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Miguel Correia tem em casa quem puxe por ele: «Costumo dizer que a minha mãe gosta mais disto do que nós»

Piloto de Braga lidera o Campeonato de Portugal

A mãe de Miguel Correia não será muito diferente de todas as outras, que querem o melhor para os filhos e que zelam pela sua segurança e saúde. Mas Isabel Pinto não é daquelas que pede ao filho para não ser desportista de uma modalidade de risco, piloto de ralis.

"Não perde um rali. Se o meu pai diz que não pode ir por questões profissionais, ela diz logo ‘não há problema, vou eu’. Ela chateia-me a cabeça se eu for devagar, diz-me ‘porque é não andaste mais, isso não anda mais? Se anda tens de andar mais depressa’. Costumo dizer: ‘nós gostamos muito disto, mas ela gosta mais do que nós’", relata-nos o líder do Campeonato de Portugal durante uma visita à redação de Record, que fez na companhia do seu co-piloto Jorge Carvalho e do assessor Pedro Batalha.

A temporada de ralis já está marcada pela morte do irlandês Craig Breen, que aconteceu durante um acidente enquanto preparava o Rali da Croácia, quarta prova do Mundial de ralis. Em Portugal, competia no Nacional pela Hyundai Portugal.

"Já sofri dois ou três acidentes que, visto por fotos ou vídeos são um pouco assustadores, mas felizmente saímos sempre ilesos", refere Miguel Correia quando questionado se já passou por situações complicadas, sendo taxativo ao garantir que não pensa em acidentes quando entra dentro do carro.

"Se fossemos para dentro do carro com algum tipo de receio não estaríamos lá a fazer nada. Não vamos conseguir ser rápidos e depois não vale a pena estarmos lá. Corríamos outros riscos se tivéssemos receio", confessa o piloto de Braga, de 31 anos.

Orçamento de 250/300 mil euros para ser campeão

A dupla Miguel Correia/Jorge Carvalho, em Skoda Fabia Rally2 Evo e assistida pela ARC Sport, lidera o Campeonato de Ralis com quatro provas disputadas, dispondo de 20 pontos de vantagem para Ricardo Teodósio/José Teixeira (Hyundai I20 Rally2) à entrada para o Rali de Castelo Branco, que se disputa no final do mês.

"Não estamos ainda em momento de gestão da vantagem O campeonato ainda vai a meio, portanto temos ainda de amealhar o máximo de pontos possíveis para consolidar esta liderança e esta vantagem", refere Miguel Correia.

Mas antes disso e já este fim de semana há o Rali de Lisboa, que é a prova da Taça de Portugal.

"É um rali praticamente novo, nunca participámos, vai ser a nossa estreia, e os objetivos são de tentarmos, além de começarmos a preparar a fase de asfalto que está prestes a iniciar-se do Campeonato de Portugal, que é o nosso foco principal este ano, ter uma palavra a dizer no que respeita à luta pela vitória".

E de quanto precisa a dupla Miguel Correia/Jorge Carvalho para realizar a temporada de ralis?

"Muito dinheiro. Entre 250 a 300 mil euros. Verbas que são provenientes de várias entidades que apoiam o automolismo, empresas privadas, públicas, grandes, outras nem tanto. Mas é uma modalidade que dá bastante retorno, ao contrário do que muitos pensam".

E o automobilismo é um desporto apoiado ao nível das instituições em Portugal?

"No sentido de apoiar jovens, digo que não. Não temos uma cultura do automobilismo em Portugal, como existe em outros países nórdicos e até em França. Há oleiros como no futebol, vão-se buscar miúdos aos kartes para serem apoiados por marcas e entidades", sublinha Miguel Correia. "Até temos alguns jovens valores, mas ou vão para fora e têm a sorte de conseguirem alguma coisa, ou se ficam por Portugal não conseguem nada".

E tem Miguel Correia o sonho de participar nem que seja só uma vez no Dakar?

"Confesso que é uma aspiração que ainda não está ao meu alcance. O meu foco é ser campeão nacional de ralis e penso que enquanto não concretizar esse objetivo/sonho não consigo traçar outras metas no automobilismo", confessa.


Co-piloto: o cérebro

Miguel Correia e Jorge Carvalho são parceiros há um ano e praticamente vizinhos. É que o navegador é da Trofa.

Para quem não possa estar muito familiarizado com o desporto automóvel, Jorge Carvalho explica qual é o papel do co-piloto e perguntámos-lhe ainda se é uma função ingrata.

"Não penso que seja [ingrata], caso contrário não estaríamos nesta função. A função do co-piloto no fundo é recolher as notas de andamento que usamos e fazemos no reconhecimento do piloto, que escrevemos no caderno, e para as dizermos durante as especiais. Depois há um outro leque de coisas à volta disto, que passa por exemplo gerir as emoções, controlar as horas..."

Será o co-piloto então o porto seguro da equipa? "Sim, acaba por ser isso. Há navegadores que conseguem fazer melhor esse papel do que outros, depende também do piloto. Muita gente considera que dentro do carro há um cérebro, que é o co-piloto, e há uma pessoa ao lado que é o piloto que executa aquilo que vamos dizendo".

Jorge Carvalho recusa a ideia de a função do navegador nem sempre ser reconhecida.

"É complicado de analisar. Se levarmos isso para o mundo do futebol, diríamos que as vedetas no futebol são os avançados e quem safa muitas vezes as equipas são os desfesas, guarda-redes, é o meio-campo…nos ralis passa-se um pouco o mesmo. Diz-se que o navegador é muitas vezes esquecido, mas temos que nos lembrar que há outras pessoas além das que vão dentro do carro. Há os mecânicos, engenheiros, pessoal da logística… no fundo o piloto é que é a vedeta, o avançado deste conjunto, mas há uma grande equipa a acompanhar. O piloto sozinho não consegue nada".

E será que o co-piloto já falhou uma nota e o carro em vez de fazer a curva foi em frente? "Felizmente até ao momento não aconteceu nada do género e espero que nunca venha a suceder… mas pode acontecer a qualquer um, que tenha muita ou pouca experiência, não se pode prever, errar é humano".

















Por Ana Paula Marques
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