O Presidente russo da SAD do União de Leiria foi preso sob suspeita de usar a sociedade para lavagem de dinheiro.
Com todas as reservas inerentes à presunção de inocência, este é mais um triste episódio a juntar a outros e que envolvem sistematicamente ilícitos criminais ligados às SAD. Ele é administradores de SAD acusados de crimes, ele é acionistas ligados ao submundo das apostas ilegais, ele é SAD´s crónicas devedoras de outras, todo um cortejo de misérias que se vai descobrindo e que, em última análise, prejudicam – e de que maneira! – o futebol português.
Não é sustentável que, por um lado se aposte no fair play financeiro e no uso de dispositivos tecnológicos para salvaguarda da verdade desportiva, como meio de dignificar as competições e depois, se tolere esta opacidade a nível de quem é o verdadeiro dono das SAD e donde provem o dinheiro, bem como o aventureirismo e impreparação de muitos dos seus administradores.
É urgente por cobro a esta situação, sob pena de, amanhã, todo o negócio estar sob suspeita, com investidores a ir para outro lado e os espetadores e assinantes a debandar.
No meu entender, há uma solução muito simples, qual é a de estabelecer um regime de supervisão para as SAD, à semelhança do que acontece em tantos outros setores, e que se traduziria no seguinte: só poderia adquirir uma participação qualificada numa SAD, quando fizesse prova de quem era efetivamente o último beneficiário desse investimento e da transparência dos fundos; só poderia ser administrador da SAD, quem passasse a prova de idoneidade para o cargo.
Na ausência destas ou doutras medidas regulatórias, o futebol fica à mercê de interesses obscuros, que se aproveitam da debilidade dos clubes, dos apertos financeiros, da ganância ou candura de dirigentes desportivos.
Contra mim falo até, porque o meu clube tem como acionista de referência, com quase 30%, alguém a quem a justiça anda a apreender preventivamente património, por suspeita de envolvimento em atividades financeiras ilegais.
Eu sei que é relevante discutir as preferências clubísticas do Bruno Paixão ou as distrações do Artur Soares Dias, mas, acreditem, isto é muito mais importante.
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