Nuno Moreira, atleta do Clube de Karaté da Maia, concluiu os Campeonatos da Europa de Goju-Ryu, disputados na Bélgica com a conquista de medalhas de ouro na variante de kumite (combate) para veteranos e equipas. No escalão de seniores de kumite obteve a medalha de prata. O balanço da prestação individual é positivo, mas a maior satisfação da grande referência do CK Maia centra-se na prestação global do seu clube, que acarretou um total de 22 medalhas através de uma comitiva recheada de jovens atletas que comprovou em Soumagne o resultado do seu trabalho empenhado sob a liderança do 'sensei Moreira'.
RECORD - Que balanço faz da sua participação nos Europeus de Goju-Ryu mas também do impacto da comitiva portuguesa?
NUNO MOREIRA - É muito importante para nós a participação nestas provas. São eventos que têm um grande nível competitivo. Já tenho títulos europeus e mundiais desta organização que tem crescido bastante nos últimos anos. A nossa presença tem sido uma constante, os nossos atletas também têm crescido bastante. Há atletas menos experientes que têm aproveitado o balanço e a evolução dos outros e têm-se feito crescer. Aproveitamos para os fazer rodar nestas competições e acabam por ter resultados de excelência, o que para nós é muito gratificante. Estamos, como clube, muito satisteitos com a sua prestação.
R - Você que representa com regularidade o karaté nacional em vários estilos como tem sentido a evolução da modalidade em todas as suas vertentes?
NM - Temos crescido muito nos últimos anos. O Karaté nacional, a nível federativo, tem registado vários medalhados europeus e mundiais. Aqui há 10 anos tínhamos esporadicamente alguma medalha, mas atualmente, sobretudo nos escalões de cadetes, juniores e sub-21, em todos os Campeonatos da Europa que fazemos conseguimos sempre 7/8 medalhas. O crescimento tem sido bastante tendo em conta a capacidade que temos de participação internacional. Sobretudo em comparação com outros países que têm muitos apoios governamentais e sabemos a dificuldade que isso cria. Acaba por limitar a nossa participação no circuito mundial e isso traduz-se em resultados menos conseguidos para esses campeonatos. Na verdade, com a sua ambição e valentia, Portugal tem conseguido chegar a patamares excelentes e os resultados, passo a passo, têm-se feito sentir e é assim que queremos que continue a ser."
Nuno Moreira conquistou três medalhas
R - Mesmo sendo um competidor de calibre mundial pode dizer-se que nada lhe provoca o mesmo brilho no rosto do que orientar os seus jovens atletas durante os combates?
NM - Fico mais nervoso ao estar na cadeira dos atletas do que propriamente a competir. Consigo controlar-me muito mais dado que percebo o que é que eles sentem, sei o que é estar lá dentro, transmito-lhes tranquilidade mas quando terminam, independentemente do resultado e da prestação, têm sempre um abraço. Sabem que eu estou aqui para os ajudar e que juntos vamos conseguir passar a próxima eliminatória ou então dar as felicidades pelo grande resultado alcançado. Isso é muito gratificante. Fico muito feliz com aquilo que faço e sobretudo por contar com este grupo espetacular do CK Maia.
R - Olhando às multidões de largas centenas de pessoas que comparecem nos eventos da Liga Portuguesa de Goju-Ryu o que falta para que esta variante ganhe ainda maior projeção?
NM - Existem muitos praticantes a nível nacional e se falarmos com quaisquer pessoas, formos abordando pessoas, algumas vão dizer 'eu já pratiquei karaté, fui até ao cinto amarelo, ao cinto laranja'. O que fez com que as pessoas não ficassem muitas vezes teve a ver com algumas dificuldades, às vezes o trabalho, a família, incompatibilidades que se agravam pelo momentos em que vivemos, em que até as aulas terminam mais tarde. É importante a ligação familiar e toda a ajuda que possamos receber da parte dos media. Tudo pode ajudar a que o karaté, tal como qualquer outra modalidade que não tenha tanta projeção, possa crescer, divulgando estes resultados e incentivando mais pessoas a que se juntem a nós.