O regresso dos lesionados vai ajudar a mudar depois a estratégia para os jogos? Permitir que haja intensidade maior...

"Sim, sem dúvida. Quando houver mais gente... São jogadores importantes, vai haver mais disponibilidade em termos de soluções em algumas zonas do campo. Nesse aspeto, dará para tornar a equipa mais competitiva e, acima de tudo, mais forte. São jogadores muito bons e que podem dar coisas diferentes aos que jogam neste momento. Quando temos todos, a equipa torna-se muito mais forte. Temos mais soluções, mais qualidades, e acrescentam todos coisas diferentes. Se ajudava tê-los no dérbi? É lógico que, tendo mais jogadores em algumas zonas do campo, podia dar algum conforto. Claro que iam dar mais consistência à equipa".

E termina a conferência

Perguntámos várias vezes a Ruben Amorim se podia prometer que, no mercado de inverno, não vinha buscar jogadores ao Sporting. Consegue prometer isso aos adeptos do V. Guimarães? E tem algum que lhe chame particularmente a atenção?

"Há jogadores muito bons no Vitória. Não me importo nada de lhe dizer. Promessas só trabalho, não prometo mais nada. O futebol é feito disso. O Vitória está a fazer uma grande época, principalmente na Europa. Há jogadores muito bons lá, mas não é só para o Sporting, é para qualquer outra equipa. Se algum momento tiver de indicar algum, terei de indicar sem qualquer problema. Promessas só trabalho, o resto é consequência".

Falou da intensidade da equipa frente ao Benfica nos primeiros minutos. O que podemos ver deste Sporting em Guimarães, uma equipa bastante intensa durante uma hora?

"Acredito e espero que sim, é para isso que trabalhamos. Acreditamos sempre que podemos ser melhores. Com o Benfica foram 45 minutos muito bons, os segundos penso que não foram tão bons. O Benfica adaptou-se, mas mais do que isso fomos perdendo alguma confiança e ficámos expostos a coisas que no futuro não podem acontecer. Falhámos alguns passes, pusemo-nos de forma não tão tranquila, principalmente na primeira fase de construção, deixámos o Benfica criar confiança extra. É isso que quero, que no futuro consigamos perceber o jogo, quando podemos sair de forma mais curta, quando não podemos. É isso que espero neste jogo. Sermos mais consistentes durante mais tempo".

Tem, por parte da direção, a garantia de que saíndo um jogador em janeiro, será só pela cláusula?

"O clube não precisa de me dar garantias, isso para mim é subjetivo. Há cláusulas nos atletas. Se baterem as cláusulas, às vezes o clube não pode fazer nada. Independentemente disso, não me foco nisso. Não estou preocupado. Estou preocupado com o jogo de amanhã, será difícil. O mercado não mexe comigo".

Como espera ser recebido em Guimarães?

"É uma massa adepta diferenciada. Aquilo que mais tenho em mente é que, internamente, serei muito bem recebido. Continuaremos a ter um grande carinho por toda a estrutura. Em termos externos, acredito que uns percebam, outros nem tanto. Vivem muito o clube. Acredito que há malta que não tenha gostado tanto e entendo. Mas para mim, na minha cabeça, está bem ciente o carinho que tenho por eles e pelo clube. É um clube especial. Ter a sorte de treinar no Vitória... Vivo bem com o carinho que tenho e terei, independentemente de haver gente a gostar mais ou menos".

Preferia manter Gyökeres a ir buscar reforços, apesar das lesões?

"Preferia claramente ficar com o Viktor, é um jogador diferenciado, que está identificado com a equipa e com os colegas. Logo aí já está muito à frente. Não fugimos a essa importância dele. Ter de adaptar alguém à equipa, ao clube... Uns adaptam-se mais rápido, outros menos. O Viktor é um jogador importante e qualquer treinador gostaria de contar com ele até ao fim."

Com o regresso à liderança, considera que neste momento o Sporting volta a ser o favorito ao título?

