NBA Basketball School no Porto: «Neemias Queta mostrou que é possível»

Projeto procura promover a modalidade e ajudar jovens a melhorar o jogo

Neemias Queta já é um nome incontornável na história do basquetebol português. Campeão pelos Boston Celtics em 2024, o poste levou a bandeira de Portugal ao ponto mais alto da modalidade a nível mundial.

Uma história inspiradora que demonstrou a milhares de jovens que é possível chegar ao topo mesmo saindo de um país pequeno, que é possível sonhar.

Muitos começam agora a percorrer um caminho em busca de construir uma carreira e contam com ferramentas novas, que serão úteis para o futuro, como, por exemplo, a NBA Basketball School, programa que começou na Índia pela mão do professor Carlos Barroca e que se espalhou para todo o Mundo.

O projeto já chegou a Portugal e, por estes dias, está de passagem pelo Porto antes de rumar a Braga. Cerca de quatro dezenas de jovens de 10 nacionalidades diferentes marcaram presença no Pavilhão Municipal de Guifões e há um dado que é certo: há talento.

"Eu tenho olhado para alguns jogadores daqui, tentando garantir que a relação dos pais é boa e que eles podem ser acompanhados se se mudarem para a América. Definitivamente vejo muitos jogadores talentosos aqui que podem vir a jogar nos liceus ou nas universidades dos Estados Unidos da América", disse Jameson Thomas, diretor técnico do projeto, lembrando precisamente o exemplo de Neemias Queta.

"Eu acho que é importante ter um projeto como este, especialmente com todos os jogadores europeus que estão a ir para a NBA. Permite mostrar aos jovens que podem ter sonhos e aspirações. Especialmente agora que o Neemias foi para a NBA, mostra que é possível a estes jovens. Estive na Grécia no ano passado e o Giannis Antetokounmpo mudou a forma como a modalidade é vista. Os miúdos agora querem jogar basquetebol. Acho que com o Neemias vai ser igual", apontou à reportagem de Record.

A etapa do Porto é a primeira de várias que vão andar país fora. Braga vem a seguir e depois é a vez de Lisboa. Aos poucos, a marca procura estabelecer-se em Portugal, à semelhança do que já acontece noutros países. E tudo começou na Índia, pela mão de Carlos Barroca...

"A primeira vez que existiu o NBA Basketball School no Mundo foi na Índia, fui eu que criei o produto e portanto para mim é uma coisa que me diz muito. Começou na Índia com uma simples escola nos arredores de Mumbai e hoje existe em 18 países do Mundo. Portanto, tem aqui algum carimbo que tem a ver comigo.  Depois porque a NBA em termos de marketing, de propaganda, em termos de promoção do jogo, em termos de identidade é a maior marca. Portanto, esta iniciativa pode ajudar a que o basquetebol seja mais popular no nosso país, que mais miúdos acedam ao basquetebol como forma de prática desportiva e com a bandeira da NBA isto sirva para inspirar mais gente", começou por explicar o treinador e ex-vice-presidente de operações da NBA na Ásia.

"Acho que esta é uma ideia interessante, vamos ver. Na Europa existe uma forma de fazer desporto, que é mais estruturada. Tem a ver com os clubes, os clubes têm os escalões todos e trabalham dessa forma. O produto do NBA, como é que aparece aqui? Aparece como uma alternativa para quem não tem ainda qualidade para jogar nos clubes poder usar este produto para melhorar a sua qualidade. Quem já joga nos clubes, em que há períodos de férias, em que não há atividade, pode servir-se deste produto para continuar a treinar e até aprender com um treinador estrangeiro. E é isso que a gente quer, dar aos miúdos oportunidades de crescer experimentando coisas diferente", acrescentou, dizendo que é importante dar espaço a todos.

