O futebol português está cheio destes episódios. Normalmente são pessoas com ligação às localidades, que pegam num clube que vegeta nos escalões secundários, disponibilizam recursos e tempo, promovem o clube e, claro, promovem-se a si mesmos.
Como resultado, esse clube vai avançando e aparece na ribalta, para grande gáudio das populações dessas localidades, que nunca sonharam que tal acontecesse. São histórias bonitas, na forma, mas normalmente com desfechos trágicos. Por duas razões.
Em primeiro lugar esses mecenas capturam os clubes e agem como se fossem seus donos, põem e dispõem, contratam e despedem jogadores e treinadores a seu bel prazer; ou seja o clube apaga-se enquanto tal, perde as suas características próprias e passa a ser apenas a imagem e glorificação do seu dirigente.
Toda a noção de associativismo desaparece e é substituída pela proeminência obsessiva do líder que o sustenta e como tal acha que tem legitimidade para tomar as atitudes que bem entende.
Há casos até, em que essa captura assume contornos dinásticos e os lugares de topo são preenchidos por familiares, ao melhor estilo norte-coreano.
Em segundo lugar, porque esses projetos não têm sustentabilidade económica e social e esgotado o dinheiro ou correndo mal a vertente desportiva, são abandonados rapidamente por quem os inventou e acabam numa vertiginosa queda aos abismos.
Foi assim na Figueira da Foz, em Leiria, em Faro, em Aveiro, na Amadora, só para falar nos casos mais conhecidos, em diferentes momentos históricos, claro está.
Uma honrosa exceção em Campo Maior; quando a família Nabeiro constatando o sorvedouro de dinheiro que era o futebol profissional, acabou lucidamente com ele, por o clube não ter dimensão, nem estruturas, para essa aventura.
Pelo que tem sido dado a conhecer, e não só por causa do triste episódio do túnel de Alvalade, em Arouca, vendo o tipo de gente que tomou conta do clube, estão reunidas as condições para que tudo (mais uma vez) corra mal.
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