"O principal favorito acaba por ser porque é o atual campeão. De resto, será um campeonato difícil e disputado até à última jornada. Mas também acredito e muito que faremos tudo para ser bicampeões. Mas não podemos baixar a guarda, não podemos deixar de ser competitivos, consistentes. Quem for mais consistente, será a equipa campeã. O meu desafio é fazer com que a equipa o seja. Alguns jogos vão ser muito difíceis e vamos ganhar em pequenos pormenores. O futebol é cada vez mais competitivo".

Em que estado está a equipa agora? Há muito trabalho a fazer? Como encara este jogo a nível pessoal e da equipa

"É normal a parte externa criar mais burburinho no sentido de haver o momento menos bom. Eu disse que o Sporting estava em todas as frentes. Não havia causa para eles estarem desconfiados da qualidade da equipa. Foi isso que pedi e eles demonstraram. Mentalmente capazes e felizes. Não podíamos estar mais felizes e otimistas, e os jogadores têm de sentir isso. São campeões e têm de ter isso na cabeça. É porque são bons. E quando as coisas não correrem tão bem, não pode haver desconfiança. Isso é a pior coisa numa equipa de futebol. Mesmo em momentos em que não estávamos tão bem, a malta agarrou-se uns aos outros contra o Benfica. Quanto a mim, é especial porque foi um clube que apostou na equipa técnica do Rui Borges. Onde eu era feliz, com toda a sinceridade, onde o ambiente era muito bom internamente e não só. Acredito que [os adeptos] tenham ficado algo magoados, mas o futebol é mesmo isto. Daquilo que é o carinho interno, tenho um carinho enorme pelos jogadores do Vitória, por toda a estrutura. Ficarão para sempre, independentemente de onde esteja. Percebo o desgosto dos adeptos em verem sair o treinador, mas vão ser bons de igual forma com outro".

O mercado pode mexer com o seu trabalho... Tem um plano? Que zonas gostaria de reforçar? E em termos de saídas?

"O meu plano é o trabalho. Claro que queremos sempre os jogadores mais identificados com a nossa ideia, mas vou falar um bocadinho do meu caminho. Adaptei-me sempre ao que tivemos nos clubes. Neste caso, tento adaptar a equipa. E depois, dentro disso, cada um tem as suas qualidades e vai dar coisas diferentes. Mesmo numa ideia de jogo minha. Aquilo que controlo é o meu trabalho. Independentemente de quem entrar ou sair. Estou a falar a sério. Não me preocupo muito com isso porque é perder tempo. O futebol é feito disto e temos de saber conviver com isso. Tenho capacidade de me adaptar e de perceber os contextos, ter a capacidade de ser bom de que forma for".

Está preparado para perder Gyökeres em janeiro?

"Estou preparado para o jogo do Vitória, é nisso que me foco. Se formos acreditar sempre nisso... Os jogadores têm cláusulas. Enquanto treinador, foco-me no que tenho de trabalhar. É esse o meu foco. Tento ao máximo não me desviar disso porque é a única coisa que controlo. O resto é para a estrutura, para o clube. Foco-me no que temos e no jogo com o Vitória".

Focou-se muito na atitude dos jogadores na estreia. Agora, com mais dias de trabalho, será possível ver um Sporting mais à Rui Borges?

"Já foi um Sporting à imagem de Rui Borges. Competitivo, intenso... Umas vezes mais, outras menos, faz parte. Acima de tudo, os princípios da parte competitiva têm de lá estar. O futebol, cada vez mais, é competitivo, intenso, pede mais ações dessas, e temos de estar adaptados a isso. Se não estivermos, não chega a tal inspiração. A atitude tem de lá estar, a intensidade... E eles tiveram-na. O maior desafio para nós é manter essa consistência a nível de intensidade, competitividade e qualidade de jogo, que aos poucos acredito que será melhor. Seremos um grande Sporting".

Como foi vivida na sua aldeia a prestação contra o Benfica?

"Acima de tudo, na minha cidade, no carinho que recebi no dia de folga, foi agradável. Independentemente das cores futebolísticas, demonstraram um carinho imenso. Foi um bocadinho difícil na rua, mas faz parte saber conviver com isso. Feliz pelo carinho de uma cidade pequena, mas que valorizou o meu caminho".

Eduardo Quaresma e Fresneda jogaram à direita contra o Benfica. Como vai fazer contra o Vitória?

