Aos 34 anos, Ricardo Quaresma atingiu o estatuto e a maturidade que lhe permitem ser uma referência no futebol europeu. Conhecido pela personalidade vincada - que em várias alturas da carreira foi entendida como irreverência excessiva -, o extremo do Besiktas abriu o coração sobre a sua forma de estar na vida e nesta modalidade, revelando inclusivamente alguns dos problemas que a sua imagem de marca lhe trouxe quando começou a dar nas vistas.
"Havia treinadores que ficavam chateados e me pediam para cruzar de forma normal. Mas eu metia sempre a trivela e havia técnicos que pensavam que eu não estava a fazer o que eles pediam. Depois perceberam que era normal, não era falta de respeito nem falta de concentração, era normal. A partir daí não tive mais problemas e de vez em quando ainda saem algumas trivelas. Agradeço a Deus todos os dias pelo talento que me deu, por poder chegar ao campo e fazer o que mais gosto, fazendo coisas diferentes de muitos jogadores. Cada dia que passa divirto-me mais dentro de campo", contou o internacional português numa entrevista à 'beIN Sports'
Quaresma sublinha que a frontalidade que sempre evidenciou acabou por lhe trazer rótulos pejorativos, embora considere que os mesmos não tinham qualquer justificação: "Problemas com treinadores? Não. Sempre me meteram fama de bad boy, o jogador que causava problemas em todo o lado. Nunca fui muito de problemas, sempre fui o que sou hoje, uma pessoa direta que quando tem de falar, fala. Falo o que penso e no futebol quando falas o que pensas já és o bad boy, já sais do futebol."
Papel de Fernando Santos
Hoje em dia um indiscutível nas convocatórias para a Seleção Nacional, o avançado passou por várias travessias no deserto desde que se estreou pela equipa das quinas, em 2003. Nesta entrevista, Quaresma reforçou que o atual selecionador teve um papel fundamental na sua afirmação definitiva nos campeões europeus.
"A única coisa que me faltava antes era confiança. Nunca a senti na Seleção. Já disse antes, o único treinador que sinto que confia em mim e me passa essa confiança é o Fernando Santos. Dos outros nunca senti essa confiança e, se calhar, por isso nunca fiz grandes jogos na Seleção", lamentou.
Regresso à Turquia
Um ídolo no FC Porto, Quaresma deixou o Dragão no verão de 2015 e voltou ao Besiktas, numa altura em que não era opção consistente de Julen Lopetegui: "Estava no FC Porto, tive um treinador que não contava comigo e eu achava que ainda tinha muita coisa para dar ao futebol. O Besiktas mostrou interesse no meu regresso para ajudar a equipa a voltar aos títulos."