O surfista Carlos Burle relatou, em entrevista ao portal 'UOL', como foi passar por um dos maiores sustos da vida no mar da Nazaré. Na passada quarta-feira, o brasileiro foi 'engolido' por uma onda gigante e, depois de largos segundos debaixo do mar sem conseguir respirar, foi resgatado numa operação complexa, onde as equipas chegaram mesmo a ter de recuar fruto da violência da corrente.

"Foi o meu pior 'caldo', de certeza. Nunca senti tanta vontade de respirar. Perdes muito oxigénio. O corpo aciona [o botão de] emergência, ficas em modo sobrevivência. Mas consegui responder a tudo. Quando o Lucas [da equipa de resgate] me perguntou como estava, respondi 'estou mal, leva-me até à praia'", começou por lembrar Burle, de 58 anos.

O brasileiro, já muito experiente no mar, foi assistido pelas equipas de emergência e submetido, mais tarde, a exames no hospital que confirmaram que estava bem: "Fui muito até ao fundo [do mar]. A pressão da profundidade nos pulmões, juntamente com o colete e todas aquelas roupas de borracha, dificultou muito a minha respiração. Quando subi, nem tive tempo para recuperar. Levei logo com outra onda. Lembro-me de tudo, mas houve momentos [durante o resgate] em que, pela falta de energia, não consegui acompanhar. Nunca senti tanta vontade de respirar. Depois de me tirarem o colete na praia, parecia que tinha nascido novamente. O meu pulmão estava tão apertado que queria respirar e não conseguia. É uma sensação muito má", relatou ainda.

Ainda assim, Burle garante que não pretende parar por aqui: "O meu sonho é este. Ver a nova geração a fazer surf, poder passar essa experiência... Hoje são eles que cuidam de mim. Faria tudo de novo. Até saí de lá com saudade...".