Rúben Amorim: «Pus o lugar à disposição»

Treinador reuniu há 3 semanas com Varandas e, revela, deixou o seu futuro nas mãos do líder, que lhe fechou a porta da saída

• Foto: Luís Manuel Neves

O cenário fora antecipado por Record ainda no fim de abril, após a eliminação do Sporting nos 'quartos' da Liga Europa ante a Juventus: a temporada 2022/23 mostrou falhanço em toda a linha, não se cumpriram os mínimos e tudo isso motivaria – porque Amorim assim o quis – uma reunião com a restante cúpula do futebol para definir o seu futuro. Essa, apurámos, aconteceu à entrada de maio e ontem, no lançamento do derradeiro jogo da época, hoje, em Vizela, o técnico dos leões revelou que deixou a sua continuidade nas mãos do presidente, pese este lhe ter fechado, de imediato, a porta.

"Nas conversas que tivemos com o presidente – onde esteve o Hugo Viana –, a primeira coisa que lhe disse era que punha o meu lugar à disposição devido ao falhanço dos objetivos", atirou o técnico quando foi questionado sobre o pouco crédito que já assumiu ter e até onde é que este lhe permitirá ir se, no ano desportivo que aí vem, houver tanto desperdício a abrir como no atual. Aí, foi taxativo: "Quando falo em fragilidade, sinto um enorme apoio de toda a gente, mas já vejo futebol há algum tempo e sei bem como são as coisas; sei bem o que aí vem: acredito que, para o ano, vamos dar a volta à situação, que vamos voltar ao nosso normal – que é ganhar muitos mais jogos do que aqueles que perdemos – mas entendo que depois de uma época difícil, com objetivos falhados torna a seguinte mais difícil, com muito menos crédito."

Então e se está a ler a 'sentença', o que correu mal? Rúben foi direto em cada palavra que vociferou e além dos "danos" que iam tornando irreparável a sua relação com o líder leonino, relacionados com a saída de Matheus Nunes para o Wolves, abordou o mau planeamento desportivo, mas também a falta de sorte em muitos momentos, que ganhou outra dimensão perante o domínio que o leão aplicou em jogos onde não conseguiu o principal objetivo: ganhar!

"Em certos momentos, acho que não tivemos sorte, da mesma maneira que eu falava na sorte quando fomos campeões, também para alimentar o assunto. Este ano dominámos jogos e não tivemos essa sorte em determinados momentos. Não houve um momento ou razão marcantes, mas um conjunto de vários."

Papéis nunca se irão inverter

Mas será que tem sido, pelo sucesso passado, Rúben a segurar Varandas? De todo, atirou logo a abrir um quarto de hora de oratória cinco estrelas, garantindo que faz apenas o seu papel, trabalhar em prol do Sporting. E depois de já ter posto o futuro nas mãos do líder verde e branco, não hesita em voltar a fazê-lo.

"Eu não seguro o presidente, porque o presidente é o responsável: dou a cara porque falo todas as semanas e o presidente não. Mas cada vez que falou e lhe perguntaram por mim, sempre me deu muita confiança, sempre disse que eu era um dos melhores do mundo, algo que eu não concordo. Faço apenas o meu papel. Ele, se quiser que saia, vou ter de sair e não o contrário", disse.

"Andei semanas frustrado"

A venda de Matheus Nunes ao Wolves, no defeso, contra os planos de Amorim, abriu um buraco na confiança com a administração e o presidente, fechado com o tempo, mas que, explica o treinador, também o afetou – e, com isso, a equipa. "Foi um grande erro e causou bastante dano na nossa equipa e até na relação entre todos, lá dentro, no Sporting – já o disse aqui e já o assumi; demorámos algum tempo a acertar a nossa harmonia e isso sentiu-se nos jogadores", lembrou Rúben, que prosseguiu com aquilo que sentiu após a ‘traição’: "Demorei muito tempo a centrar-me outra vez no essencial e andei umas semanas um bocadinho frustrado. É o meu maior arrependimento, mas sempre fui assim e foi difícil saber lidar com isso."

"Quem merece ser campeão? Nós não"

Com o campeonato a dar as últimas, Rúben Amorim foi novamente confrontado sobre se tem algum preferido para campeão nacional, sensação que experimentou há dois anos, em 2021. Manteve o discurso e só se preocupou com o Sporting, que pouco fez... para lá chegar. "Quem merece ser campeão? Quem for campeão. Quem não merece ser campeão este ano? Nós, o Sporting Clube de Portugal. O Sp. Braga fez por isso, o Benfica, fez por isso, o FC Porto fez por isso e nós tentámos fazer, não foi falta de esforço, foi falta de sermos competitivos. Não vou dizer quem merecia, quem não merecia de certeza fomos nós", atirou, rejeitando entrar em polémicas pelo 2-2 do Benfica em Alvalade, por pretenso fora de jogo de Florentino: "Não vi o lance. Foquei-me mais como sofremos o 2-2."

"Tempo a acertar harmonia"

A venda de Matheus Nunes ao Wolves, no defeso, contra os planos de Amorim, abriu um buraco na confiança com o presidente, fechado com o tempo, mas que, explica o treinador, também o afetou – e, com isso, a equipa...

"Foi um grande erro e causou bastante dano na nossa equipa e até na relação entre todos, lá dentro, no Sporting – já o disse aqui e já o assumi; demorámos algum tempo a acertar a nossa harmonia e isso sentiu-se nos jogadores", lembrou o timoneiro verde e branco, que prosseguiu com aquilo que sentiu após a 'traição': "Demorei muito tempo a centrar-me outra vez no essencial e andei umas semanas um bocadinho frustrado. É o meu maior arrependimento, mas sempre fui assim e foi difícil saber lidar com isso."

Por Bruno Fernandes
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