Começou por ser visto com desconfiança. As primeiras derrotas com Jorge Jesus levaram os níveis de confiança dos benfiquistas a valores baixos como há muito não eram vistos. Alguns chegaram a pedir-lhe a cabeça. Dentro e fora do clube, diga-se. Luís Filipe Vieira soube esperar. Já o tinha feito com JJ e repetiu com Rui Vitória. O prémio chegou: o título desejado.
Ter um presidente que acredita no que está a ser feito e que tudo faz para dar as melhores condições possíveis a um treinador ajuda muito. Neste momento penso que os três grandes se encontram todos nessa circunstância. Ainda com valores de investimento diferentes, mas hoje já muito mais próximos. Vitória tem sabido aproveitar a aposta de Vieira para transformar o que lhe é dado em triunfos. Uma Liga dos Campeões positiva, a presença na final da Taça de Portugal, a liderança do campeonato e como escorregadela a eliminação na final four da Taça da Liga com o Moreirense. Um trabalho que visto de que prisma for me parece muito bom. Renove-se pois.
Há quem discuta o processo. Entendo. O Benfica de Vitória não foi muitas vezes a máquina avassaladora que se conheceu com Jesus. Reconheço. Mas não há mal em ganhar de outra forma. O técnico que agora renovou vê o futebol de outra forma. Claramente mais equilibrada do que a do antecessor, acredito que nunca tão espectacular. Está errado? Não sou especialista o suficiente para dizê-lo. Sei que na vida há mais do que uma forma de fazer as coisas. Uma pessoa que me influenciou muito disse-me imensas vezes que "entre a espada e a parede, sempre a espada". António Costa provou ao país que a austeridade cega não é a única via. É o que Vitória faz no Benfica.
Uma pessoa que me é muito querida perdeu ontem o pai. A dor coloca tanta coisa em perspectiva.