Campeão olímpico diz que não quer "levar o assunto para problemas pessoais"
O português Pedro Pichardo, que esta quinta-feira se sagrou campeão olímpico do triplo salto em Tóquio'2020, admitiu que não é "uma pessoa muito emotiva" e que o dia seguinte ao da conquista da medalha de ouro será "um dia normal".
"Não sou uma pessoa muito emotiva. Sou campeão olímpico, mas amanhã acordo e é um dia normal. Já estou a pensar em setembro ganhar a Liga Diamante. Não paro aqui, estou sempre a pensar em competir", explicou o triplista, que venceu o ouro com um salto de 17,98 metros, novo recorde nacional.
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O facto de o estádio não poder ter adeptos "até foi bom". "Vou para o quarto e festejo sozinho lá. Tenho muita vergonha, sou mais reservado", declarou, quando questionado na zona mista sobre a razão de não ter dado a típica volta olímpica.
Pichardo lembrou a avó, que já morreu, em quem pensa sempre que salta, e explicou que os momentos de prece que foi tendo entre saltos, da sua religião ioruba, são "rituais" antes e durante da competição, para pedir "força e que saia saudável".
Em Cuba, em que há quem o veja e ao pai como 'traidores', deixou "a família e a língua", porque agora faz "parte dos cinco portugueses campeões olímpicos", ao lado de Carlos Lopes (1984), Rosa Mota (1988), Fernanda Ribeiro (1996) e Nelson Évora (2008).
"Estou há quatro anos a trabalhar para dar medalhas a Portugal. Ouvir que um português não é feliz porque um estrangeiro chega ao país e se sente feliz por representá-lo... é complicado. Moro em Portugal, a minha filha nasceu lá, vou continuar e não vou voltar. Mesmo assim, há portugueses que não se sentem felizes que um atleta como eu more lá. É um bocado ingrato", admitiu.
De resto, está pronto para "cantar o hino hoje", na cerimónia de pódio, algo que sabe fazer já "há algum tempo". "O único problema é o sotaque", brincou.
Festejou, no estádio, com "todos os portugueses que lá estavam, eram fáceis de identificar pelo polo vermelho", e tem "sentido o calor, na Aldeia [Olímpica] e por mensagens", mesmo que alguns "continuem a falar por ser luso-cubano, daquelas confusões".
"Ainda hoje não posso voltar a Cuba. Há pessoas que não entendem isso", desabafou.
Sobre a 'eterna' polémica com Nelson Évora, campeão olímpico na disciplina em Pequim'2008 e que se despediu em Tóquio'2020 na qualificação, declarou que a confusão lhe trouxe ofensas e "faltas de respeito", além de insultos e mentiras, também pela "confusão do Sporting e do Benfica" que vem da altura em que chegou a Portugal.
"Não tenho falado mal do Nelson. Há pouco enviaram-me o 'link' sobre o Nelson falar do abraço. (...) Não falo mal do Nelson, não quero levar o assunto para problemas pessoais. Há anos que fala de mim e não respondo. Já ganhou tudo, porque não me deixa a mim fazer a minha carreira?", disparou.
Escolheu Portugal, disse, até quando tinha outras propostas, e lembrou o pai, colocado à parte em Cuba, razão pela qual saíram do país e não podem voltar, que deve estar feliz, mas também ele "para dentro".
Sobre as medalhas colocadas na sede do Comité Olímpico de Portugal (COP), o facto de o seu ouro ser também lá colocado "será um privilégio". "Entrar no centro de alto rendimento e ver a minha foto... será um privilégio", reforçou o atleta, que regressa já sexta-feira a Portugal.
Portugal superou os resultados alcançados em Los Angeles'1984 e Atenas'2004, edições em que subiu três vezes ao pódio, passando a totalizar 28 medalhas em Jogos Olímpicos (cinco de ouro, nove de prata e 14 de bronze), 12 das quais no atletismo, modalidade que proporcionou também os cinco títulos olímpicos.
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