As linhas que está a ler são as últimas que escrevo no
Record. Gostaria que fossem arrebatadoras e inspiradas, mas receio que não consiga contrariar o meu estilo e até a minha própria natureza. Passaram mais de 16 anos desde que cheguei ao jornal, 15 deles com a responsabilidade de pertencer à direção, durante uma década como número dois do Alexandre Pais e nos últimos cinco anos como diretor. Foi uma honra vestir a camisola do Record, maior ainda com essa responsabilidade acrescida sobre os ombros. Foi um privilégio fazer parte de uma equipa que ao longo deste tempo se remodelou e renovou. Aqui conheci grandes profissionais, aqui fiz amigos para a vida, aqui sofri, sorri e aprendi. Durante estes anos, os jornais transformaram-se e o jornalismo também seguiu novos e diferentes caminhos – melhores ou piores, não é reflexão para ser feita nestas curtas linhas. Estas servem apenas para me despedir formalmente dos leitores que tiveram a paciência de me ler e para expressar a minha mais profunda gratidão ao Record e a todos aqueles que me acompanharam neste trajeto. Nesta hora, desejo as maiores felicidades ao Bernardo Ribeiro, que me sucede neste cargo. Sei, tão bem ou melhor do que ninguém, que a imprensa vive um ciclo difícil e que trava diariamente uma batalha pela credibilidade que é simultaneamente a da sua própria sobrevivência. Sem o reconhecimento dos leitores será sempre um combate perdido, pelo que nestas linhas de despedida sublinho a constatação: sem leitores não há jornais, sem imprensa livre não há democracia. Vou abraçar outro projeto mas serei sempre, mais do que um homem do
Record, um homem dos jornais. Obrigado e até sempre.