Terminou a conferência de imprensa de Rui Borges

Rui Borges: «A empatia com o Ruben era muito diferenciada e toda a gente de fora via e sentia isso, mas agora a liderança é de Rui Borges»

O choque emocional que os jogadores do Sporting tiveram com a saída de Ruben Amorim foi finalmente ultrapassado esta noite com a vitória no dérbi?

"Não olho para as coisas dessa forma, olho para aquilo que consigo controlar. Eu olho para a equipa e sinto-a bem, independentemente do choque ou não que possa ter havido, acredito que tenha havido porque a empatia com o Ruben era muito diferenciada e toda a gente de fora via e sentia isso. Acredito que teve um impacto muito grande inicial, mas é passado. Agora a liderança é de Rui Borges. Nova liderança nesse sentido, nova forma de pensar e de trabalhar. Acima de tudo, é sentir se eles estão recetíveis a isso e eles estão bastante e deram a demonstração disso hoje no jogo. É nisso que me foco e por onde me oriento."

Rui Borges: «Acredito que o Benfica não esperava um Sporting tão forte no começo de jogo»

Sente que surpreendeu Bruno Lage pela forma como montou a equipa?

"Não, creio que ele estava preparado. Acima de tudo, quem surpreendeu foram os jogadores, com o dinamismo que tiveram, sobretudo na primeira parte, porque acredito que não esperavam um Sporting tão forte no começo de jogo ou ao longo da primeira parte. Não houve stress nenhum. Eu sentia a equipa confortável, apesar de o Benfica nos ter empurrado mais para trás. A equipa estava confortável, não havia caso para meter três centrais ou uma linha de cinco. Mesmo sem meter o Debast, podia ter metido o Matheus para dentro e o Maxi mais baixo, o Harder à largura... Ainda pensei, mas achei que seria empurrar a equipa ainda mais para baixo. Sentia que se tivéssemos um bocadinho mais de calma e de qualidade, num ganho de bola, poderíamos fazer o 2-0. E podíamos ter feito por duas ou três vezes. Senti que podíamos ganhar uma segunda bola porque eles estavam a expor-se demasiado, a equipa estava com um espírito enorme e com essa capacidade. Nunca pensei nesse sentido, até pelo contrário, tirei o Trincão e meti o Harder, com dois avançados e a ganhar 1-0 com o Benfica a empurrar-nos um bocadinho mais para baixo. Podia sofrer golo e estava aqui a dizer o mesmo. A equipa teve um espírito competitivo acima da média."

Rui Borges: «Se a energia da equipa e dos adeptos continuar assim, não tenho qualquer dúvida de que seremos muito felizes até ao fim»

A tarja dos adeptos sobre a frase "quando faltar inspiração, que não falte atitude"

"É uma imagem daquilo que têm sido as mesmas equipas, com qualidade mas muito competitivos. Não vamos fugir a isso e aos pergaminhos do Sporting, a alma. Temos de ter essa atitude do início ao fim, independentemente do que acontecer. Se a atitude tiver lá, os adeptos do Sporting vão estar sempre connosco até ao final. Hoje foram muito importantes, muito mesmo. Que esta energia seja assim até ao final. Se a energia, quer da equipa, quer dos adeptos, não tenho qualquer dúvida de que seremos muito felizes até ao fim."

Rui Borges tranquiliza adeptos sobre Quaresma: «Foi desgaste. Saiu com cãimbras. Fez um belíssimo jogo até sair»

Morita teve de fazer algum sacrifício extra? Há algum problema físico com Eduardo Quaresma?

"Foi desgaste. Saiu com cãimbras. Fez um belíssimo jogo até sair. O Fresneda entrou muito bem, competitivo e ligado à equipa. Acredito em toda a gente. A malta que entrou, entrou com um espírito competitivo muito grande, o Maxi, o Harder, o Simões... entraram todos muito bem, com o espírito e alma precisa. Morita? É gestão de tempo. Vem de uma lesão, não podíamos em algum momento perder novamente o Morita, não valia o risco. O Simões tem dado boas respostas, não foi comigo, mas tem dado. Confio em todos os jogadores e deram todos uma resposta muito boa."

