Gary Neville falou de Cristiano Ronaldo e da segunda passagem do português pelo Manchester United numa entrevista ao jornal 'Marca', lamentando, contudo, que o craque português tenha deixado de lhe falar, depois das críticas que fez publicamente ao capitão da seleção portuguesa. O antigo futebolista inglês, que foi companheiro de CR7 aquando da primeira passagem do craque por Old Trafford, admitiu, porém, que continua a considerar Ronaldo o melhor de sempre.
"Penso que ele esteve muito bem no que diz respeito a golos. Tem um caráter e uma personalidade que não aceita segundas partes. Critiquei-o porque, na minha opinião, quando és um líder no balneário e no futebol mundial há diferentes maneiras de ensinar, de ser mentor, de treinar os jogadores mais jovens da equipa que não estão ao teu nível. Penso que o Cristiano devia ter modificado o seu estilo de liderança relativamente aos jogadores do balneário que precisavam de um mentor, de treino e de subir de nível", explicou o antigo defesa, que agora é comentador televisivo.
E continuou, sobre a relação do português com os companheiros de equipa em Old Trafford. "O Cristiano frustrava-se com eles, aborrecia-se e isso por vezes era visível nos jogos. No final isso tornava-se numa espécie de conflito. Joguei com ele, tem um nível incrível. Tudo o que vês no Cristiano é talento e muito trabalho. Quer ganhar, está desesperado por ganhar, quer marcar golos e ser o melhor jogador do mundo. Por isso penso que foi difícil para ele, talvez porque tenha chegado ao fim da sua carreira em equipas que não tinham o nível que ele tinha visto antes."
Neville não deixou de lamentar a forma como Ronaldo deixou o Manchester United. "Oxalá não tivesse acabado assim. Oxalá tivessem encontrado uma forma de se entenderem até ao fim da temporada. Mas tornou-se impossível depois da entrevista com o Piers Morgan. Era tudo tão público que só podia haver um desfecho."
A finalizar, o inglês desejou fazer as pazes com o antigo companheiro de equipa. "Gosto do Cristiano, provavelmente está chateado comigo pelo que eu disse, mas gostaria de pensar que dentro de 5 ou 10 anos ele entenda que os meus comentários tinham uma boa intenção. Queria que ele percebesse que quando tens 35 ou 36 anos os jogadores mais novos do balneário e os que têm menos talento confiam em ti, para que os leves contigo. Há diferentes formas de se ser mentor, treinador e pai em alguns aspetos. Continua a ser o meu jogador favorito de todos o tempos e é ele que escolho quando alguém me pergunta quem é o melhor de sempre. Sei que muita gente diria o Messi, mas eu gosto do Cristiano."