Numa entrevista à BTV, Rui Costa abordou o tema Enzo Fernández, admitindo que tudo tentou para que o médio continuasse no Benfica até final da temporada, mesmo que já vendido ao Chelsea (um cenário que Record já tinha revelado). O presidente encarnado mostrou-se compreensivo com o facto de o internacional argentino querer um salário maior mas diz que "tudo mudou" quando Enzo rejeitou continuar mesmo sem perder um euro e sendo já jogador do Chelsea. "Não mostrou compromisso com o Benfica. Aqui pensei que ele não poderia jogar mais no Benfica."
O líder das águias disse que contratar um substituto seria sempre muito dispendioso, explicando ainda como Gonçalo Guedes chegou à Luz. Sobre Schjelderup e Tengstedt, lembrou que ainda estão em adaptação e abordou também as saídas e empréstimos neste mercado de inverno.
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Encaixados 128.3 M€, gastos 16M€
"Não eram estes números que queríamos estar aqui a ver. Quero ver daqui a uns meses o que foi conquistado esta época. Esta parte é importante para a vida do clube. A mensagem que deixo é: temos tudo para continuar a fazer uma bela época e vamos olhar para a nossa equipa como sempre olhámos. Estamos com a equipa certa, treinador certo, jogadores certos."
"Se tirarmos o valor do Enzo não gastámos de forma exagerada no mercado. Estamos a usar todos os critérios para termos o equilíbrio financeiro mas sempre olhando para o plano desportivo. Sabemos que linhas temos para percorrer e acima de tudo o projeto desportivo sempre à frente do financeiro mas com equilíbrio financeiro. Se algum benfiquista estiver preocupado com a parte financeira, digo que nada tem sido feito sem critério máximo."
Renovações à vista... mas sem abordar Grimaldo e Otamendi
Guarda-redes
"Não há hierarquias no plantel do Benfica. Há 24 jogadores que o treinador tem à disposição para escolher.
Renovações
"Desde que fechou a janela de agosto fizemos as renovações dos nossos jovens. Morato, António, Henrique, Florentino. Temos praticamente feita a do Ody, a do André Gomes estará feita esta semana. Há negociações com todos eles mas independentemente disso há compromisso de todos até final da época."
Rui Costa sobre emprestados
"Para o Henrique Araújo, escolhemos um campeonato que vai dar o que um ponta de lança precisa. Vai ter um crescimento enorme. O Paulo Bernardo também. João Victor vai para França, tínhamos seis centrais, vai jogar para se adaptar à Europa. São três jogadores que fizemos empréstimo não porque estavam em excesso mas pelo futuro deles.
Seferovic é uma situação diferente. Na Turquia não tinha utilização que queria então foi para Espanha, para jogar mais.
Rescisão de André Almeida
"O André é um dos nossos, são muitos anos a servir o clube, um jogador que esteve nos últimos 15 títulos do clube. Merece o respeito de todos nós. Chegámos a esta conclusão porque o André depois da lesão dele teve pouca utilização. Acabava contrato no fim da época e dando-lhe a rescisão no último dia de mercado dá-lhe a possibilidade de escolher já outro destino, caso contrário podia ficar sem minutos e sem escolha de outro projeto. Assim pode escolher outro projeto. Mas será sempre um dos nossos, deu muito ao Benfica. Nem sempre compreendido mas sempre de extrema importância."
Rui Costa e o porquê de não ter sido comprado um substituto para Enzo
"Situação de Enzo parte desde a última semana de dezembro. Estivemos sempre prontos para todas as posições do campo, não prescindirmos de nenhum titular, dos jogadores mais utilizados. Não estava equacionado nenhum médio centro. Quando se percebe que Enzo podia sair, estávamos mais do que prontos. A dez horas de fecho ele ainda podia ficar no Benfica. Tomámos a posição de lutar por ele até ao fim. Não valeu de nada. Todos os alvos que tínhamos, no último dia de mercado, eram de extraordinária dificuldade trazer. Não só os clubes não os libertavam, como um jogador que vale 10 ou 20 milhões passa a valer 50 M€ ou o valor da cláusula. Eu não ia trazer nenhum jogador só para mostrar que trouxe alguém para o lugar do Enzo. E temos toda a confiança nos jogadores do plantel. Completar por completar, temos os nossos jogadores da equipa B. É nestes jogadores que temos hoje de acreditar. Uma das mais-valias é os jogadores que estão no plantel estarem comprometidos. Às vezes com a saída de uns nascem outros. Lembrar o caso de António Silva, que face às lesões é titular e já esteve no Mundial. Temos de acreditar nos que nos querem representar e não nos que não querem. Estou bastante triste pela forma como acabou o mercado. Os dois dias finais trocaram a perfeição que nós queríamos, mas não vamos olhar mais para trás, e é isso que eu peço aos benfiquistas."
