Nuno Sousa e a nova opção de voto: «Tudo parece feito à pressa, sem o devido debate»

• Foto: David Cabral Santos

Em vésperas da realização da Assembleia Geral do Sporting, marcada para este domingo, que irá decidir acerca de vários pontos em discussão, entre eles o relatório e contas recentemente apresentado, bem como a hipótese de ser aplicado um voto eletrónico à distância, além da possibilidade da atual porta 7 do Estádio José Alvalade passar a ter o nome de Cristiano Ronaldo, várias elementos ligados ao universo leonino tem mostrado alguma reticência relativamente a certos assuntos em cima da mesa.

A verdade é que o tema centrado na possibilidade de existir no futuro um voto eletrónico à distância, numa votação que será decidida pelos sócios através da análise do ponto 2 da ordem de trabalhos, tem gerado grande discussão entre o universo dos verdes e brancos e, a Record, Nuno Sousa, um dos rostos da oposição à direção de Frederico Varandas, mostra-se crítico de tais decisões. O ex-candidato à presidência do Sporting vê como bem intencionada a opção de alterar o modelo de votação tanto para AG como para eleições, mas discorda com a forma.

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"É um tema que a direção tentou renomear para voto universal para não gerar tanta discussão. Percebem que está aqui o iVoting. Independentemente de todos sermos a favor de mais sócios votatem, temos de ter atenção a vários fatores. E dada a matéria, não está a ser dada atenção por parte da direcção, pois a única em proposta em cima da mesa é a alteração dos estatutos. Mas onde está o regulamento eleitoral adaptado e alterado? Onde está explicado como serão os cadernos eleitorais? Qual será a tecnologia e mecanismos de controlo? Como é que as listas terão acesso a esse controlo? Há uma série de questões sem resposta. Tudo parece feito à pressa, sem o devido debate e discussão para que a proposta pudesse ter tal robustez para ser acolhida pelos sócios. Estão a pedir um cheque em branco para um princípio genérico, que é bom, mas está incompleto. Há muitos capítulos incompletos. Por muito que goste do princípio do voto eletrónico à distância, não poderei dar o meu ok, porque há falhas enormes", questiona o gestor de 47 anos, recordando que, na sua perspetiva, os sistemas informáticos podem apresentar falhas decisivas no processo de votação.

"É óbvio que todos os sistemas informáticos têm falhas, mas por não sabermos que tipo de plataformas e mecanismos são utilizados, parece que estamos a esconder os riscos. Depois as pessoas aceitam ou não. Por exemplo, todos sabemos o nível de risco de andar de carro e escolhemos se andamos; aqui não sabemos o que escolher porque não nos é dito nada", compara o ex-candidato, que não deixa de apontar o dedo à forma como vai decorrer a votação pelo ponto 2 da ordem de trabalhos da AG.

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"Há pessoas que estão satisfeitas com essa hipótese. Eu fico satisfeito com a hipótese de todos os sportinguistas poderem votar, estejam no Canadá, Austrália ou Vila Real… A primeira reação dos adeptos é que a solução é boa, mas depois começam surgir dúvidas relativamente a questões da forma como voto eletrónico distância será feito. Exigia-se uma proposta mais concreta e completa. Se calhar sportinguistas de longe estão satisfeitos com isso. Tenho pena que não consigamos, por opacidade de debate e carinho desta direção, que a proposta seja mais bem aceite", sublinhou.

Debate por Cristiano Ronaldo e funcionamento da AG

Outro ponto na ordem de trabalhos da AG leonina deste domingo tem em conta a opinião dos associados acerca da hipótese de Cristiano Ronaldo passar a dar nome à porta 7 do Estádio José Alvalade. Ainda assim, na perspetiva de Nuno Sousa, tal tema não ganha tanta importância em comparação com o ponto em torno do voto eletrónico à distância.

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"Parece-me que a porta chamar-se Ronaldo não é tema, comparativamente a outros assuntos. Não me parece que seja um assunto tão importante. Acho que se podia usar a AG de forma mais aprofundada para um tema como é o voto eletrónico à distância do que para uma coisa tão simples como dar o nome a uma porta. Já houve nomes de sponsors nas portas do estádio e nunca houve votação para tal. Tratar uma proposta como o iVoting de forma exatamente igual à questão da porta do Ronaldo, não faz sentido. O iVoting devia ter uma AG extraordinária para tratar da alteração dos regulamentos. Imaginando-se que a proposta passa, os regulamentos ficam desajustados. Dar o mesmo valor entre várias propostas parece-me que não é bom. Parece-me que é para desviar a atenção. Chamar-se Ronaldo, Carlos Lopes ou Joaquim Agostinho não é tema. Acho que essa proposta passará. Já sobre o iVoting tenho dúvidas", defendeu, sem deixar de reiterar que o modelo atual que vigora em AG do Sporting "esvazia o debate, ainda para mais numa AG que tem uma situação ordinária e extraordinária".

De resto, a concluir, o ex-candidato à presidência leonina esclarece ainda que irá querer questionar a direção acerca de alguns temas no relatório e contas recentemente divulgado. "Vou querer esclarecer um outro ponto na AG, nomeadamente o valor que a SAD paga em royalties ao clube. Parece-me que as contas foram novamente salvas por esse lado. Só mesmo na AG é que poderei esclarecer outros pontos. Tirando esse ponto, não haverá outro que me coloque dúvidas", defende.

Por Filipe Balreira
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