Ante 83 mil adeptos e uma receção arrepiante no estádio Monumental, a Argentina bateu na madrugada desta sexta-feira o Panamá, por 2-0, em jogo de cariz particular, com golos de Thiago Almada (78'), jogador do Atlanta United, e de Lionel Messi, craque do PSG, já perto do final (89'). Foi uma festa total. Aqueles que pensaram que a festa argentina acabou a 18 de dezembro, em Lusail, quando a Argentina derrotou a França e Messi levantou o troféu mundial após 36 anos, é justo dizer que a festa continua e continuará, pelo menos, até ao início do Mundial de 2026, que será sediado pelos Estados Unidos, por Canadá e México.
Essa sensação de comemoração sem fim vive-se e sente-se em Buenos Aires e em toda a Argentina desde há três meses, quando o terceiro grupo de heróis - após os jogadores de 1978 e 1986 - conseguiu o que já parecia muito difícil no contexto atual do futebol internacional, onde as seleções europeias tinham vencido quatro Campeonatos do Mundo de forma consecutiva. Nem o Brasil tinha colocado um ponto final nesse percurso vencedor dos europeus e foi a Argentina quem cortou 20 anos de jejum sul-americano, com um treinador pouco experiente e um grupo de jovens comprometidos que ajudaram Messi a conseguir alcançar o seu maior sonho no último mundial.
Por isso, a gratidão eterna e o entusiasmo dos adeptos fez-se sentir nas ruas da capital argentina na antevisão do primeiro dos jogos particulares, recebendo a equipa B do Panamá, para comemorar a terceira estrela. Desde Messi, esperado por uma multidão fora de um famoso restaurante, até essas 63 mil pessoas que esgotaram em duas horas os bilhetes para assistir ao jogo no Monumental, o maior estádio da América do Sul, com capacidade para 83.214 adeptos. A albiceleste estreou-se neste renovado local caracterizado por ser a histórica "casa da Seleção" e que agora tem as bancadas muito mais perto do relvado. As obras do estádio, que começaram durante a pandemia, já estão prontas a acabar, em coincidência com este momento sonhado da albiceleste, que depois de quase três décadas sem ganhar qualquer título, conseguiu a Copa América, a Finalíssima Conmebol-UEFA e o ainda o Mundial do Qatar.
Pouco depois do meio-dia, os jogadores partiram da concentração com o grande desafio de transitar esses 38 quilómetros entre o prédio da AFA, em Ezeiza, e o estádio do River Plate, com o antecedente das comemorações de 20 de dezembro, quando o autocarro da albiceleste não conseguiu completar o trajeto até o centro de Buenos Aires por terem 5 milhões de pessoas nas ruas a festejar com os campeões mundiais. No bairro do Núñez, uma complexa operação policial tentava minimizar potenciais estragos - chegou-se mesmo a especular que os jogadores pudessem chegar ao estádio de helicóptero se a situação assim o justificasse, mas a viagem foi com sucesso: atrasaram-se apenas 40 minutos e às 14:20, seis horas antes do jogo, chegaram ao local para receber o Panamá.
As portas do estádio abriram às 15:30, e nessa altura as cores azuis e brancas já invadiam o local. Os adeptos chegaram desde todos os cantos da República após pagarem ingressos que iam desde os 12.000 pesos (cerca de 53 euros) até 49.000 pesos (perto de 218 euros). Desde cedo começaram os 'shows' de artistas populares e ligados à Seleção, como DJ Fer Palacio. Por volta das 19 horas, o ex-guarda-redes da Seleção vice-campeã em Itália'90, Sergio Goycochea, apresentou o 'show' de 'La T y La M', amigos de vários jogadores da Seleção, entre eles Enzo Fernández, e o clima já foi de festa total. Na altura, Rodrigo De Paul e Leandro Paredes viram a apresentação da banda desde o centro do campo, desfrutando também da multidão a cantar uma música e, depois, os tradicionais "Dale campeón, dale campeón!". Minutos depois, foi convidado ao palco Fernando Romero, compositor da música "Muchachos", e o estádio 'explodiu'. A reação foi ainda mais forte quando baixaram as luzes e nos ecrãs gigantes apareceram os melhores momentos da final contra a França, no Qatar.