Rui Borges: «Os jogadores têm de sentir que são muito bons, que foram campeões nacionais porque são bons. A passagem para o primeiro lugar dá-lhes essa confiança»

Viu-se um Sporting bastante forte na primeira parte e teve apenas 3 dias de trabalho. Que impacto pode ter este salto do Sporting para a liderança?

"O impacto é passar a confiança aos jogadores, eles têm de sentir que são bons, que são muito bons, que foram campeões nacionais porque são bons. A passagem para o primeiro lugar dá-lhes essa confiança, de alguma forma. É lógico que a motivação e a confiança aumentam, agora não podemos é baixar os braços porque vai ser uma luta até ao final. Eu sei que eles vão agarrar-se àquilo que são e àquilo que foram estes três dias. Eu sou muito de sentir, então para mim é difícil dizer o que fiz com eles. Fui eu próprio. Tentei passar confiança ao máximo, perceber algumas coisas individual e coletivamente. Falei com eles. Ajustámos. A malta falava muito no sistema. Nós defendemos em 4-4-2, o Ruben também já defendia assim em alguns momentos do jogo também. Era algo que eles estavam minimamente recetivos a isso. Em termos ofensivos é certo que mudámos, mas se estiverem atentos o sistema é só um começo. Fomos construindo a quatro, a três, tivemos várias nuances, eles foram acreditando que éramos capazes e fizeram um belíssimo jogo. Uma primeira parte fantástica, uma segunda parte mais sofrida, mas também faz parte."

Rui Borges: «Quando as luzes se apagarem nem sei se durmo hoje...»

Como foi gerir no banco quando a inspiração não surgiu na segunda parte? Depois, quando as luzes se apagarem, como vai recordar esta sua estreia pelo Sporting?

"Quando as luzes se apagarem nem sei se durmo hoje. Por tudo. Pela adrenalina, pela felicidade também. Amanhã acordo a pensar no Vitória. Conheço a equipa do outro lado muito bem e sei que vai ser um jogo muito difícil. Eu hoje estou feliz, rio-me, mas amanhã quem me vir, vou estar sério, de cara fechada, porque já estou com a cabeça a mil a pensar como vamos ganhar e passar pelo Vitória. A ausência de inspiração? Foi sabe sofrer um bocadinho com eles, é todos juntos. Nós de fora para dentro também ajudamos. Foi um bocadinho isso. Acima de tudo, senti-os confortáveis. Foi um sofrer num bom sentido porque o Benfica também não teve oportunidades claríssimas de golo, apenas lances perto da nossa baliza, cabeceamentos. Mas sentia a equipa confortável. Sentia-me tranquilo. Sentia que os jogadores, mesmo quando falhassem, que iam conseguir anular a falha, que o coletivo conseguiria anular o individual. Senti muita alma da equipa."

Rui Borges: «Depois do jogo que fizeram hoje, jamais apontaria o que quer que fosse aos jogadores»

Trouxe a liderança e a confiança de novo ao Sporting. Isto vale mais por ter acontecido num Sporting-Benfica?

"Vale o mesmo, independentemente do adversário. É lógico que estes jogos são diferentes e que os jogadores estão motivados de outra forma, e é natural, eu hoje não precisava de motivá-los nesse sentido, precisava de libertá-los, que não desconfiássem. Ali na segunda parte, nos primeiros 15-20 minutos, começámos a desconfiar um bocadinho e perdemos bolas, às vezes sem grande pressão do Benfica. Perdemos alguns passes, mas depois conseguimos empurrar um bocadinho o Benfica com uma ou outra bola na profundidade para o Viktor. Senti a malta ligada, mesmo mal organizados na segunda parte, a querer pressionar alto porque a vontade deles era tanta, era o coração a falar. Mas a atitude deles foi fantástica. A parte difícil agora é passar os 45 minutos que tivemos de inspiração e atitude para mais de 45 minutos. No próximo jogo que seja 60 minutos, no outro 70'. A consistência é que vai levar a que tenhamos essa confiança. Eles acreditam neles, não podem duvidar deles, são campeões nacionais. Eles têm de estar motivados. Eu não vou apontar nada daquilo que falharem, vou apontar se não tiverem a atitude correta, mas depois do jogo que fizeram hoje jamais apontaria o que quer que fosse."

