Arriscamos dizer que todos já pararam nem que seja uns segundos para ver curling na televisão. Aquela modalidade que consiste no lançamento de pedras e que tem dois membros da equipa a escovar o gelo para abrir caminho e tentar atingir o objetivo. Pois bem, vai poder experimentar uma variante desta modalidade neste sábado, no Record Challenge Park (pode inscrever-se AQUI)!

Não deixámos passar a oportunidade de fazer o teste antes e aventurámo-nos no floor curl à boleia de João Cardoso, o homem que, como vai perceber, acabou por criar o bichinho do curling em Portugal. "Floor curl é uma variante sem gelo de um desporto de gelo. O curling tradicional é praticado no gelo, em pistas de 45 metros. Estas são um bocadinho mais pequenas, nem com um décimo desse tamanho. É uma variante direcionada aos mais novos, utilizada como instrução e introdução à modalidade. O risco é zero. É uma modalidade de pavilhão, as pedras são de plástico, não há risco de ninguém se aleijar", começa por contar.

As regras são semelhantes às do curling, mas este apaixonado da modalidade explica-nos exatamente como funciona a ‘variante mãe’. "No curling temos duas equipas, tipicamente com quatro elementos, podem ser masculinas, femininas ou mistas. É uma modalidade realmente inclusiva porque não há distinção entre género. Oito pedras por equipa, que são disputadas ao longo de 10 ‘ends’. Um ‘end’ é o lançamento de todas as 16 pedras e a pontuação é calculada no fim do ‘end’. Temos aqueles grandes alvos em cada extremidade da pista e as pedras da equipa mais próxima do centro até à melhor pedra do adversário contam como um ponto cada. É assim que se vai fazendo o cálculo. Na essência é isso", acrescenta.

Tentámos a nossa sorte e podemos garantir que a competitividade é alta e a diversão grande. Mas sabemos a pergunta que está a fazer. Como é que uma modalidade como o curling veio parar a Portugal? O João Cardoso é mesmo a pessoa certa para responder. "Isto começa em 2009. Eu estava a ver curling no Eurosport e pensei se isto também era jogado cá. Contactei a Federação de Desportos de Inverno para saber onde se podia praticar. A resposta foi mais ou menos esta: ‘ainda não há, portanto se quiseres criar estamos prontos para ajudar’. Começámos por inscrever Portugal na World Curling, a federação internacional, procurámos atletas na diáspora e encontrámos dois. Começámos a competir, desses dois surgem mais devido à palavra ser passada e agora temos três regiões de foco: Canadá, Suíça e agora o Luxemburgo também, além de Portugal Continental, claro. O processo tem sido esse", explica, lançando o desafio a todos para experimentarem o floor curl ou até mesmo o curling: para tal, será preciso ir até às Penhas da Saúde. 

Desafio é criar infraestruturas

O que impede Portugal de estar mais dentro do curling? A resposta é fácil. "A luta está em criar infraestruturas que permitam a prática desta modalidade. Já temos meia pista nas Penhas da Saúde. A comunidade da zona de Fundão, Covilhã, Guarda pode praticar e há torneios no inverno, mas falta-nos um pavilhão nos grandes centros urbanos", diz João Cardoso, que viu os federados começarem apenas nos 2 e já irem perto dos 180.

Uma curiosidade partilhada é o facto de o gelo... não ser normal. "O gelo de curling tem características muito próprias. Tem uma preparação diferente do gelo de patinagem. A água tem de ser purificada. O gelo é polvilhado com água quente, que ao arrefecer cria gotículas de gelo, que depois vêem os topos cortados para que a superfície fique rugosa. Por isso é que a escovagem, pela qual o curling é conhecido, é eficaz", conta.