O 1.º Obidos Ladies Open ficou sem jogadoras portuguesas depois da segunda jornada do quadro principal, disputada na quarta-feira, em encontros ainda referentes à primeira ronda de singulares.
Depois de Sara Lança na terça-feira, duas outras tenistas portuguesas, igualmente convidadas pela organização e pela Federação Portuguesa de Ténis, atuaram no dia seguinte e perderam.
Ana Filipa Santos (680.ª no ranking da ITF) foi eliminada pela francesa Lou Adler (606.ª no ranking mundial WTA e 120.ª ITF), vinda da fase de qualificação, pelos parciais de 6-4 e 6-2.
Inês Teixeira (1230.ª ITF) foi afastada por outra jogadora que passou pela qualificação, a cambojana Andrea Ka (389.ª ITF) por 6-3 e 6-3.
Não são resultados surpreendentes por duas razões primordiais, para além da superior classificação nos rankings das adversárias.
Em primeiro lugar, ter superado o "qualifying" foi uma vantagem para as jogadoras estrangeiras.
A academia de ténis do Bom Sucesso Resort é equipada de campos de relva sintética, um piso muito específico, que exige habituação e as duas rondas da qualificação são uma rodagem preciosa, mesmo se Ana Filipa Santos recusa desculpas.
«O piso, para mim, já é algo mais familiar, porque conseguimos arranjar maneira de adaptarmo-nos melhor e de melhorarmos também o meu jogo nestas semanas, de modo a safar-me melhor nos pisos mais rápidos», disse a jogadora de Santiago do Cacém.
Em segundo lugar, a opção destes torneios oferecerem (cada um) 25 mil dólares em prémios monetários (pouco mais de 23 mil euros) tem a consequência positiva de atrair jogadoras melhor cotadas. Ainda há um ano tivemos em Óbidos atletas como Urszula Radwanska, Arina Rodionova e Katie Boulter.
Mas, por outro lado, tornam-se competições muito mais complicadas para as jogadoras portuguesas, cuja fase de desenvolvimento tenístico está mais adequada aos torneios de 15 mil dólares do novo World Tennis Tour da Federação Internacional de Ténis.
A jornada de hoje teve a curiosidade de ter colocado em confronto duas jogadoras com um percurso diferente, uma vez que tanto Ana Filipa Santos como Lou Adler só puderam investir numa carreira de ténis muito mais tarde do que é habitual, por terem feito questão de completar primeiro um trajeto académico de vulto.
A portuguesa tem 23 anos e é estudante de Engenharia de Micro e Nanotecnologias na FCT NOVA. Como pode calcular-se, não é propriamente um passeio no parque (como dizem os ingleses) e o tempo livre para o ténis era escasso.
Mesmo assim, conseguiu alguns resultados interessantes, como os quartos de final do torneio de 15 mil dólares em Santarém, em setembro, e mais algumas presenças em oitavos de final de torneios internacionais.
O suficiente para captar a atenção e ser chamada pela selecionadora nacional, Neuza Silva, para estrear-se este ano na equipa de Portugal na Fed Cup. «Foi incrível, a melhor sensação de sempre. Uma adrenalina misturada com nervosismo» disse-nos.
A convocação para a seleção nacional veio em boa hora, não só como fator de motivação, mas, sobretudo, porque coincidiu com a maior disponibilidade da "tenista-cientista" para apostar numa carreira desportiva.
«Neste momento, a minha mente está totalmente focada no ténis. No entanto, ainda tenho a tese para acabar. Fiz todo o curso com notas razoáveis, nunca chumbei a uma cadeira e finalmente, vou acabá-lo!», contou-nos, compreensivelmente orgulhosa.
A sua adversária desta primeira ronda já deu esse passo de colocar um ponto final no percurso académico.
«Fiz um caminho atípico, porque tenho 22 anos e só há pouco mais de um ano compito no circuito internacional», contou, em dezembro, Lou Adler a um blog francês (jeusetetmatch).
«Aos 18 anos concluí os estudos secundários e decidi partir para uma universidade norte-americana. Joguei lá dois anos enquanto estudava simultaneamente Comunicação. Mas o sistema americano não me convinha e regressei a França para concluir a licenciatura numa escola de comércio em Paris. Agora que esta etapa importante está superada, lancei-me no circuito internacional a tempo inteiro no ano passado (2017)», acrescentou.
Dentro do campo, as duas craques universitárias mostraram que poderão vir a ser boas tenistas profissionais e mesmo tendo perdido, Ana Filipa Santos sentiu-se bem e retirou aspetos positivos, como contou em exclusivo ao Record Online:
«Fiz o meu melhor encontro deste ano. Fui bastante consistente ao longo de todo o encontro, até a nível mental, e tenho muito orgulho em dizer isto, porque é sempre algo que tento melhorar todos os dias. Ela esteve muito sólida durante todo o encontro. O primeiro set reduziu-se a pequenos pormenores e a um ou dois pontos no final que caíram para o lado dela. O início do segundo set também reduziu-se a pequenos pontos de jogo (detalhes). A 3-1 e 4-1 ela serviu muito bem e pôs uma mudança acima. Eu lutei até ao fim e ainda reduzi para 4-2, tive pontos para 4-3 mas não foi possível, fica para a próxima».
E a próxima será já para a semana, no 2.º Obidos Ladies Open.
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