Atual campeã nacional de badminton fez revelações em entrevista à Lusa
A campeã nacional de badminton Sónia Gonçalves teve uma gravidez inesperada a caminho de Tóquio2020, que falhou por poucos lugares, mas deu-lhe "força extra" para voltar à modalidade, em que sonha com voltar aos grandes palcos internacionais.
Em entrevista à Lusa, a jogadora de 28 anos, que no domingo recuperou o título de singulares e venceu em pares femininos ao lado da irmã, Adriana Gonçalves, que a tinha batido na final de 2021, lembra como ser mãe de Duarte, em agosto de 2020, lhe 'virou' a vida.
"Precisei de parar após o apuramento olímpico, um bocadinho de tempo, de espaço. Fiquei a três lugares oficiais de apuramento. Isso foi um sentimento muito agridoce. Após uma pandemia, e após uma gravidez inesperada, consegui muito mais do que contava", analisa.
Este ano de 2022 foi para voltar a focar-se e voltar a "crescer e desenvolver" o seu jogo, sem esquecer o novo lado, como mãe. "Para eu estar bem, precisava de jogar badminton, e ele também precisa de estar bem", diz.
"Tenho a certeza absoluta que se não tivesse voltado a jogar tão rapidamente, tinha entrado num processo muito negativo. Consegui dar a volta por cima, as mães têm uma aldeia de apoio. Quer no clube quer em estágios da federação", lembra a atleta de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga.
Depois de descobrir que estava grávida com 37 semanas de gestação, a maternidade trouxe-lhe menos horas de descanso mas outra força, outra forma de fazer com que as ausências, para estágios e provas, "tenham de valer a pena".
"Durante um ano, trouxe o Duarte para as competições, para estágios, e acho que um dia ele vai ver e vai ficar orgulhoso. Não digo que é um superpoder, mas é uma força extra", atira.
Não estando "preparada para ser mãe", com projetos a nível profissional e uma licenciatura em Desporto, no ISMAI, que ainda quer acabar, fora a carreira.
Apoiada pela federação no que à maternidade diz respeito, ao poder trazer com ela o filho para estágios, por exemplo, não deixa de se sentir "um bocadinho triste" por perder a bolsa de Solidariedade Olímpica do Comité Olímpico Internacional (COI), agora com Madalena Fortunato.
Ainda assim, "nada está posto de parte", e com o filho já mais crescido, mostra-se ávida de regressar à competição internacional, de forma consistente, e a perseguir "o sonho" de chegar aos Jogos Olímpicos, agora em Paris2024, revigorada com o regresso ao estatuto de campeã nacional.
Faltam "apoios", continua "à procura de patrocínios, de ajuda", até porque garante que 2023 "vai ser um ano de viragem" que a pode levar até aos Jogos, quando é 354.ª no ranking mundial, o melhor registo entre as atletas lusas.
Depois de falhar por pouco Tóquio2020, ser mãe sem contar, atravessar uma pandemia, conjugar trabalho, estudos e a modalidade, ir a Paris2024 "era a cereja no topo do bolo", ainda para mais pela sua "simbologia muito grande com 24" - faz anos nesse dia, como a irmã e o pai, e foi num dia 24 que descobriu que estava grávida.
"O Duarte aí vai ter quatro anos. Não quer dizer que se não conseguir a carreira termine. (...) Mas todas as dificuldades e obstáculos que se foram colocando [para Tóquio2020], que fazem parte, penso 'ok, era porque tinha de ser'", reflete.
Vê Bernardo Atilano "numa ótima forma", nos masculinos, e gostava "de lhe fazer companhia", depois de se acompanharem há anos, e de ele próprio ter ficado a poucos lugares do apuramento olímpico.
Outro objetivo para 2023 é repetir a presença nos Jogos Europeus, depois de Baku2015 e Minsk2019, depois de falhar os Jogos do Mediterrâneo Oran2022, para poder "voltar a sentir a sensação de estar no meio dos melhores" de várias modalidades.
A pandemia de covid-19 também a levou a implementar um projeto de parabadminton em Famalicão, em que trabalha como professora da modalidade com pessoas com deficiência, e trabalha num projeto para dar corpo à pretensão de "criar um Centro de Alto Rendimento de desporto adaptado no Norte".
Essa ligação ao Norte, e à sua cidade, Vila Nova de Famalicão, de que seria "a primeira mulher olímpica", está sempre presente no discurso, até pela distância ao Centro de Alto Rendimento das Caldas da Rainha e a escassez de provas e outros encontros em terras nortenhas.
"Temos muito bons atletas, e alguns acabam por se mudar lá para baixo por essas facilidades", lamenta.
Foi em Famalicão, no bairro de São Vicente, que descobriu o desporto, e a certo ponto, como "tudo o que havia de desporto escolar" decidia experimentar, acumulava treinos de futsal e de badminton.
Um dia, os dois treinadores percebiam que passava a semana entre uma coisa e outra, e o sucesso no badminton, com títulos nacionais na formação, levou-a a jogar ao lado das olímpicas Telma Santos e Ana Moura, ao surgir na modalidade.
Ficou sempre "aquela vontade" de "mais do que provar aos outros, orgulhar o próprio", a solo e, mais tarde, ao lado da irmã, Adriana, com quem revalidou também o título de pares, solidificado numa "ótima relação" entre as duas, e que 'resiste' aos frequentes embates nos quadros de singulares.
"Já conseguimos campeonatos da Europa e do Mundo. Isso foi criando aqui uma relação espetacular. Ela não devia ouvir isto, mas é mesmo isso", brinca a atleta do Famalicense.
Prova decorre em Istambul, Turquia
Dumindu Abeywickrama bateu o português
Suíça Dounia Pelupessy afastou a portuguesa
Na próxima ronda, a portuguesa vai defrontar a suíça Dounia Pelupessy, segunda cabeça de série do torneio
Jovem defesa do Boca Juniors fez confissão aos jornalistas
Avançado uruguaio de 38 anos deve rumar ao Nacional de Montevideo
Técnico português levou o Henan FC ao 10.º lugar na liga e chegou à final da Taça
Belgas e holandeses também perderam