Rui Costa sobre as comissões no negócio Enzo
"O pagamento é parcelado. Há a ideia de que o pagamento tem de ser a pronto, mas volto a referir que o valor da cláusula não tem de ser a pronto. Ainda assim, insistimos, fomos batalhando durante aquelas horas, para que tivéssemos uma margem, uma almofada que nos desse a possibilidade de transformar qualquer modelo de pagamento que fosse numa almofada para podermos assegurar o levantamento das prestações que iriam ser feitas. Daí, exigimos para além dos 120M€, uma verba que chegasse aos 5M€ para esse fim. Nunca abdicámos desse objetivo e o negócio só se efetua quando chegámos a essa verba.
O Chelsea não paga os 125M€, paga os 121M€, um milhão acima do valor da cláusula e retira-se aos representantes 4 milhões e meio que permite a tal almofada que pretendíamos para fazer o levantamento das prestações, os juros. A operação para nós, que temos os 75 por cento do Enzo, vale como uma operação a pronto. Continuamos com uma almofada de 5M€. De uma forma ou de outra chegámos lá. Não saiu abaixo do valor da cláusula mas sim 5,5M€ acima desse valor. Ainda assim, quero que fique bem claro, nunca foi a nossa prioridade. Não foi por acaso que este negócio foi até ao limite do tempo.
Não se consegue trazer um jogador que tenha muito mercado sem dar ao agente um mandato de venda. Não se consegue uma transação destas sem isto. Esses dez por cento têm de ser pagos. Não é só no Benfica, é uma situação global. Nesta transação, reduzimos essa verba em 3,5 por cento. Não há como fugir a isto. Quando vamos um Enzo da vida nenhum empresário aceita que o jogador venha para o Benfica sem ter isso garantido porque todos os outros clubes o fazem em jogadores desta envergadura. Quando se faz a aquisição do jogador, não assina sem que o agente assine também. Foi assim, mas em vez de 10 por cento foi 3,5."
Aviso à formação por ocasião de Enzo
"O Enzo foi bem tratado por todos desde que chegou até sair. Tive a esperança de que desse prazer ao Enzo lutar pelo título. Quando ficou muito claro que ele não estava comprometido, não quero que vista mais a camisola do Benfica. Qeremos uma equipa com compromisso com os adeptos. Apesar dos jogadores saberem do que se estava a passar, em Arouca, deram tudo. É esse compromisso que eu quero em todos os campos. Perdemos um grande jogador, sim, mas não vamos ficar a chorar por um jogador que não quer estar no Benfica. O nosso caminho é para a frente, não para trás. Fui criado neste clube a ensinarem-me a honrar a camisola do Benfica. Respeito o Enzo, mas a escolha dele foi não ficar. Só queremos jogadores que queiram respeitar o Benfica. Aqui só estarão jogadores - vale também para a formação - que têm orgulho em representar a camisola do Benfica."
A saída de Enzo Fernández, com críticas ao jogador
"Tudo foi feito para que essa venda não se efetuasse. Estou triste por ele ter saído mas de consciência tranquila de que fiz o melhor para o Benfica. Procurámos não vendê-lo a meio do ano. Mas ele mostrou vontade em não ficar.
O valor da cláusula é a verba que está na cláusula mas que significa o acordo entre clube e jogador, que permite ao jogador decidir se quer continuar ou não. Desde o principio que tememos esse valor, que algum clube, neste caso o Chelsea, trouxesse o valor da cláusula. Voltou a dois dias e meio do final do mercado. Desde o princípio tememos que alguém trouxesse o valor da cláusula. Sempre que o Chelsea se aproximou, ele demonstrou que não queria ficar. O aumento salarial foi falado, a proposta foi feita. Mas metade da proposta salarial do Chelsea era inviável para nós.
Tentámos explicar junto dele, é um jogador extraordinário. Se iria perder valor no Benfica até final da temporada? De todo. Iriam aparecer muitos 'Chelseas'. Não tenho a menor dívida. Mas também compreendo que o jogador queira resolver de imediato, com medo de perder uma proposta que consideraria enorme.
