Alps Tour arranca com portugueses em alta
Três passaram o cut no Egito e o campeão nacional, Tomás Silva, fez um top-20

O Alps Tour Golf arrancou no Egito com uma prestação positiva do contingente português de quatro jogadores, três dos quais passaram o cut e um deles, Tomás Silva, logrou um top-20.
Sendo o Alps Tour Golf uma das terceiras divisões europeias, estes resultados no Ein Bay Open foram bastante mais promissores do que o início de temporada do Pro Golf Tour, outro circuito que detém o mesmo estatuto de escalão terciário do golfe profissional europeu, e que também começou no Egito, no qual salvou-se um bom 7.º lugar de Tomás Melo Gouveia em cinco torneios disputados.
Curiosamente, o Pro Golf Tour arrancou em 2019 exatamente no mesmo Sokhna Golf Club, nos arredores de Suez, onde agora se deu o pontapé de saída para o Alps Tour Golf, circuito em que os cinco primeiros classificados do ranking, no final da temporada, irão ascender ao Challenge Tour, a segunda divisão europeia.
E se há um mês Tomás Melo Gouveia foi ali 7.º classificado, agora foi a vez de Tomás Silva ser o melhor português no Ein Bay Open, no grupo dos 18.º classificados, com 209 pancadas, 7 abaixo do Par dos percursos B&C deste complexo turístico, após voltas de 70, 68 e 71.
«O campo e o clima estiveram perfeitos para jogar. O campo estava em excelentes condições, é desafiante e do tee temos muitos obstáculos em jogo, maioritariamente bunkers. Por isso, ou temos a certeza de que conseguimos passa-los, ou então optamos por uma estratégia mais conservadora», analisou o campeão nacional à Tee Times Golf em exclusivo para Record.
Tomás Silva jogou claramente melhor nos nove primeiros buracos, em 8 abaixo do Par em três voltas, enquanto nos segundos nove tropeçou bastante, não conseguindo melhor do que 1 acima do Par, com destaque para +3 nos últimos seis buracos!
«Não consigo encontrar nenhuma explicação para os resultados serem melhores no front nine. No buraco 13 passei ligeiramente o green e fiz um chip razoável. Passei o buraco em cerca de 1 metro mas fiz uma gravata a seguir (bogey). Depois, no tee do 14, foi o único shot em que falhei à esquerda e perdi a bola. Mandei um pull draw acentuado e não consegui encontrar a bola (duplo-bogey). Depois disso ainda criei algumas oportunidades de birdie (15, 17 e 18) mas não as converti», disse o profissional do Club de Golf do Estoril, que embolsou 620 euros.
«Não estive tão bem do tee como esperava. Senti algum desconforto mas evitei bunkers e waste areas, e nos que não evitei consegui recuperar bem. Senti que os ferros e wedges estiveram sólidos mas que o putter poderia ter estado mais "quentinho"», acrescentou o jogador da Nike.
Aquelas 3 pancadas perdidas em dois buracos (13 e 14) na última volta impediram-no não só de um top-10, mas de um excelente top-5 e o campeão nacional sabe bem da importância de estar sempre entre os melhores neste circuito exigente.
«Satisfeito, satisfeito com um 18.º lugar, não. Estou feliz por ver que mesmo sem conseguir apresentar o meu melhor golfe, estou entre os primeiros. Acredito que se continuar a trabalhar da mesma forma com o Steve (treinador) irei eliminar alguns erros e colocar-me-ei mais vezes em boa posição para lutar pela vitória», concluiu.
O segundo melhor português no Ein Bay Open foi outro Tomás, o Bessa, que fez uma volta de trás para a frente, sempre a subir na classificação, com voltas de 75, 66 e 69, para fechar no grupo dos 23.º classificados, com 210 (-6), que lhe renderam 518 euros.
Estranha aquela primeira volta com 1 triplo-bogey, 2 duplos-bogey e 6 birdies! «O meu primeiro dia teve muitos altos e baixos devido a alguma ansiedade e falta de confiança que foi-se acumulando e fez-se sentir nos putts curtos. Foi seguramente um dos piores dias de putt que alguma vez tive. Fiz dois greens a 4 putts. Fazer 3 acima do Par com 6 birdies não é de todo uma típica má volta», reconheceu o profissional de Paredes.
Precisou mesmo de uma excelente segunda volta para passar o cut e tudo melhorou quase que por magia, mostrando o golfe que o levou a vencer este ano um dos torneios do Portugal Pro Golf Tour.
