À hora a que escrevo não faço ideia de qual será o resultado do Chelsea-Manchester United de logo, mas, seja ele qual for, sei que Mourinho não pôde contar com o seu melhor marcador, Ibrahimovic. E é a propósito deste sueco e da sua relação com o português que conto uma história deliciosa que - felizmente! - pude seguir de perto.
31 de maio de 2009. San Siro. Última jornada do campeonato, com o Inter já campeão. O adversário era a Sampdoria, que tudo fez para estragar a festa aos interistas. A marcha do marcador foi assim: 1-0, 1-1, 2-1, 2-2, 2-3, 3-3 e acabaria 4-3 para os donos da casa. Mas a história começou antes.
Ibra estava empatado na lista dos melhores marcadores com Marco di Vaio, do Bologna, e Diego Milito, então no Génova. Torná-lo capocanonnieri era, portanto, objectivo da equipa. Mas Ibra não marcava e as notícias que chegavam dos outros campos não eram animadoras.
Em determinado momento, um jogador do Inter parte em contra-ataque, tem apenas um defesa e o guarda-redes pela frente, pode marcar mas... tem Ibra completamente isolado a seu lado. O sueco pede-lhe insistentemente a bola, precisava do golo, mas o companheiro só tem olhos na baliza e não lha dá.
Ibra fica irritadíssimo e reage pedindo para ser substituído. Olha para Mourinho e aponta para o joelho. Faz sinal para ser rendido. Mou, percebendo que a lesão era 'fantasma', faz-se desentendido, chega junto da linha lateral e pergunta-lhe: "Água, queres água?" O sueco insiste, apontando para o joelho; Mou volta a oferecer-lhe água, já com uma garrafa na mão. Ibra fica em campo, contrariado mas fica. E aos 81 minutos faz golo. O do triunfo da sua equipa e do seu próprio. Tinha marcado 25 golos, contra os 24 dos seus perseguidores. Era rei dos goleadores graças a um treinador que não descura o mínimo pormenor