Manuel Fernandes rejeita pensar no empate: «O Uruguai vai a jogo com um bocado de urgência»
Internacional português sublinha que Seleção "tem todas as condições para garantir já o acesso à fase seguinte"

"Essa história de jogar para o empate normalmente dá errado e acaba sempre por gerar algum problema. Portugal tem todas as condições para chegar aos três pontos e garantir já o acesso à fase seguinte. Não me parece que se justifique estar a jogar para o empate. Se estivéssemos na última jornada e o empate servisse para dar essa passagem, então faria sentido. Agora, não me parece que estar a fazer isso ao segundo jogo seja a melhor forma de abordar as coisas", admitiu à agência Lusa o médio dos iranianos do Sepahan.
Portugal encara o Uruguai na segunda-feira, a partir das 22H locais (19H em Lisboa), em Lusail, no Qatar, no encontro de conclusão da segunda jornada do Mundial'2022, que vai ser arbitrado pelo iraniano Alireza Faghani e começa seis horas depois do outro jogo do Grupo H, entre a Coreia do Sul, orientada por Paulo Bento, e o Gana, em Al Rayyan.
Os lusos lideram a 'poule', com três pontos, depois de terem derrotado na quinta-feira o Gana (3-2), quarto e último colocado, ainda a zero, enquanto Uruguai e Coreia de Sul repartem o segundo lugar, que também dará acesso aos oitavos de final, com um ponto.
Uma vitória colocará Portugal pela quinta vez, e segunda seguida, na fase a eliminar do maior torneio de seleções, superando, desde já, as campanhas em 1986, 2002 e 2014 e igualando, no mínimo, as prestações de 2010 e 2018, ambas culminadas nos 'oitavos'.
"O Uruguai vai a jogo com um bocado de urgência, porque não pode perder, mas há que ter em conta que, se empatar com Portugal e ganhar ao Gana no último jogo, ficará com uma forte possibilidade de passar. Não creio que eles entrem a atacar sem qualquer tipo de discernimento, mas a ver como é que as coisas acontecem desde o início", observou.
No jogo com o Gana, André Ayew (73 minutos) ainda respondeu ao penálti concretizado por Cristiano Ronaldo (65), que se tornou o primeiro jogador a marcar em cinco Mundiais, mas João Félix (78) e Rafael Leão (80) voltaram a adiantar Portugal, antes de Osman Bukari (89) selar o 3-2 e uma distração de Diogo Costa em tempo de compensação quase ter custado o empate.
"Será mais difícil do que foi a partida contra o Gana, que me pareceu um adversário mais acessível. Portugal sentiu mais dificuldades quando o Gana estava com um bloco baixo, mas o jogo melhorou para nós quando começou a ficar partido, sobretudo depois do 1-1. Deu a sensação de que o Gana poderia fazer algo, mas Portugal tornou-se perigoso com mais espaço. Creio que vai ser diferente frente ao Uruguai", analisou Manuel Fernandes.
Considerando que o selecionador Fernando Santos "não tem o hábito de alterar muito" o onze inicial, numa altura em que o boletim clínico engloba Nuno Mendes e Otávio, que cumpriu 56 minutos face ao Gana, o médio, de 36 anos, lamenta a oscilação exibicional.
"Fizemos o 1-0 e automaticamente demos mais espaço ao opositor para jogar. Apesar de o Gana nada ter criado até àquele momento, não deixa de ser um Mundial e as equipas têm alguma qualidade. Portugal deu a sensação de ter objetivo cumprido, baixou linhas e concedeu iniciativa, reagindo após o 1-1. Fez dois golos muito rápidos até ao 3-1, mas lá relaxou mais uma vez e as coisas podiam ter ficado mais difíceis na reta final", lembrou.
Portugal disputa pela oitava ocasião, e sexta consecutiva, o principal torneio mundial de seleções, ao qual acedeu com êxitos ante Turquia (3-1) e Macedónia do Norte (2-0) no playoff, após ter sido superado pela Sérvia na liderança do Grupo A da zona europeia.
"Se temos dificuldades, acho que é mais por demérito nosso do que propriamente mérito do rival. Temos de nos recordar desse jogo na Sérvia [empate 2-2] e do golo anulado ao Cristiano Ronaldo. Apesar de não termos feito uma boa exibição, golo é golo. Em termos gerais, penso que o estilo de jogo é mais ou menos idêntico ao passado recente", notou.
Manuel Fernandes vê Portugal como "favorito" a vencer o Grupo H, seguido do Uruguai, dos sportinguistas Sebastián Coates e Manuel Ugarte e do ex-benfiquista Darwin Núñez, acreditando que os lusos "têm capacidade" para conquistar um inédito ceptro mundial.
"Dependerá um pouco do quadro. Se, por alguma razão, Portugal passar à fase seguinte em primeiro e o Brasil em segundo, já é um desafio muito mais complicado. É preferível apanhar essas equipas numa fase mais avançada da prova. Há países que nos parecem mais fortes logo a abrir, como França, Brasil ou Espanha, mas foi só um jogo", concluiu o médio do Sepahan - treinado por José Morais -, que despontou pelo Benfica (2004-2007).
Com passagens pelos espanhóis do Valência (2007-2011), os turcos do Besiktas (2011-2014) ou dos russos do Lokomotiv Moscovo (2014-2019), Manuel Fernandes somou 15 internacionalizações e três golos na seleção 'AA' lusa, que representou no Mundial'2018, despedindo-se como suplente utilizado na derrota diante do Uruguai (1-2), nos 'oitavos'.