Painel: Vitória de Setúbal -- um regresso para ficar?

Alberto Antunes, governador civil de Setúbal

O distrito de Setúbal necessitava de um clube na I Liga. Não só pela enorme carga tradicional, como também porque o Vitória é, efectivamente, um dos grandes do futebol português. É importante não só para o desenvolvimento do concelho, mas também para a cidade de Setúbal, da qual o Vitória é o grande embaixador. Estou sensibilizado, e, dentro das possibilidades que me são conferidas, vou ajudar este grande clube português.

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Jorge Goes, presidente do V. Setúbal

Foi um ano de grandes interrogações e de sofrimento. Era imprescindível o Vitória de Setúbal subir à I Liga por diversos factores: o económico, o social e o desportivo. Sem atingir a I Liga, todos estes projectos poderiam não realizar-se. Mas, mais grave ainda, ficaria em causa o projecto principal, denominado “Vitória séc. XXI”, que consiste na demolição do Estádio do Bonfim em 2004 e a mudança do Vitória para o Complexo Desportivo Municipal, a edificar no Vale da Rosa, a 3 km de Setúbal, pela Câmara Municipal. Doravante vamos tentar estabilizar o clube, projectando-o de uma maneira mais sólida e convincente para a cidade. Está provado que quando o Vitória não está bem a população e a cidade também não andam bem. Vamos evitar, por isso, o sobe e desce.

Luís Filipe Gomes, empresário, presidente da empresa

patrocinadora do futebol jovem do V. Setúbal

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Nos últimos anos o Vitória tem andado no “sobe e desce”. Ora, o Vitória é um clube histórico, com um passado brilhante desde os anos 20 e, nesta altura, o clube tem de fazer um exame de consciência e tomar opções: ou se mantém firme na I Liga ou, para viver nesta inconstância, nem vale a pena subir.

O Vitória tem de ter uma formação tendo em vista o futuro, como se faz em França, com os centros de formação. Com uma gestão global e profissional, pode gerar-se mais-valias com jogadores feitos no clube, aproveitando a habilidade natural dos portugueses para o futebol, ainda para mais no distrito de onde tradicionalmente têm saído grandes talentos. Repare-se que a venda de um só jogador pode suprir todo o défice de uma época. Penso que, neste momento, o Vitória está no bom caminho. E há condições para o clube fixar-se na I Liga, porque, tendo uma equipa competitiva, os setubalenses aderem. Nos últimos tempos, a cidade quase ficava vazia, com tantas pessoas que seguiram os jogos decisivos da equipa.

Mata Cáceres, presidente da Câmara Municipal de Setúbal

e da AG do V. Setúbal

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Cheguei a ter uma quebra de esperança. Não tenho dúvidas em afirmar que o concelho de Setúbal sem o Vitória morre um pouco. Tenho autoridade para referir o quanto a Câmara Municipal e eu próprio temos envidado esforços para tentar solidificar este clube. Em relação ao projecto séc. XX I, a construção do novo estádio vai ser um facto concreto, estando prevista a sua inauguração em 2004. De outra maneira, o Vitória não tem viabilidade. As novas instalações e a permanência do Vitória na I Liga permitirão a este clube ser auto-suficiente. Foi uma festa muita bonita ver o Vitória voltar ao clube dos grandes. Com orgulho e sem modéstia, senti-me também um pouco responsável.

Paulo Sérgio, jornalista da Sport TV

Concretizada a subida à I Liga, os responsáveis pelo Vitória de Setúbal têm pela frente um desafio ainda mais importante e que é o acabar, de uma vez por todas, com o sobe e desce que tem caracterizado as dez últimas épocas do clube. Do ponto de vista desportivo, parece-me que a diferença entre a I e a II liga não é significativa. Já do ponto de vista económico as coisas são manifestamente diferentes. Os dinheiros da televisão e da publicidade estática rendem a um clube da dimensão dos sadinos cerca de 250 a 300 mil contos, o que pode representar cerca de metade do orçamento. Há ainda os dinheiros da Câmara Municipal que é um dos accionistas de referência da SAD, e que nem pode ser de outra forma. O tecido económico de Setúbal é constituído por pequenas e médias empresas, sem grande capacidade para financiar o clube, ou por grandes empresas que em Setúbal apenas têm as unidades industriais. Empresas que têm vivido, em permanência, de costas voltadas para o clube e mesmo para a cidade. O futuro do Vitória de Setúbal, sem ser fácil, também não me parece ser demasiado complicado, assim a actual Direcção continue a gerir o clube sem entrar em loucuras, assim o município continue a ajudar, assim algumas empresas que estão em Setúbal se decidam a apoiar, finalmente, o futebol profissional. Quanto aos sócios, basta apenas recordar o que fizeram nos últimos três jogos do campeonato para se perceber que o Vitória de Setúbal é uma marca que tem mercado. Quantos clubes se podem orgulhar em terem dois mil e quinhentos adeptos em Espinho, quatro mil em Leça ou vinte cinco mil no jogo de domingo frente à Naval?

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