Nunca conseguimos chegar a ele para convencê-lo. Sempre que o Chelsea se aproximava do valor da cláusula, praticamente não houve chance de alterar a cabeça dele. Foi muito incisivo a querer sair do Benfica. Foi intransigente. Respeito a decisão dele, ainda assim. Mostrámos-lhe todas as possibilidades mas ele nunca mostrou abertura para continuar. Criámos a solução de ele ficar até ao final sem perder um tostão. À hora do almoço de dia 31, meto em cima da mesa a proposta de o Chelsea comprar já e levá-lo apenas no verão. Mesmo assim ele mostrou-se negativo a ficar. Aqui a coisa muda. Respeito o receio de perder um grande contrato; outra coisa é ele não perder um euro e mesmo assim não querer ficar. E é aqui que eu mudo. Não mostrou compromisso com o Benfica. Aqui pensei que ele não poderia jogar mais no Benfica. Eu como adepto não queria mais este jogador, como gestor também não era solução e não poderia entrar mais no balneário. Não é bater no peito quando interessa. Foi ali que tomei a decisão de vender. Perdemos um grande jogador mas não vou chorar por um jogador que não quer representar o Benfica. Não chorem por jogadores que não querem estar cá. Fui criado neste clube a indicarem-me a honrar a camisola, caso contrário onde fica a frase "só queremos jogadores que honrem a camisola"?
Rui Costa sobre Schjelderup e Tengstedt
"Olhando para o plantel, considerámos algumas lacunas. Todo este trabalho é feito em consonância com a equipa técnica. Precisavamos de mais um extremo e de mais um homem de área. Daí estes dois nomes, para colmatar algumas lacunas. Dois jogadores de enorme qualidade, de presente e de futuro. Schjelderup merece enorme confiança de futuro. Recuperar filão nórdico? Foi sempre um mercado que resultou no Benfica. Tem de ser visto com estes olhos: tem muito talento, gerações extraordinárias. Acreditamos que sejam uma mais-valia. Tivemos o exemplo do Fredrik que chegou e em muito pouco tempo se integrou. Estes são mais jovens. Podem perguntar por que ainda não foram utilizados. Eles estavam em pausa de campeonato, daí a estarem a demorar mais a entrar na equipa. Tivemos o cuidado de pegar neles e fazerem uma mini pré-temporada. Estamos cada vez mais convencidos do que acábamos de fazer."
Rui Costa sobre as entradas
"Guedes não estava inicialmente na equação. Depois aparece a solução. Estra transferência foi feita em dia e meio, ele estava em negociações com outros clubes, candidatos mais valorizados e a partir do momento que soube da nossa vontade de o termos cá, não hesitou, não pensou duas vezes. Quando aparece o Guedes, que é uma mais-valia em várias posições, é um jogador português, da casa, que conhece o nosso campeonato, não pensámos também nós duas vezes e trouxemo-lo para casa."
Rui Costa sobre as várias saídas, caso a caso:
"Eram jogadores que não estavam a ter a utilização que tanto eles como o clube desejavam. Brooks chegou no último dia do mercado passado, numa altura em que Morato se magoou, quanto António Silva ainda não era António e João Victor e Lucas estavam aleijados. Teve muito poucos minutos. Quando fomos buscá-lo foi porque entraríamos na Champions apenas com Otamendi e António, que ainda não estava neste patamar. Precisávamos de nos precaver. Os outros três centrais estavam magoados. Tomámos essa decisão assim que Morato se aleijou. Estou muito grato pela disponibilidade que mostrou neste tempo. Não teve utilização que o próprio esperava porque o António agarrou o lugar. Depois tivemos todas à disposição e trabalhar com seis centrais não seria fácil.
De resto, uns foram substituídos outros ultrapassavam naquela posição o número desejável de jogadores. Helton tinha muita vontade de jogar, entendemos que deveria fazê-lo e acreditámos nos dois miúdos, Samuel e André, acreditamos neles e houve essa substituição. Procurámos algum equilíbrio, fazer uma gestão correta entre saídas e entradas e tornar o plantel mais forte."
Casa ficou mais arrumada neste mercado de janeiro?
"A ideia era continuar o projeto que iniciámos este ano, reduzir número de ativos que tínhamos nos últimos anos com encargos e até outros emprestados. Começámos este época com 65 ativos, entre os que sobem para a equipa A, etc. Era um número exagerado e o projeto passa por reduzir esse número. Agora estamos com 37. Seguindo as linhas do projeto, ter menos quantidade e mais qualidade. Importava também reduzir o número do plantel. Sempre disse que o ideal no plantel seria entre 24 e 27 jogadores. Foi assim que fizemos o caminho desde junho até ao fecho deste mercado. Numa linha geral, conseguimos em duas janelas aquilo que tínhamos ponderado fazer em 3 ou 4. Um trabalho excelente. Menos jogadores e mais qualidade."
Depois de um mercado de inverno movimentado, que terminou com a saída de Enzo Fernández para o Chelsea, Rui Costa explica-se hoje aos adeptos, na BTV. O presidente encarnado irá comentar esta transferência mas também as contratações que as águias fizeram nesta janela. Siga aqui em direto, a partir das 19h.
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