"Olho para os dois e têm caraterísticas diferentes. Independentemente de o Quaresma ser central de raíz, acho que tem caraterísticas para ser um grande lateral. Gosta de ouvir, às vezes também faz um bocadinho o jogo dele e dá-nos muito. O Ivan também entrou muito bem. O Quaresma fez um jogo muito competente, muito forte nos duelos, e ofensivamente é agressivo, 'abusado' no sentido de ser dinâmico em zonas interiores e exteriores. É rápido... Sinto que pode ser um grande lateral, não esquecendo que também é um grande central. Também pode jogar por dentro e certamente jogará lá no futuro. Mas neste momento, é muito útil. Fresneda também tem trabalhado imenso. Muito feliz com os dois".

Previsão para o regresso de Pote? Bragança e Inácio...

"São jogadores que estão fora do próximo jogo. É isso que sei, mais do que quando voltam. O desejo é que recuperem bem e é esse o foco. Para este jogo estão fora. Pote? Treina mas não treina com a equipa".

Já tem mais alguns dias de trabalho com a equipa e o mercado está aberto. Precisa de reforços?

"Vou ser muito simples a responder a isso. Mais do que o mercado, tenho de estar preocupado com os jogadores que tenho. Cheguei há pouco tempo e tenho de acelerar processos e comportamentos. Agarro-me sempre aos que tenho, não me queixo de nada. Se olharem para o meu caminho, não me foco nisso. Foco-me no que tenho de fazer agora. Temos de trabalhar no que queremos para a equipa ao longo do tempo, e serão semanas bastante intensas. Não há muito tempo para irmos metendo o que queremos. Estou muito mais preocupado em focar-me naquilo que eles podem dar e fazer consoante o que desejamos. Não me posso desviar para o mercado. Queremos ser consistentes com o que temos. Depois, se o mercado der alguma coisa, ótimo. Se não der, seremos competentes com os que temos".

Conseguiu dormir depois do dérbi ou acordou algumas vezes a festejar o golo do Geny? Que recordações vai ter dessa estreia?

"Sinceramente, o ambiente. Os adeptos estiveram connosco do início ao fim e foi extraordinário sentir esse calor, esse carinho. Principalmente para a equipa, são eles que jogam. Acima de tudo, esse carinho e essa atitude, energia que passaram de fora para dentro. Jamais esquecerei porque foi o primeiro e uma vitória muito importante. Felizmente dormi bem. Estava tranquilo, os jogadores fizeram aquilo que fomos pedindo. Mas no dia seguinte já estava a pensar no Vitória".

A nível estratégico frente ao V. Guimarães, acredita que poderá ser surpreendido por Daniel Sousa? Ou acha que o seu conhecimento da equipa poderá ajudar?

"Acredito acima de tudo que, aos poucos, o treinador vá querendo meter algumas nuances dele, algumas ideias próprias. Dentro de uma equipa muito bem trabalhada, que tem uma dinâmica forte. O treinador conhece a equipa, os jogadores também conhecem o treinador, sabem a nossa maneira de trabalhar. Acredito que será um jogo bastante difícil porque é uma equipa que joga muito bem, valoriza o jogo, o futebol, tem individualidades muito boas e que a qualquer momento podem desequilibrar. Será um jogo muito difícil, num campo muito difícil, com adeptos fervorosos. Só perderam com o FC Porto em casa. Será um jogo muito difícil para nós. Vão acrescentando pequenas coisas que não conhecemos. Também só temos um jogo de observação com o treinador atual. Vou dizer o mesmo que disse com o Benfica. Vamos focar-nos muito mais em nós, no que controlamos. Se formos capazes, conseguiremos fazer um grande jogo e alcançar uma vitória muito importante".

Rui Borges faz a antevisão ao V. Guimarães-Sporting

O treinador do Sporting, Rui Borges, faz esta quinta-feira, pelas 12h30, a antevisão ao jogo com o V. Guimarães, uma casa que bem conhece e que deixou há pouco mais de uma semana para rumar precisamente ao clube de Alvalade. O encontro está marcado para amanhã, sexta-feira, pelas 20h15.