Vasco Vilaça acredita que parte do seu trabalho é ajudar o triatlo português a crescer, após um ano em que voltou a ser batido o recorde de federados na modalidade, mas admite dificuldades em dar conselhos aos jovens.
"Sinto que, sem dúvida, os Jogos Olímpicos ajudaram muito a dar aqui um boost no triatlo em Portugal. O triatlo em Portugal já está a crescer muito, mas existe ali uma vertente grande do Ironman e dessas provas longas, e conseguimos trazer essa atenção também de volta ao triatlo olímpico", reconheceu Vilaça, em entrevista à agência Lusa.
O seu quinto lugar e o sexto de Ricardo Batista na prova masculina e o quinto de ambos com Maria Tomé e Melanie Santos na estafeta mista em Paris'2024 tornaram o triatlo numa das modalidades estrela da Missão portuguesa aos Jogos Olímpicos, com o efeito desse sucesso a prolongar-se no tempo: depois de, em 2024, ter sido batido o número de federados, com 3.875, este ano o recorde foi novamente superado, com 4.269.
"Como atleta profissional, diria que parte do meu trabalho é exatamente ajudar o triatlo em Portugal a crescer, principalmente, de certa forma, ajudar a nossa cultura portuguesa a ser uma cultura mais saudável, com mais desporto, mais atividade física", notou o jovem que completa 26 anos em 21 de dezembro.
Vilaça espera que o número de inscritos na Federação de Triatlo de Portugal continue a aumentar graças aos bons resultados dos triatletas nacionais, que têm na sua amizade um dos segredos para os êxitos recentes na modalidade.
"Acho que quando, enquanto país, estamos a lutar uns com os outros, não conseguimos lutar com os outros lá fora", defendeu, considerando que esta geração tem tido sucesso por competirem juntos "desde pequeninos".
O triatleta da Amadora cruzou-se com Ricardo Batista e Miguel Tiago Silva com "oito, nove anos" e os três começaram a viajar juntos como juniores para os Campeonatos da Europa e do Mundo.
"Temos muitas aventuras juntos que nos trazem mais perto e por causa disso temos um carinho especial um pelos outros, que nos dá espaço exatamente para não sermos atletas que tentamos rivalizar [para saber] 'qual é que é o melhor português'", destaca.
Segundo Vilaça, a preocupação dos três é garantir que Portugal fica "o mais à frente", confessando que se ajudam uns aos outros a melhorar e a acreditar que "é possível".
Terceiro classificado nesta edição do Mundial de triatlo - disputado por etapas - e segundo em 2020, num formato de Campeonato do Mundo de apenas um dia de competição devido à pandemia de covid-19, o diplomado olímpico é procurado pelos mais jovens para dar conselhos.
"Mas é uma pergunta que eu tenho alguma dificuldade a responder. Porque, muitas vezes, as pessoas estão à espera de um segredo, estão à espera de um atalho e isso não existe na realidade", afirmou.
Vilaça admite que é "difícil dizer a uma criança que a única forma de chegar lá é trabalhar muito e que é uma vida árdua", embora seja essa a realidade. Contudo, acredita que encontrando "um bom grupo de trabalho" será mais fácil ganhar gosto pelo desporto.
"Para um dia, quando realmente for uma profissão - e nem todos os dias se fazem por gosto -, haver ali uma base de amor ao desporto", concluiu.