Houve um jogo depois disso? Sim. O particular com o Panamá nunca foi o maior motivo do evento, mas Lionel Scaloni pediu seriedade para esta nova etapa da seleção, onde a responsabilidade será ainda maior por serem campeões do Mundo. Por isso, a albiceleste tentou fazer um jogo de acordo com uma equipa campeã mundial, embora a arrepiante receção dos adeptos tenha feito chorar de emoção Messi e Dibu Martinez.
Mas, no final de contas, jogadores, treinador e dirigentes entenderam que o maior motivo da reunião era comemorarem todos juntos não só a conquista do Mundial, mas também os reconhecimentos que trouxe tal conquista, como os prémios The Best para Lionel Messi, Lionel Scaloni, Dibu Martinez e também para os adeptos argentinos, que apoiaram no Qatar e também nas ruas argentinas.
Ao minuto 17, Messi bateu um livre direto que acertou no canto esquerdo da baliza de José Guerra. "Meeesssi, Meeesssi", foi a resposta dos adeptos. Ao minuto 43, Enzo Fernández, dono absoluto do meio-campo, bateu de fora da grande área e o guarda-redes adversário brilhou, salvando a equipa e direcionando a bola para canto. O nulo manteve-se até ao intervalo, onde o capitão do Benfica, Nicolás Otamendi, foi substituído por Lisandro Martinez, o defesa-central que atua no Manchester United. Nos 15 minutos da segunda parte, foram substituídos e ovacionados os ex-benfiquistas Angel Di Maria, um dos maiores ícones da história da albiceleste, e Enzo Fernández, o presente e futuro da equipa, para entrarem Paulo Dybala e Leandro Paredes. Quando o placard continuava a zeros já perto do final do jogo, ao minuto 32 [da segunda parte], Messi acertou no poste e Tiago Almada inaugurou o marcador, renovando assim a festa no Monumental, que ficou completa com o golo final de Lionel Messi, na cobrança de um livre direto aos 89'. Para acabar uma noite mágica, o capitão e os companheiros de equipa ofereceram a Taça conseguida no Qatar aos adeptos, um momento que certamente ninguém conseguirá esquecer.
Otamendi seduzido pelo Monumental?
Nicolás Otamendi, capitão do Benfica, comemorou a conquista do Qatar num local muito especial para ele, uma vez que é adepto do River Plate e que nos últimos meses tem sido associado à possibilidade de terminar a carreira no clube argentino. Os dirigentes dos Millonarios, que fizeram uma grande remodelação do estádio, aumentando a lotação para 84 mil pessoas, esperam ter seduzido o experiente defesa a assinar com o clube em junho e trocar a Luz pelo Monumental. O jogador do Benfica esteve em campo apenas na primeira parte, tendo sido substituído ao intervalo por Lisandro Martinez.
O regresso a casa de Enzo Fernández
Enzo Fernández, craque que se transferiu do Benfica para o Chelsea a troco de 121 milhões de euros, tinha passado pela sessão de treinos do River Plate, em Ezeiza, para cumprimentar os antigos companheiros. A festa dos campeões do Mundo foi a grande oportunidade para o médio voltar a jogar no estádio onde tudo começou para ele e onde fez o último jogo pelo River. Esse 0-0, a 6 de julho, com o Vélez no Monumental, significou a eliminação antecipada dos Millonarios, nos oitavos de final da Libertadores, e pelo acordo que o jogador tinha com o Benfica, acabou por viajar no dia seguinte para Lisboa. Ontem voltou a casa e foi da melhor maneira possível, mostrando a Taça do Mundial aos adeptos.
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