Sara Gouveia encerra época e anuncia novidades para 2023
A única jogadora profissional portuguesa quer competir para o ano na segunda divisão europeia e no circuito espanhol

Sara Gouveia concluiu a sua época no Santander Golf Tour (SGT) com uma presença nos oitavos de final do torneio de ‘match-play’ da Cantábria, realizado em Pedreña, a terra da famosa família Ballesteros, e depois com o segundo melhor resultado feminino do 5.º Torneio do Circuito da Federação Portuguesa de Golfe (FPG), em Azeitão.
O Santander Golf Tour, o circuito profissional espanhol, de 2022 ainda não terminou e conclui-se a 2 de dezembro com o Campeonato de España, no Real Club Sevilla Golf. No entanto, como a jogadora explicou a Record, sendo um Campeonato Nacional, "as estrangeiras não podem jogar".
"Este foi, portanto, o meu último torneio e cumpri a ideia de, em 2022, competir sobretudo no SGT. A época para mim, neste circuito, terminou agora", acrescentou a algarvia de 22 anos.
Poucos dias depois, hoje mesmo (Domingo), deu por encerrada a sua temporada competitiva, com o segundo melhor resultado feminino no 5.º Torneio do Circuito FPG, no Quinta do Peru Golf & Country Club, em Sesimbra.
"Não vou participar em nenhum torneio do Portugal Tour em 2022. Em dezembro e janeiro será feita a pré-temporada", elucidou, depois de, na Quinta do Peru, ter somado 152 pancadas, 8 acima do Par, com voltas de 75 e 77.
Na classificação agregada terminou no 26.º lugar, na tabela restrita a profissionais ficou no 10.º lugar (ambas tabelas mistas), mas o mais relevante foi ter sido a segunda melhor jogadora do torneio, atrás da amadora Luciana Reis, que triunfou com 149 (74+75), +5.
Depois de Leonor Bessa ter parado ou suspendido a sua carreira há poucos meses e de Susana Ribeiro ter decidido competir apenas a nível interno, Sara Gouveia passou a ser a única jogadora profissional portuguesa a competir em circuitos internacionais profissionais e já tem planos para progredir em 2023.
Se em 2022 só jogou em Portugal e em Espanha – porque esteve até há dois meses a concluir um mestrado em Desporto e Turismo –, em 2023 quer lançar-se parcialmente na segunda divisão do golfe profissional europeu.
"As intenções para o próximo ano são de fazer uma combinação entre o LETAS (Ladies European Tour Access Series) e SGT. Não os dois calendários completos porque não seriam compatíveis, seriam muitos torneios, mas provavelmente metade de ambos os calendários, com os torneios do LETAS jogados na Europa", informou a profissional da Quinta do Lago.
O ano de 2022 foi positivo e teve um grande ponto alto no 2.º lugar alcançado em La Coruña, em junho, igualando a melhor classificação de sempre de uma portuguesa no circuito profissional espanhol.
Nessa altura era 3.ª no ranking do SGT. Neste momento, o ranking ainda não foi atualizado e Sara Gouveia ainda surge no 9.º lugar, mas é provável que não consiga terminar no top-10, depois de contabilizados os pontos do Campeonato de España, no qual não poderá pontuar.
Foi um ano de grandes mudanças. Estreou-se como treinadora profissional – carreira que está a abraçar em paralelo à de jogadora –, e concluiu os estudos académicos. Agora poderá centrar-se mais no seu jogo.
Nesse sentido, fechar a época internacional entre as 16 melhores do SGT que qualificaram-se para os oitavos de final do torneio da Cantábria, foi positivo, até porque a meteorologia não ajudou, com ventos por vezes ciclónicos.
"As condições estavam mesmo agrestes. Na volta de treino e no dia do Pro-Am choveu bastante e apesar de não contar para o resultado final, desgastou muito. No dia de stroke play não choveu, mas fez muito vento, o que também já seria de se esperar pela zona que é, no norte de Espanha, em novembro. Já ia psicologicamente preparada para essa situação", disse.
No Pro-Am foi 11.ª classificada, com 33 abaixo do Par, no sistema de ‘Tour Scramble Par is my friend’: "Quer no Pro-Am, quer na volta de ‘stroke-play’, o meu jogo esteve consistente, embora tenha sido mais difícil com o tempo adverso. O Pro-Am correu-me bastante bem. Claro que não contou para nada, mas foi bom para motivar".
Depois, veio o dia de ‘stroke-play’ (por pancadas), que serviu para reduzir a lista de 25 inscritas para as 16 que se apuraram para os oitavos de final. E aí Sara Gouveia foi 12.ª, empatada com outras duas espanholas, com 76 pancadas, 5 acima do Par do Real Golf de Pedreña.
"Já conhecia o campo, porque, no ano passado, joguei neste campo, também nesta altura do ano, mas num torneio de ‘stroke-play’. Essa volta de ‘stroke-play’ correu-me bem, mas tive uma infelicidade ou outra que fizeram com que baixasse alguns lugares. Isso fez-me defrontar uma jogadora que estava nos primeiros lugares da classificação.", admitiu, num dia em que só fez um birdie.
Apurada para a segunda fase do torneio, a de ‘match-play’ (eliminação direta), já sabia que iria deparar com uma adversária dura, porque o emparelhamento dos oitavos de final seguia a norma das classificações invertidas da fase de apuramento.
Como 12.ª classificada, teve de medir forças com a britânica Clara Young, que tinha sido 3.ª (+2), a apenas duas pancadas da espanhola Maria Herráez, a vencedora do apuramento.
Embora nem sempre uma boa jogadora de ‘stroke-play’ seja uma boa competidora de ‘match-play’, neste caso Clara Young mostrou-se irredutível. Como pode ler-se no ‘site’ da FPG, "a britânica adiantou-se logo no primeiro buraco e no 12 estava ‘dormie’ (já não podia perder, pois tinha uma vantagem de 6 UP, com seis buracos por jogar). A portuguesa ganhou os dois buracos seguintes, mas o duelo concluiu-se no buraco 15, com o resultado de 4/3".
Em declarações a Record, Sara Gouveia admitiu que "Clara Young jogou muito bem desde o início e foi um bocado difícil estar ao nível dela. Ainda assim, o resultado de stroke play foi bom e mesmo no match play não considero que tenha jogado mal, embora nunca tenha estado perto de ganhar porque ela jogou muito agressiva do início ao fim".
Clara Young perdeu depois nos quartos de final com a espanhola Maria Muñoz Jiménez por 2 UP. Esta, por sua vez, terminou o torneio no 4.º posto.
Sagrou-se campeã a espanhola Elena Hualde, que cometeu a proeza de derrotar na final a n.º1 do ranking do SGT, a sua compatriota Natalia Escuriola. Mas foi uma final dura. Depois de terem empatado após os 18 buracos, foi necessário um play-off e só o Par no segundo buraco deu a Elena Hualde o seu primeiro título.
"Estou muito contente por conseguir a minha primeira vitória como profissional, mais a mais, no meu campo favorito. Pedreña foi sempre um lugar especial para mim" disse a jogadora de Navarra, que, como prémio, irá jogar o Andalucía Costa del Sol Open de España, de 24 a 27 de novembro, no Alferini Golf, perto de Marbella. É um torneio do Ladies European Tour, a primeira divisão europeia, com 650 mil euros em prémios monetários.