A Podium Events acusou esta terça-feira a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) de "falta de decoro e lealdade", dizendo ter tomado conhecimento do término antecipado do contrato de concessão da Volta a Portugal através de patrocinadores.
"A Podium ficou a saber desta decisão da FPC através de alguns dos nossos patrocinadores, que foram contactados pela FPC provavelmente já com intuitos comerciais. O que mostra falta de decoro e lealdade por parte da FPC", lê-se em comunicado assinado pelo administrador Vasco Empis e enviado à agência Lusa.
A empresa diz lamentar "profundamente" a postura da FPC, que, na pendência de negociações relativas à regulação de questões financeiras do contrato, declarou na segunda-feira ter terminado "com efeitos imediatos" o contrato de concessão da Volta a Portugal, que vigorava desde 2017, antecipando em um ano o fim da relação contratual por "incumprimento" do organizador.
A Podium recorda que alertou "de forma contínua e devidamente fundamentada" a FPC do impacto que a pandemia de covid-19 e os escândalos de doping tiveram e que "alteraram de forma substancial e permanente a matriz de equilíbrio e proporcionalidade" do contrato, revelando ter solicitado "por diversas vezes" a revisão equitativa do mesmo "com vista à salvaguarda de condições justas e razoáveis para ambas as partes".
"Não obstante a incapacidade demonstrada pela FPC em prevenir e mitigar os gravíssimos problemas do doping, evidenciado, entre outros, pelos casos recentemente divulgados envolvendo Delio Fernández, Venceslau Fernandes e António Carvalho, bem como pelas graves alegações tornadas públicas por José Azevedo no final da última edição da Volta, a FPC tem-se mantido indisponível para um diálogo construtivo", acusam os responsáveis por organizar a Volta a Portugal desde 2001.
A Podium alega ter vindo a assumir, "de forma consistente e em benefício direto da FPC e do ciclismo, responsabilidades e encargos substancialmente superiores aos fixados no contrato que implicaram um esforço financeiro e operacional adicional".
"A Podium solicitou por diversas vezes ao presidente e à direção da FPC a realização de uma reunião destinada à verificação, conciliação e determinação transparente dos saldos e responsabilidades financeiras entre as partes. Não obstante a natureza absolutamente necessária e imprescindível desse encontro para o apuramento definitivo do saldo contratual, a FPC recusou sistematicamente a sua realização", informa.
A empresa diz não reconhecer a "alegada dívida" que lhe é imputada pelo organismo presidido por Cândido Barbosa, "por carecer de base factual adequada, e de validação conjunta", nem qualquer fundamento jurídico ou contratual que "legitime a pretensão" da resolução do contrato de organização e exploração comercial da Volta, assumindo recorrer "a todos os meios ao seu dispor para assegurar a defesa integral dos seus direitos e legítimos interesses".
Na segunda-feira, a FPC justificou a sua decisão, que se estende também à Volta ao Alentejo e à Volta a Portugal do Futuro, que estavam incluídas na concessão, com "a defesa do interesse público, do conjunto do ciclismo português e da própria Volta a Portugal".
"Simultaneamente, e de acordo com as expectativas da Direção da FPC, a Podium mostrou-se sempre disponível para encontrar o formato que preencha a nova versão do "novo ciclismo" agora apelidado "novo modelo de organização", sem terem promovido, ao contrário do que afirmam, qualquer iniciativa amigável para a resolução das questões emergentes", acrescenta ainda a nota enviada à Lusa.
Os organizadores da prova rainha do calendário nacional notam ainda que o seu trabalho foi "refreado ao longo dos anos pela FPC em pertinentes questões de valorização desportiva".
Por Lusa