Rui Borges: «Vamos ter um jogo mais difícil outra vez na sexta-feira»

O que pode trazer esta vitória de bom à equipa?

"Para mim, três pontos. São três pontos muito bons. Acima de tudo, focaram-se naquilo que eu disse ontem, tinha dito que tínhamos de nos focar naquilo que tínhamos de fazer para para ganhar e eles focaram-se nisso. O ser primeiro é a consequência da vitória. Eles focaram-se primeiro naquilo que tinham de fazer para conseguir a vitória e foi isso que fizeram, e muito bem. É continuar a trabalhar. O que eu disse na 'flash' foi nesse sentido. Visto que acabou este jogo, vamos ter um jogo mais difícil outra vez na sexta-feira, em casa do Vitória, um campo difícil com adeptos muito fervorosos. Festejar hoje, têm esse direito e muito bem, porque fizeram por isso, mas a partir de amanhã é para pensar no jogo com o Vitória, que será muito difícil, ao nível do que foi hoje o do Benfica."

Rui Borges: «Estavam prontos para ouvir e aceitar. Logo por aí, era um bom pronúncio»

Como conseguiu mudar a atitude dos jogadores em apenas 3 dias? Tem a ver com a confiança que lhes passou ou com a sua liderança e imagem que passou aos jogadores?

"É como eu disse anteriormente, é mérito deles. Eu fui o Rui Borges. Tão simples quanto isso. Foi a equipa técnica do Rui Borges, não fui eu só, os meus adjuntos são muito importantes. Com a nossa simplicidade e maneira de ser, tentámos que eles acreditassem nas poucas coisas que falámos e perspetivámos para o jogo, dentro de algumas mudanças, nada de extraordinário e eles acreditaram. Estavam prontos para ouvir e estavam capazes de ouvir e aceitar. Logo por aí, era um bom pronúncio. Sentimos nestes três dias que a equipa ia dar uma resposta muito boa, ainda longe daquilo que a equipa técnica quer, ainda está muito longe, mas fizemos uma grande primeira parte, onde poderíamos ter feito mais que um golo. A primeira parte foi de inspiração e atitude e a segunda foi mais de atitude do que inspiração, mas faz parte. A equipa caiu em nível físico, mas agarrou-se enquanto equipa. Tinha pedido à equipa que, quando não estivéssemos tão bem com bola, se agarrasse à energia que passava de fora para dentro que eu sabia que ia estar. E foi o que aconteceu. A energia foi fantástica durante os 96 minutos, a equipa agarrou-se a isso também e saímos justos vencedores."

Rui Borges: «Não fiz milagres, o mérito é todo da equipa e dos jogadores»

O que sentiu quando pisou o relvado do Estádio José Alvalade? Acreditava que a equipa pudesse reagir de forma tão positiva à mudança tática?

"Eu sabia porque eu tinha dito na antevisão que a equipa e os jogadores, nos três dias que trabalhámos, tinham mostrado abertura para ouvir, para mudar, para compreender, para aceitar, e isso a gente sente logo nos primeiros momentos e é importante. Senti-os tranquilos, com vontade de mudar os resultados menos positivos que traziam. Não fiz milagres, o mérito é todo da equipa e dos jogadores. Agarraram-se a pequenas coisas, foram capazes. Pedi-lhes hoje que não íamos estar 90 minutos por cima do Benfica e que quando não estivéssemos que fôssemos uma verdadeira equipa e foi o que acabou por acontecer, especialmente na segunda parte. Entrada no estádio? Senti-me muito feliz. Foi o concretizar de um objetivo com o qual sonhávamos há 8 anos, quando comecei na minha terra, no meu clube, no Mirandela. É o concretizar de um sonho e não podia estar mais feliz depois da vitória."

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