Carlos Ribeiro
Lembro-me do André ainda antes de ser o “André André” para o futebol. Era ainda um miúdo (tal como eu), sempre com uma bola nos pés, com quem me habituei a cruzar nas Caxinas. No tempo em que a praia era também sinónimo de ponto de encontro com jogadores tarimbados ou outros que, mais tarde, se projetariam no futebol nacional.
Quanto ao André, anos mais tarde voltei a cruzar-me com ele quando se tornou reforço do Vitória, numa entrevista que concedeu, juntamente com o pai, à Rádio Fundação, com a qual colaborava. Com o André, ganhámos uma Taça. Mas, acima de tudo, ganhámos um símbolo. Dentro de campo, era entrega, intensidade e verdade.
Já como diretor de comunicação, testemunhei o seu regresso ao Vitória e, juntamente com a fantástica equipa com quem trabalhava, lembro-me de termos preparado o vídeo que dava conta da boa nova. Continuou a ser o que sempre foi: às vezes explosivo, sempre autêntico. Um líder e um capitão, de corpo inteiro.
Acredito que a sua saída merecia outra dignidade. O mundo do futebol não se rege pelo “deve e haver” nas relações, mas há atletas a quem se deve mais do que uma SMS ou um comunicado. E acredito que os vitorianos sempre sentiram que essa despedida merecia ter sido diferente.
Aos 35 anos, André André pendura as botas, mas não a história. O Vitória será sempre mais Vitória por o ter tido — e o André, mais realizado enquanto jogador, por aqui ter vivido uma parte tão bonita da sua carreira.
Os vitorianos saberão, para sempre, agradecer-lhe.