«Nos dois dias seguintes, especialmente no segundo dia, após ter mudado um pormenor técnico no putt, senti-me mais seguro, quando falhei recuperei sempre bem ou com um bom chip ou com um bom putt. O terceiro dia foi sem dúvida aquele em que senti-me melhor do tee e com o meu jogo de wedge no ponto. Não concretizei imensas oportunidades por falta de controlo de velocidade e por má leitura dos greens. Poderia ter sido uma volta tão boa como a do segundo dia», frisou Tomás Bessa.
O jogador da Cigala considera que «após a prestação no primeiro dia, o balanço é positivo, com -10 nos últimos 45 buracos. Foi uma boa recuperação, com uma boa atitude. Mas antes de começar a prova tinha a ambição de ir mais além do que um 23.º lugar». «Fico satisfeito por ter tido a capacidade de "safar" um torneio que parecia perdido ao fim de nove buracos», admitiu.
No sentido inverso foi a prestação de Miguel Gaspar, que andou no top-10 e passou o cut em 7.º (empatado), mas depois caiu na classificação para encerrar a prova em 32.º, empatado com o italiano Michele Cea, com 211 (-5), o português com rondas de 69, 68 e 74 e o transalpino com cartões de 70, 71 e 70, tendo cada um amealhado 460 euros.
«A nível de jogo estive bem nos primeiros dois dias, muito consistente e com um bom nível. Na última volta estive muito mal no putt nos últimos nove buracos, falhei 6 putts que nos últimos dois dias não falharia, o que dificultou-me muito e baixou-me a confiança», sublinhou o profissional de Belas que há mais de um ano treina na Quinta da Ria.
Este 32.º lugar «não é positivo, mas também não é negativo. Poderia ter feito, no mínimo, um top-10 e vou precisar de muitos para subir de divisão», afirmou ainda o jogador da Bunker Mentality.
O único português que falhou o cut fixado em 3 abaixo do Par, tendo passado 44 dos 120 participantes, foi Vítor Lopes, 56.º empatado com 143 pancadas, 1 abaixo do Par, após voltas de 72 e 71.
Foi o regresso à competição do algarvio de origem belga, que viu-se forçado a parar e a faltar a alguns torneios do Portugal Pro Golf Tour, não podendo, por exemplo, defender o título de campeão de 2018 do 1.º Álamos Classic.
«Estive com uma grave lesão no ombro esquerdo, andei em tratamentos e com treinos reduzidos. Ainda não estou a 100% mas sei que tenho jogo para muito melhor do que este torneio. Aliás, foi o meu putt que não quis nada comigo, mas estou bastante confiante para o próximo torneio, já estive a trabalhar um pouco no putt e sinto que o próximo correrá melhor», explicou o jogador do Clube de Golfe de Vilamoura que irá, pela primeira vez, competir uma época inteira como profissional em 2019, depois de ter ganho o Campeonato Internacional Amador Masculino de Portugal em 2018.
O vencedor do Ein Bay Open foi o francês Frédéric Lacroix, que conquistou o seu primeiro título profissional, liderando a prova do início ao fim, totalizando 201 pancadas, 15 abaixo do Par, com cartões de 66, 67 e 68, que lhe garantiram um cheque de 5.800 euros.
O francês esteve inspirado, sofrendo apenas 3 bogeys em 54 holes, face a 14 birdies e 2 eagles, para bater por claras 4 pancadas o espanhol Manuel Elvira (72+68+65) e o irlandês Jonathan Yates (71+66+68).
«O meu objetivo era vencer já um dos torneios da Winter Series e depois da primeira ronda disse a mim próprio que seria possível e que teria uma hipótese», disse o Lacroix, o campeão nacional amador em França em 2017, que em 2017 e 2018 foi, respetivamente, 1.º e 2.º na classificação individual da Liga dos Campeões masculina para equipas amadoras de clubes.
Frédéric Lacroix tem treinado nos últimos três anos com Frank Lorenzo-Vera, o irmão de Mike, um profissional do European Tour. Para além disso tem insistido nos últimos tempos na melhoria da sua condição física e contratou também um mental coach.
O Sokhna Golf Club voltará a ser o palco do segundo torneio da Winter Series do Alps Tour Golf, o Red Sea Little Venice Open, que começa no próximo dia 25, mas agora nos percursos A&B, distribuindo de novo 40 mil euros entre 120 players.