Jonas falha o arranque do campeonato, por ter sido operado ontem, pelo ortopedista António Martins, a uma fratura do osteofito do astragalo direito. Apesar do termo técnico pouco elucidativo para o cidadão comum, a verdade é que esta cirurgia na região do tornozelo, e que levou à remoção do fragmento, não inspira cuidados de maior e a pausa prevista é de duas a três semanas, estando o regresso previsto para o jogo com o Arouca.

Tratando-se do melhor marcador do campeonato, Rui Vitória tem motivos para alguma preocupação. Jonas, de 32 anos, vai falhar os embates de amanhã, com o Tondela, o V. Setúbal na próxima semana, e a deslocação à Choupana, no último fim de semana do mês.

O futebolista, se tudo correr dentro do esperado, está de volta a 11 de setembro, após a paragem do campeonato para compromissos das seleções. A Liga conhece a primeira pausa em setembro e esse tempo será importante para a recuperação de Jonas.

Fundamental também para Rui Vitória é o facto de o brasileiro estar já disponível para a primeira eliminatória da fase de grupos da Liga dos Campeões, que está marcada para 13 ou 14 de setembro. Os responsáveis clínicos do emblema da águia esperam que, nesta altura, o atacante já esteja totalmente recuperado desta lesão e disponível para a prova milionária.

A ausência do internacional brasileiro é claramente um problema e causou alguma preocupação no seio do clube, mesmo existindo soluções no plantel [ver pág. ao lado]. Rui Vitória não mostrou vontade de prescindir do novo camisola 10, e prova disso é que, mesmo sendo dos últimos a chegar à pré-época, o avançado não teve grandes dificuldades em recuperar o lugar no ataque benfiquista.

Toque no treino

O brasileiro, divulgou o Benfica, lesionou-se no início do treino de quarta-feira, que teve lugar no centro de estágios, no Seixal, e depois de se ter queixado com dores, o departamento médico acabou por avançar para a cirurgia no tornozelo direito, que teve lugar no hospital da Luz.

O atacante, note-se, terminou a Supertaça em dificuldade e pediu até para ser substituído logo após ter marcado o golo, mas esta situação não terá passado de desgaste físico, segundo foi possível apurar.

Jonas, recorde-se, está totalmente focado no Benfica, de tal forma que já havia mostrado à SAD vontade de renovar o contrato que termina em 2018. Ciente da importância que tem no plantel, o internacional canarinho mostrou-se disponível para prolongar o contrato e ser aumentado por isso, como o nosso jornal noticiou na edição de ontem.

Cinco golos valeram três pontos

A temporada passada, Jonas marcou cinco golos nos jogos que agora vai perder. Melhor marcador do campeonato e um dos melhores da Europa, o avançado brasileiro rendeu três pontos aos encarnados.

Em Aveiro, onde o Tondela recebeu o Benfica, em partida da nona jornada, abriu caminho à goleada (4-0), mas o seu golo, embora tenha sido o primeiro, diluiu-se entres os restantes.

Peso significativo teve o hat trick que assinou no terreno do Nacional. Sem ele, o Benfica teria empatado, a uma bola (Soares marcou para os madeirenses e Mitroglou ‘fechou’ o marcador). Graças ao contributo dele, foram creditados dois pontos no saldo das águias.

O goleador voltou a ser determinante na receção ao V. Setúbal, em abril. Os sadinos entraram praticamente a ganhar, pois André Claro desfeiteou Ederson no primeiro minuto. Jonas tratou de iniciar a recuperação, restabelecendo o empate. O Benfica garantia, com este golo, um ponto. Jardel, logo a seguir, completaria a recuperação, marcando o golo que valeria à equipa mais dois pontos.

No total, Jonas apontou 32 golos, o que significou mais de 36 por cento dos 88 obtidos pelos encarnados, o melhor ataque da competição. Por aqui se percebe a importância do internacional brasileiro na estratégia de Rui Vitória.






Henrique Jones: «Lesão é resultado da atividade dele»

Henrique Jones, antigo médico da Seleção Nacional, explica que a lesão do avançado benfiquista "é resultado da atividade dele". O ortopedista, especialista em medicina desportiva, reforça, frisando tratar-se de uma lesão própria de futebolistas e que nada tem a ver com a idade.

O clínico lembra que os jogadores têm de correr e rematar. Ora, este esforço acaba por provocar osteofitos, "popularmente conhecidos como bicos de papagaio", simplifica Henrique Jones, que deixou o departamento médico da FPF depois do Mundial de 2014, permanecendo, contudo, no Comité Médico da UEFA.

Esses bicos de papagaio são normalmente associados à coluna vertebral, mas também aparecem no pé, como é exemplo Jonas. Em caso de traumatismo, "quando incomodam e provocam dor, é necessário proceder à remoção" do fragmento, acrescenta o ortopedista.

Henrique Jones esclarece que este problema nada tem a ver com a idade, nem a recuperação está associada a esse facto, confirmando os prazos previstos. "A recuperação depende da cicatrização dos tecidos, mas deve rondar as três semanas. Se for de acordo com o que julgo saber, necessitará de duas ou três semanas . Esta situação pode acontecer em qualquer futebolista, nada tem a ver com a idade", conclui.

Marcou em todas as competições

Com o golo na Supertaça, Jonas pode gabar-se de já ter faturado em todas as competições que disputou com a camisola encarnada. Aquela era a única prova em que ainda não tinha deixado marca, uma vez que, em 2015/16, o Benfica ficou a zero diante do Sporting, no Algarve. Na temporada passada, o avançado rematou certeiro duas vezes na Liga dos Campeões, sabendo-se que na primeira época de águia ao peito não pôde atuar na prova da UEFA, por ter chegado em setembro e o Benfica não ter passado da fase de grupos.