"Eu lembro-me de uma vez ver nos Estados Unidos, em Dallas, em 2010, durante o All Star Game, dois pavilhões que eu fui visitar que tinham um de 18 campos e outro de 22 campos. E eu perguntava para quem estava comigo, que era o Don Nelson Jr.,  GM dos Dallas Mavericks na altura, por que é que eles tinham aqueles pavilhões todos. Ele explicou-me que era para os miúdos que não jogam basquetebol. Eles têm a capacidade de dar os pavilhões de oportunidade para os jovens. De facto, todos os liceus e universidades têm instalações. Mas quem é que joga? Os que são bons, os outros. Portanto, esses campos são, no fundo, locais que proporcionam oportunidade para os outros jovens que têm a aspiração de serem jogadores, mas não têm acesso à equipa, não têm valor, poderem praticar, poderem jogar e poder seguir", disse Carlos Barroca.

Miguel Miranda aponta importância para a formação

Miguel Miranda fez carreira como jogador e agora é treinador do V. Guimarães. Por essa razão, o antigo extremo-poste está bem documentado relativamente à progressão que tem sido feita na modalidade em Portugal. Na sua opinião, há um problema claro em termos de formação que iniciativas como esta ajudam a colmatar. "Penso que é muito importante. Penso que temos descurado a formação nestes últimos anos.Temos, na minha opinião, passado passos à frente que não deviam ser ultrapassados. Temos de consolidar as bases dos miúdos numa fase muito importante em que a literacia motora destas gerações é má, por motivos óbvios, porque não brincam na rua, porque não têm esse contacto com a rua diário que a minha geração tinha. Penso que isto é muito importante, primeiro porque obriga-os a trabalhar fora do contexto do clube deles, com treinadores que são de outros países e trazem outras realidades. Então aquilo que eu tentei mostrar aqui um bocadinho eram pequenas coisas de trabalho de base que são sempre fundamentais em toda a carreira deles. Um miúdo que não saiba driblar, que não saiba passar a bola com a mão esquerda, com a mão direita, de certeza que vai ter problemas ao longo da carreira", explicou, satisfeito, ainda assim, com o que encontrou.

"Só o facto dos miúdos, que podiam estar agora neste momento na praia, estarem aqui a trabalhar dentro de um pavilhão com 40 graus quer dizer muita coisa, quer dizer que são miúdos comprometidos, querem aprender, querem elevar o jogo deles para outro nível e hoje em dia penso que isso é o fundamental. É esse compromisso que cada vez é mais difícil de encontrar nos jovens atletas. Não estou a dizer que é única e exclusivamente a culpa deles, mas fruto da sociedade em que eles estão envolvidos, que tem muitas distrações. Encontrar aqui este tipo de compromisso é o início, é um primeiro passo para poderem serem profissionais da modalidade", afirmou.

Warrior Symbol quer abrir portas

A Warrior Symbol é a empresa que está por trás da NBA Basketball School. Responsável pela marca MVP e pela primeira academia de basquetebol em Portugal, a MVP Academy, a entidade tem procurado alargar horizontes e abrir cada vez mais portas no mundo do desporto. "A empresa está ligada ao desporto, principalmente ao basquetebol. E tem neste momento, além de fazer vários eventos, a única academia de basquetebol em Portugal, a MVP Academy. Então surgiu a oportunidade de nos ligarmos à NBA como uma forma de trazer mais valia para a empresa. A NBA é uma marca do Mundo. Obviamente estarmos ligados a esta marca ajuda-nos a trazer mais basquetebol para os atletas. E esse é o grande objetivo, é trazer para os jovens atletas a oportunidade de trabalhar de um modo diferente. E estar ligado a uma marca que basicamente é a marca dos ídolos deles. E agora, principalmente com a conquista do Neemias Queta, ainda há uma transferência muito maior. Por isso, a escolha de estarmos dentro da NBA é para a empresa, para adicionar valor ao basquetebol português e ajudar o basquetebol português a aumentar o seu nível", assumiu Nuno Tavares.

Por Pedro Morais
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