, pelo que o clube pedirá, "em sede própria, o ressarcimento dos danos".

"O Sporting de Braga anuncia que abandonará, de imediato, a Comissão Permanente de Calendários e retira a sua confiança a esta Direção", refere ainda a nota, acrescentando que defenderá ainda o fim da Taça da Liga - a exemplo do que aconteceu em França -, face aos condicionalismos nos calendários.

Comunicado

O SC Braga tem alertado para a necessidade de criar condições para que as equipas portuguesas a competir na Europa possam conciliar a exigência das provas internacionais com os calendários internos. É do interesse coletivo que Portugal tenha sucesso na UEFA, contribuindo para que tão rapidamente quanto possível o nosso País consiga recuperar o 6º lugar no ranking, assim garantindo mais e melhores vagas de acesso às competições europeias.

Aliás, e na sequência de um comunicado emitido por esta Sociedade a 27 de agosto, foi com agrado que se verificou, na Cimeira de Presidentes de 3 de setembro, uma ampla maioria favorável à adequação dos calendários, tendo sido vincada pelos Clubes a urgência de favorecer a prestação das equipas portuguesas na UEFA, abrindo-se a possibilidade de enquadrar jogos na paragem competitiva de finais de dezembro.

Após a Cimeira, registou-se de imediato a inclusão desta Sociedade – a par do Vitória SC – na Comissão Permanente de Calendários (CPC), ainda que sem direito de voto, realizando-se a 4 de setembro uma reunião da Comissão que, perante prévia indicação positiva do Departamento Jurídico da Liga, aprovou o pedido desta Sociedade para que o Boavista FC x SC Braga, relativo à 9ª jornada da Liga NOS, fosse agendado para 29 de dezembro, permitindo assim que a nossa equipa pudesse competir da melhor forma em Istambul, onde defronta o Besiktas JK a 24 de outubro, aí iniciando um ciclo de 6 jogos em 18 dias e que engloba ainda a receção à equipa turca, a 7 de novembro.

Um duplo confronto que pode ser decisivo para a continuidade do SC Braga na Europa e para a subida de Portugal no ranking, mas que surge entre quatro jogos de Liga NOS, constrangimento que o Boavista FC se predispôs a mitigar, revelando uma compreensão que deve ser enaltecida.

Perante a clareza dos factos e dos acordos expressos, e considerando que a reunião da CPC havia sido conclusiva, o Departamento de Competições da Liga formalizou por email, às 00h52 de 5 de setembro, o mapa de jogos aprovado até à 13ª jornada e no qual o Boavista FC x SC Braga surge agendado para as 15h30 de 29 de dezembro, não obstante a oposição manifestada por um clube, que usou de todos os expedientes para protelar a questão, conseguindo que nova reunião da CPC fosse agendada para 10 de setembro.

Aí, e conforme consta da ata, foi votada a "possibilidade de marcação de jogos das equipas que participam em competições europeias para o break no sentido de proteger essas equipas em competição", tendo-se registado os votos favoráveis de CD Tondela, Gil Vicente FC, Leixões SC, CD Cova da Piedade e CD Mafra e os votos contra de SL Benfica, FC Porto e Sporting CP, que curiosamente são clubes que competem na Europa e que teriam, no plano teórico, o máximo interesse na competitividade do futebol nacional na UEFA.

Perante a maioria expressa, o Departamento de Competições da Liga ratificou, em email enviado às 18h41 do dia 10 de setembro, a marcação de jogos até à 13ª jornada, mantendo o Boavista FC x SC Braga na data acordada entre os clubes.

Desta forma, seria expectável que a Liga Portugal oficializasse a marcação da jornada, tendo tal publicação sido continuamente protelada, ignorando a votação clara da CPC, o parecer do Departamento Jurídico da Liga e o próprio Regulamento de Competições, que não cria qualquer obstáculo à realização do referido jogo na data acordada entre os clubes.

Porém, e cedendo à pressão de uma minoria, a Liga Portugal remeteu o tema para a Federação, tendo esta reiterado que a marcação de jogos não é da sua competência, pelo que mais inusitado se torna que a Direção da Liga tenha entrado em cena para negar a concretização do acordo obtido entre o SC Braga e o Boavista e validado pela CPC, único órgão a quem compete a marcação das jornadas, em mais uma clara demonstração de submissão aos antigos poderes do nosso futebol e de falta de coragem perante os interesses instalados e aos quais esta Direção tem mostrado uma estranha obediência.

A Direção da Liga demonstrou, claramente, que daria o "tempo de compensação" necessário para que a vitória de uma minoria acabasse por se materializar, afrontando não apenas a soberania da CPC, mas até a posição vincada pelos Presidentes na Cimeira de dia 3.

Este é um ato político revelador e que o SC Braga denuncia por entender que ele é elucidativo da hipocrisia que reina no futebol português, onde todos enchem a boca para reclamar o incremento da sua competitividade, mas onde se usa de todos os expedientes para que se cumpra a vontade do status quo instalado, nem que para tal a Direção da Liga ignore e viole o Regulamento de Competições aprovado pelos Clubes.

Por ser ilegal e irregular, o SC Braga não pode calar a sua revolta perante a postura revelada em todo este processo pela Direção da Liga Portugal, pela sua Diretora Executiva, Helena Pires, e pelo seu Presidente, Pedro Proença, ficando também muito clara a farsa em que se transformou o futebol português e que ajuda a explicar a grande perda de competitividade das nossas equipas e dos nossos campeonatos, interesse superior que é constantemente secundado pela eterna subserviência a três clubes e aos seus caprichos hegemónicos.

Não pode ainda o SC Braga deixar de exigir à Liga Portugal e aos seus representantes, em sede própria, o ressarcimento dos danos patrimoniais causados ao Clube, já que, em face da convicção criada pela própria Liga de que a marcação da 9ª jornada era definitiva, o Clube fez um planeamento desportivo e logístico que vai sofrer um prejuízo inevitável, sendo já claro o seu impacto em deslocações e estágios pré-agendados e havendo que acautelar os danos desportivos que possam advir.

Perante tais evidências, o SC Braga anuncia que abandonará, de imediato, a Comissão Permanente de Calendários e retira a sua confiança a esta Direção.

De igual modo, e perante a notória sobrecarga dos calendários e da indisponibilidade de datas para o seu acondicionamento, este Clube não deixará de questionar a sustentabilidade dos quadros competitivos, manifestando desde já a sua posição quanto à não continuidade da Taça da Liga, a exemplo do que aconteceu em França, e como conclusão dos condicionalismos que esta prova está a colocar aos calendários dos clubes nacionais.

Acresce o facto de a competição, ao contrário do apregoado, não distribuir receitas pelos clubes que a tornem financeiramente atrativa, sendo um mero sorvedouro de fundos para alimentar as vaidades da Liga e a sua ânsia de protagonismo, assim condenando uma ideia meritória mas que tem vindo a ser sacrificada pela forma como a Liga a tem gerido, criando um empecilho aos clubes nacionais.

O SC Braga continuará a lutar pelo seu direito a crescer desportivamente e terá acrescido orgulho por contribuir tanto como tem contribuído ao longo dos últimos anos para o sucesso do País na Europa.

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