Martín Palermo, antigo futebolista argentino, contou numa emotiva carta aberta publicada pelo 'The Players Tribune' o que sentiu quando morreu Maradona.
"Quando ouvi a notícia mandei logo uma mensagem a um jornalista amigo que eu sabia ser próximo dele. 'É verdade?' Respondeu-me 'sim...' Nesse momento, não se consegue... não se consegue acreditar. Lembrei-me da quantidade de vezes que o Diego esteve em situações parecidas, em que esteve no hospital e em que se multiplicaram os rumores sobre a sua morte. E então pensava 'não pode ser, é apenas o que estão a dizer. Provavelmente não é nada'. E realmente não era nada. O Maradona recupera sempre. O Maradona sobrevive sempre. Tinha acontecido tantas vezes. Então pensas 'esta é uma mais'. Mas depois a notícia sobre a sua recuperação não chega", escreveu 'El Loco', antigo jogador, entre outros, do Villarreal, do Betis e do Boca Juniors.
"Comecei a ficar ansioso à medida que esperava. Mandei uma mensagem a Cláudia, a sua ex-mulher, para saber se era verdade. Disse que sim. Mas mesmo assim não aceitas, a tua mente recusa-se a aceitá-lo. Para mim o Diego ia estar sempre ali, tinha a certeza que ia chegar aos 100 anos", acrescentou o agora treinador.
Martín Palermo, de 48 anos, é mais novo que Maradona, mas coincidiu uma época com El Pibe no Boca Juniors, em 1997. "Ainda sinto que foi uma bênção poder ter jogado a seu lado nos últimos meses da sua carreira. Obviamente não estava na plenitude - o Diego de Nápoles, bom, era outro Maradona. Mas metia medo. Chegava ao treino e era como se tudo parasse, nós apenas víamos o que ele fazia com a bola, ficávamos de boca aberta enquanto metia um livre ao ângulo. Não estou a exagerar, o Diego conseguia por a bola onde queria. Mas tudo passou rápido, foram apenas uns meses e agora, olhando para trás, penso que devia ter desfrutado mais", refere o antigo médio-centro, que ainda voltou a encontrar Maradona depois da seleção.
'El Loco' define Maradona como um ser especial. "Não sei quando vou enfrentar a realidade. Talvez em algum momento terei de aceitar que o Diego partiu, da mesma forma que tive de aceitar a morte do meu filho. Vou ter de cruzar essa ponte e dizer 'não está cá. Nunca mais o vou ver'. Mas ainda não cheguei a esse ponto. É demasiado doloroso, demasiado surrealista. Para mim o Diego ainda está ali. Deus ainda existe. E de algum modo estará sempre lá."